Capítulo 89

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Skyler

O meu corpo estava dolorido quando acordei pela manhã, parecia que tinha enfrentado uma batalha de dias. Mas era só o peso na consciência, as lembranças daquela noite que ainda me corroía.

Encaro o celular descartável, pensativa sobre os meus futuros planos. Era a primeira vez que me comunicava com Lara, uma loba que ajudei a escapar de um sequestro que seu ex marido havia lhes feito por não aceitar o término do casamento, o que tratei com o rigor da lei e com o auxílio de um sacerdote para romper com a união, definitivamente. E desde então, ela se dizia em dívida comigo. Para Lara, não foi difícil aceitar a proposta de se infiltrar no Norte.

Quando o celular tocou ao amanhecer, não imaginei o quão rápido as boas notícias viriam, qual foi a minha surpresa em saber que ela não só estava dentro da mansão como também era o braço direito do William e informante da Megan.

É, o dia amanheceu surpreendente com essa notícia. Minha irmã está adquirindo poder sem ser notada por Olaf, o que ela pretendia espionando a casa era algo que não fazia ideia, mas sinto que devo ficar atenta a qualquer informação que Lara possa trazer.

Megan

Um vento congelante soprou sobre a minha face, trazendo consigo uma folha seca que grudou em minha bochecha. A princípio, assim que meus olhos se abrem pela manhã, eu me encontro congelada em meio a neve. Os meus dedos estavam roxos e rígidos e os flocos faziam montinhos na minha mão.

Tento não entrar em pânico quando percebo que meu corpo nem ao menos reage ao comando de me transformar. Sabia que era questão de tempo até meu corpo esquentar o suficiente para voltar a me mexer, mas eu e o  tempo nunca tivemos uma boa relação.

As lembranças que Mark me fez reviver deveria tomar o meu sistema, mas a dolorosa situação em que me encontrava era a distração que precisava para que a ansiedade não me corroesse em uma crise.

Mark, seu desgraçado, se você já não estivesse morto, eu o mataria com minha próprias mãos. Digo em pensamento

Como resposta, uma lufada de ar quente varreu o meu rosto levando embora a folha seca em meu rosto.

Skyler

Após o café da manhã reforçado ordenado por Kal, eu desço para encontrar a casa vazia e quase silenciosa. Uma empregada espanava uma estátua romana quando meus pés tocaram o piso.

— Bom dia. — digo ganhando a sua atenção.

— Senhora Black. — ela se curva com reverência. Esse simples gesto me faz parar subitamente. Ser reverenciada no norte era um ato comum devido ao meu grau de importância na alcateia, mas no Sul, não é algo que eu tenha criado expectativas de que algum dia teria.

— O senhor Black mandou avisar que seus homens estão apostos para lhe acompanhar em sua saída. — ela diz um pouco tensa.

Kalel sabia onde eu iria e não conseguiu esconder a preocupação em seu rosto essa manhã. ele insistiu em estar ao meu lado, mas eu não poderia fazê-lo desmarcar uma reunião importante com seu irmão e soldados. Além do mais, esse é um momento que quero passar sozinha.

— Obrigada Mili, e por favor, me chame por Skyler. — ser chamada de modo formal o tempo todo é algo que nunca vou me acostumar, não importa quantos centenas de anos eu viva.

A empregada me olha espantada. Obviamente ela não esperava que eu soubesse o seu nome.

Desde o dia em que coloquei os pés no Sul, um dos meus principais objetivos era saber o nome de cada pessoa que trabalhava para a família, cada soldado e guardas que os serviam. Eu sempre tive essa relação mais estreita com pessoas próximas a mim, independente de quem fosse. Queria que elas sentissem que não eram esquecidas, não por mim.

Alfas em GuerraWhere stories live. Discover now