Capítulo 57

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   Após alguns minutos vasculhando os móveis empoeirados do quarto em que estávamos, achei algumas folhas de papel amareladas pelo tempo em que estavam guardadas e junto a elas havia um estojo simples de madeira polida que continha um humilde kit de pintura.

   A tinta escura dos pequenos frascos me seria bem útil se não estivessem vencidas, mas ao menos poderia usar o papel por mais velho que estivesse.

   Como não consegui encontrar nada para poder escrever, decidi buscar em outros cômodos.

   Abri a porta de corre do quarto da maneira mais silenciosa que fui capaz  e abri a gaveta do pequeno armário que ficava próximo ao quarto.

   Não havia nada de útil dentro, então a fechei e um som estridente suou da madeira.

   -Está tentando nós roubar? -Uma voz rasgada, porém feminina ecoou por detrais de mim.

   -Não! -Respondi em desespero ao me virar para a senhora que havia nos acolhido.

   -Não é o que está parecendo, meu jovem -Respondeu a idosa -Pegue o que quiser, não é como se pudesse lhe impedir...

   -Não estou roubando! -Afirmei um tanto envergonhado -Apenas preciso escrever uma carta urgente para uma pessoa e não queria acorda-los.

  -Creio que seria mais educado do que ficar mexendo nas coisas dos outros  dessa maneira -Retrucou a senhora ao sentar em uma cadeira de balaço que ficava no canto do corredor e acender uma espécie de fumo.

   -Perdoe-me por isso -Me curvei em um pedido de desculpas -Não pensei direito no que estava fazendo, estou atordoado de preocupação por uma amiga.

   -A garota perdida na floresta que o homem "peculiar" estava falando mais cedo? -Questionou a idosa e logo em seguida expeliu a fumaça de seus pulmões.

   -Exato -Respondi alarmado -Por esse motivo é tão urgente escrever essa carta.

   -Certo, vejo que você já encontrou o papel -Os olhos envelhecidos e severos da mulher se voltaram a folha que estava em minhas mãos.

   -Sim, peguei na gave... -Os olhos da senhora se arregalaram em surpresa antes da mesma me interromper.

   -Você não mexeu no estojo que tinha lá, certo? -Ela questionou com um forte odor de dor e preocupação.

   -Eu o abri já que o fecho dele estava quebrado, mas não usei as tintas que tinha nele -Respondi surpreso.

   -Onde ele está agora? -Questionou a senhora com certo desespero.

   -O deixei sob a cama, posso pegar ele se a senhora desejar -Sugeri.

   -Faça esse favor para a velha aqui, que vou buscar um pedaço de carvão para você -Disse a mulher pouco antes
de se levantar da cadeira e entra no que eu acredito que seja a cozinha.

   Fui buscar o que ela me pediu, mas sem compreender por qual motivo a senhora queria o estojo com tintas vencidas no meio da noite.

   O estojo estava no exato lugar onde o deixei, o peguei sem cerimônia e o levei para senhora que já estava bem acomodada em sua cadeira, com o carvão em uma mão e uma vela na outra.

   -Aqui está -Lhe entreguei o estojo e ela me entregou o carvão.

   -Escreva sua carta, que vou iluminar para você -Disse a senhora que ficou abraçada com o estojo.

   -Certo -Respondi vagamente e apoiei a folha sobre o assoalho de madeira.

   Estava um tanto difícil escrever, já que o piso estava repleto de fissuras devido a má conservação, mas no final de tudo consegui finaliza minha carta para a senhorita Tamayo.

   -Já acabei -Exclamei para a senhora que já estava sonolenta com o balanço suave da cadeira.

   -Então podemos voltar a dormi -Ela apagou a vela e se direcionou ao seu suposto quarto, ainda abraçada com o estojo.

   -Hum, senhora... -Fiquei pensativo já que ela não havia me dito seu nome até então.

   -Minam -Respondeu a senhora.

   -Certo, senhora Minam -Pronunciei com receio -Porquê esse estojo lhe é tão importante?

   -Bem -A senhora suspirou de forma melancólica -Ele pertencia a minha filha mais velha, ela nem sequer pode o usar antes de partir...

   -Sinto muito -Falei arrependido pela minha curiosidade.

   -Não se preocupe -A senhora riu e isso me deixou bastante confuso -Eu nunca tive uma filha.

   -Como? -Questionei confuso.

   -Isso era do meu filho mais novo e estava perdido pela casa a um longo tempo -Comentou a senhora -Apenas o queria para guarda num lugar melhor
já que me trás boas lembranças.

   -Certo... -Respondi ainda perplexo com o seu cruel senso de humor.

   -Agora volte pra cama e tente não ficar perambulando por aí -Disse a senhora antes de adentrar ao quarto.

   Entreguei a carta ao meu corvo e logo fui descansa no furton ao lado de minha irmã que já estava dormindo a um longo tempo.

A montanha Aisuru ~ Demon Slayer ~ TanjiroWhere stories live. Discover now