Feitiço da Lua

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Foco mais uma vez naquele rosto forçadamente sereno, os olhos brilhando encarando a tela bem na frente.
Pois eu duvido que ele estivesse assistindo ao filme. Me levanto do sofá e estando a mão.

— Pode me devolver meu cobertor? Eu vou dormir.

Damien assente, pega o controle remoto ao seu lado e desliga a televisão, se levantando junto a minha humilde e amassada coberta. Ele a joga sobre o ombro e dá um passo até mim, olhando fixamente meu rosto, procurando por alguma coisa. Eu franzo o cenho e dou um passo para trás, incerto.

Engoli em seco.

— Sabe que pode me contar qualquer coisa, certo?

— Eu... sei.

Ele fica em silêncio por alguns instantes, como se esperasse alguma coisa, meu coração responde, saltando ansioso. 

Ele sabe, ele sabe, ele sabe.

Abro e fecho a boca algumas vezes, procurando as palavras perdidas em minha garganta. Por onde eu deveria começar? Eu deveria pedir desculpas? Eu deveria negar? Eu deveria dar um beijo nele? Olho o rosto sério de Damien, procurando por algum sinal que deixasse qualquer coisa clara. 

Ele não espera um beijo, um pedido de desculpas ou qualquer palavra gaguejada. O que eu estou pensando? Meu Deus. Eu preciso ir para o quarto. 

Enquanto estou imerso nessa onda de pensamentos Damien caminha até nossa geladeira e abre, pegando dali uma cerveja e se encostando no balcão de frente para a sala de estar. 

— Aceita um gole?

Vou até lá e fico do outro lado, de frente para ele, pegando a garrafa de sua mão. Meu peito gritando de ansiedade, o estômago queimando.  

— Desculpe — começa. — Eu não queria te assustar.

— Não assustou, Dami. — sorrio o chamando pelo apelido idiota que a família dele usava, tendo tornar o clima mais leve. Eu precisava tornar. — Me pegou de surpresa. Não sei o que você esperava ouvir. 

— Nem eu. Acho que estou estranho hoje...

Sim, eu podia ver, estranho de verdade, tenso. Os ombros rígidos. Isso por minha causa? Parecia que sim, ou... que droga, eu não sei o que pensar! 

— Por conta do termino? — é o que pergunto, é o que preciso saber.

— Não o término em si — ele vem para o meu lado, pegando para si a bebida, eu espero que a fala continue — Camila chorou muito, e eu entendo, quer dizer, términos são um saco. Ela parecia gostar de mim. 

Assinto e isso é de alguma forma um alívio. 

— E você? 

— Eu gostava dela... em algum grau. Não credito nesse amor... cheio, não acredito em todas essas borboletas no estômago, nesse clichê sobre pensar o tempo todo em alguém, no que faria sua pessoa especial sorrir, eu também não me vejo passar noites sonhando acordado, ansiando, ou esperando por alguém em casa apenas pela felicidade de estar ali. Você pode pensar em mim como um cuzão por terminar tão rápido, mas isso não é mais justo do que deixar alguém esperando por algo que eu não posso ser? 

Sorrio e o olho de lado, empurro-o de leve com meu ombro esquerdo e sinto meu coração, antes acelerado, voltar ao seu lugar. 

—  Eu acho mesmo que você seja um cuzão, mas também acho que vai se apaixonar tanto que engolirá cada uma dessas palavras.

Ele ri. 

— Eu estou falando sério, Damien. Quando você gosta de alguém é... diferente. 

Oblíquo Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang