Capítulo 96

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Kalel

Eu estava furioso.

Eu queria sangue escorrendo em minhas mãos e só conseguia pensar em uma pessoa para ser a deliciosa vítima das minhas garras.

— Kalel, por favor não faça uma besteira, ele é meu companheiro, que droga! — Anna grita atrás de mim. Eu poderia ouvir as suas tentativas inúteis de alcançar os meus passos apressados em direção ao campo de treinamento. Eu imaginava que os motivos pelo qual Marcos e minha irmã não tivessem assumido a parceria fossem gerados por algum tipo de discussão trivial de casal ou o receio dele não ser aceito em nossa família, mas não foi isso que ouvir da boca da Anna. O desgraçado teve a ousadia de negar o direito da Anna de reivindicá-lo como companheiro por puro medo do que os outros iriam pensar da relação, filho da puta!

— Você está exagerando, Kalel. Argh! Maldito dia em que fiz a promessa de nunca mentir para você, eu era uma criança idiota. — ela resmunga, mas decidi ignorar seus protestos no exato momento que vi o imbecil gritando ordens aos seus soldados. A adrenalina queimava em minhas veias a cada passo que eu me aproximava do chefe de segurança. Assim que os soldados perceberam a minha presença, automaticamente entraram em posição de sentido.

Sentindo a mudança no ar, Marcos virou para me encarar. Não dei tempo para que ele reagisse ao soco violento que desferi, e o seu rosto se projetou para trás.

— KALEL, PARE! — Anna grita e entra na minha frente, com o seu tamanho e força não ajudaria em nada, mas sua coragem era notória.

— É melhor você não se envolver irmã, esse assunto é entre mim e ele. — advertir afastando-a.

Se não fosse os seus anos de treinamento Marcos teria comido areia em vez de ter cambaleando como um bêbado. Quando ele recupera o equilíbrio, as suas mãos vão até à mandíbula deslocada, pondo-a no lugar com a naturalidade de quem fez esse gesto muitas vezes.

— Por que voc... — ignorando seus protestos agarro o seu colarinho fazendo-o encarar a raiva que emanava em minha feição.

— Acabei de descobrir que você foi um filho da puta com a minha irmã, qual a sua desculpa, para isso?

— Senhor Black, do que você está falando. — seu olhar corria de mim para Anna.

— Estou falando de você ter rejeitado a minha irmã, seu imbecil. — rosno segurando a vontade de esmagar a sua garganta. Marcos nega com a cabeça freneticamente assustado, totalmente diferente do homem sério e inabalável que finge ser.

— Eu não a rejeitei! — confessou. — Por que eu faria isso? — ele tenta sair do meu aperto, mas era inútil.

— Você o fez no momento em que se importou mais com sua imagem do que com os sentimentos da minha irmã! — digo entre dentes. Pelo seu olhar arregalado ele entendeu o verdadeiro motivo da minha ira. Ele fitou a minha irmã atrás de mim como se procurasse alguma resposta. Marcos abre a boca e a fecha, mas logo diz:

— Eu não me orgulho do que fiz, mas era a única forma que achei de que ninguém me julgasse estar onde estou por ser companheiro da filha do alfa, eu precisava conquistar esse cargo com meus méritos. — ele tentou se desvencilhar de mim e dessa vez o soltei antes de dizer:

— Esse foi o seu erro, Marcos, acreditou que minha família o favoreceria por ter uma ligação de alma com minha irmã, mas TODOS AQUI, SABEM... — grito a última frase para que todos ao nosso redor me ouçam. — ... QUE NUNCA PERMITIREMOS O NOSSO EXÉRCITO NO COMANDO DE NINGUÉM QUE SEJA NADA ALÉM DE MERECEDOR. — suspiro exasperado.

— Eu... — ele pigarrou tentando recuperar sua postura em frente aos seus homens. — ... Eu amo a Anna com todo o meu coração e não haverá um dia sequer em minha vida em que não lamentarei pelos meus atos. — diz olhando bem nos olhos da minha irmã. — Ela sabe sobre os meus sentimentos e eu mereço por cada dia de indiferença, por cada manhã tortuosa em que a vejo me observar e não posso tocá-la. Eu mereço. — ele caminha até minha irmã e cai de joelhos como um miserável arrependido. O seu ato pegou de surpresa tanto a mim quanto a todos ao nosso redor. Coço a minha nuca, me questionando se eu me pareço tão ridículo quanto o Marcos quando se trata da Skyler.

É claro que sim. — Caleb se intromete.

Cala a boca. — devolvo, muito ciente de que ele tinha razão.

Marcos começa a se declarar de maneira melosa para minha irmã, o que decido ignorar. Não adiantaria afastá-lo da Anna, isso a machucaria e o que me sobra é aceitar a ligação que eles têm. Desvio o meu olhar para um ponto distante e me surpreendo quando vejo Sky de braços cruzados nos observando.

A quanto tempo ela estava ali?

Os nossos olhos se encontram, os dela, serenos e calmos, aquilo era um bom sinal, significava que dormirei em minha cama hoje à noite.

Encontre-me na floresta. — ela diz mentalmente e desaparece entre as pessoas com um fantasma. Ela é boa nisso, penso.

Aparentemente ninguém percebeu sua presença, distraídos com a cena romântica à sua frente.

Vou me certificar de deixá-los consciente dos seus erros. Qualquer inimigo poderia ter usado essa distração a seu favor.

Bufo no exato momento em que minha irmã se declara para o filho da mãe. Ele deveria agradecer a Anna por sua vida, se não fosse por ela, já estaria servindo de almoço para os ursos.

Os dois se beijam e todos aplaudem. Era nojento vem a minha irmãzinha beijando na boca. Revirando os olhos e aproveito a deixa

para dispersar a todos.

— ÓTIMO, O ESPETÁCULO ACABOU AGORA VOLTEM AOS SEUS TREINAMENTOS. — assim que eles voltam aos seus postos, viro em direção ao casou e aponto o dedo em riste para Marcos.

— A nossa conversa não terminou, você ainda tem muito o que me dizer.

— Kalel, acredito que somos adultos o suficiente para lidar com nossa relação a partir de agora. — Anna interfere.

— Não querida, eu e seu irmão precisa ter essa conversa. — ele acena com a cabeça.

— Marque um jantar na casa de verão, irmã, temos um anúncio a dar.

Skyler

Paro em frente a uma nascente de um pequeno riacho. A água cristalina brotava de uma fenda entre duas pedras altas e robustas. Junto as mãos e coleto um pouco do líquido límpido e frio. O sabor era digno de provocar a inveja dos nortenhos. Tudo que a natureza sulista dispunha era fascinante, assim como o lobo que espreitava a floresta e que de alguma maneira pensa que não percebi sua presença.

Você é uma estraga prazer. — o grande lobo de pelagens negras, bufa como um filhote frustrado.

— Você deveria saber que é difícil esconder algo de mim, principalmente quando seu cheiro me persegue. — dou de ombro.

Kal se aproxima farejando o meu corpo.

Você cheira a ervas. — Ele constata. Eu aproveito o momento para alisar os pelos densos do seu pescoço.

Desde o momento em que nos conhecemos não tivemos tanta interação com nosso lado lupino como gostaria.

— É melhor se acostumar com isso, a ideia de cultivar e colher meu próprio chá vai ser minha nova rotina. — era verdade, Sulla me apresentou ervas especiais que fizeram milagres com as tensões em meu corpo e me sinto na obrigação de incluí-lo em minha rotina matinal.

Kalel inclina seu focinho para o lado.

— Eu gosto de tudo o que você faz, Sky, mesmo que isso a deixe com o coração estranhamente calmo. — ele fareja a minha barriga verificando o bebê. É claro que ela estava bem, até que o seu escudo cedeu para que ele a sentisse melhor.

As minhas mãos percorrem para baixo de suas orelhas, iniciando uma massagem que o faz relaxar instantaneamente.

— Ela está bem, nós estamos bem, foi preciso tomar uma quantidade um pouco maior de chá para ouvir o que Sulla tinha a visto em uma visão. — digo. Kalel se afasta com os pelos da nuca eriçados em alerta.

— Que visão? — perguntou, e eu pude sentir o seu medo pela resposta.

— Vamos ser atacados em... — Olho para o relógio em meu pulso. — ... exatamente, 5 minutos.

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Desculpem pela demora das postagens. Devido a problemas pessoais tive bloqueio na escrita.  :/

Bem, melhor tarde do que nunca.

Até a próxima... bjs.

Alfas em GuerraWhere stories live. Discover now