. Antigamente, era de conhecimento geral, que qualquer tolo que ousasse aventurar-se em uma passeio noturno na montanha Aisuru, seria condenado a desaparecer misteriosamente sob o véu da noite, até que no terceiro dia após o seu desaparecimento, o...
Fiquei mais alguns minutos deitado, refletindo sobre sonho que acabei de ter e quando finalmente tive coragem de me levantar, percebi que a minha nichirin estava escorada ao lado da caixa da Nezuko, mas não encontrei meu haori.
Logo deixei Nezuko dormindo no quarto e comecei a perambular pelo local em busca de Zenitsu e Inosuke.
-Por favor, não faça isso! -Os gritos vinham de um cômodo mais a frente, sem pensar duas vezes saquei minha nichirin e me aproximei da porta de forma cautelosa, até que bruscamente entrei cômodo em postura de ataque.
-Oque que você tá fazendo? -Zenitsu e Inosuke estavam sentados em uma mesa cheia de iguarias e me olhavam pasmos.
-Eu achei que... você... deixa pra lá -Coloquei minha nichirin na bainha novamente e me aproximei da mesa que eles estavam sentados -Por que estavam gritando?
-Estávamos tentando guarda comida para quando você acordasse, mas esse brutamontes ai quer comer tudo!-Ele apontou para Inosuke que devorava tudo que estava ao alcance de suas mãos.
-VOCÊ NÃO MANDA NO GRANDE INOSUKE! -Ele cruzou os braços.
-Mas vocênão precisava comer tudo que estava na mesa! -Retrucou Zenitsu.
-Não se preocupe, eu não estou com fome -Menti para dar fim a discussão.
-Então eu lavo minhas mãos -Ele deu de ombros.
-Mudando de assunto -Me sentei a mesa -Vocês sabem como chegamos aqui?
-Eu não sei dos detalhes, mas me lembro de ver ver Inosuke chutando uma planta estranha e eu acho que eu desmaiei, por que eu não me lembro de mais nada que tenha acontecido antes de eu simplesmente acordar num quarto aleatório com meu braço todo enfaixado -Ele ergueu o braço que estava repleto de ataduras -E quando eu finalmente tive coragem de sair daquele quarto, me deparei com Inosuke devorando tudo que tinha nessa mesa.
-Comigo não foi muito diferente... -Comentei -Eu peguei no sono quando fui carregado por Nezuko e acordei num quarto aleatório...
Inosuke? -Zenitsu o perguntou -Sabe como chegamos aqui?
Ele parou o que estava fazendo e disse ainda com a boca cheia -Uma garota estranha de cabelo roxo me carregou até aqui, me fez vestir essa roupa ridícula e disse que eu podia comer o que quissessse.
-Uma garota de cabelos roxos? -Ele consentiu -Acho que me lembro dela...
-Uma garota? -Zenitsu estava com a sua típica cara de idiota.
-Sim, acho que foi ela que nos trouxe até aqui e provavelmente cuidou de você -Apontei para o braço debilitado dele.
-Então ela salvou minha vida? -Ele fez uma cara ainda mais estranha.
-Hum... creio que sim... -Tenho que me lembrar de sempre mante-lo longe de minha irmã.
-Pra onde ela foi, Inosuke?- Zenitsu parecia estar nas nuvens -Tenho que agradecer a ela por ter me salvado...
Inosuke parou de comer e encarou Zenitsu- Sabe que foi ela que "quase arrancou seu braço", não é?
-Me diga que isso não é verdade, Tanjiro! -Zenitsu agarrou a gola do meu uniforme e me sacudiu em desespero -Diga que minha heroína não é o monstro que tentou arrancar o meu braço!
-Bom... -Segurei os braços dele para faze-lo parar -Parando para pensar, a garota de cabelo roxo tinha o cheiro igual ao da garota de máscara, elas são a mesma pessoa.
-Eu vou morrer sozinho! -Zenitsu começou a chorar -Ela deve está nos alimentando até ficarmos gordinhos o suficiente para ela poder nos devorar!
-Eu não sou um monstro... -A garota de cabelos roxos sussurrou enquanto entrava no cômodo, com meu haori em mãos.
-Me proteja, Tanjiro! Ela veio me devorar! -Ele se escondeu debaixo da toalha de mesa.
A garota ficou em silêncio, colocou meu haori sobre a mesa e retirou-se, mas antes de sair ela olhou nos olhos de Zenitsu com uma profunda tristeza e disse algo que eu não fui capaz de ouvir.
Ignorei o que acabou de acontecer por alguns instantes e peguei o meu haori sobre a mesa para ver o que ela havia feito, ela simplesmente havia o restaurado, ela ocosturou com tanto capricho que nem parecia que havia rasgado.
Vesti o meu haori e quando voltei a minha atenção a Zenitsu, ele ainda estava encarando a porta que a garota acabará de sair, provavelmente por ele ouviu oque ela falou, já que possui uma excelente audição.
-O quê ela disse? -Questionei.
-Ela... se desculpou -Zenitsu ainda encarava a porta -"Espero que possa me perdoar".
-Ela tinha cheiro de tristeza -Disse de forma vaga.
-Mas ela é um oni, não é? -Ele me olhou confuso -Por qual outro motivo ela cuidaria de nós, se não for para devorar nossa carne?
-Não tenho certeza que ela seja um oni... -Olhei para o nada, tentando organizar meus pensamentos.
-Então ela é humana? -Zenitsu ficou ainda mais confuso.
-Talvez, mas ela corria muito rápido para um humano comum, além de se jogar de uma altura que seria fatal mesmo se caísse no lago -Argumentei.
-Se ela não pode ser um oni, nem um humano, o que ela é? -Zenitsu voltou a encarar a porta.
-Eu não sei, mas isso não importa agora -Fui em direção a porta que a garota havia saído -Ela cuidou de nós quando precisamos, então eu vou até ela agradecer.
-Mas... -Antes que Zenitsu pudesse protestar, sai do cômodo e fechei a porta.
Não fui capaz de segui o cheiro da garota, então perambulei pela casa até chegar ao shōji, que eu abri com certa dificuldade, mas não dei atenção a isso, já que a vista do lado de fora era deslumbrante.
O chão era coberto por pequenos cascalhos, pelos cantos havia vasto canteiro flores de coloração negra, que eu desconheço o nome, também havia várias árvores de cerejeira espalhadas por todo o exterior, mas o que mais me chamou a atenção foi um deque de madeira escura, que ficava na margem de um riacho.
Quando me aproximei, avistei a garota sentada na beirada do deque, observando o fluxo da água.
Hesitei por alguns segundos até que um doce voz invadiu meus ouvidos -Vai continuar parado aí?
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