Capítulo 3

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Eu não tinha muitas opções na verdade. Eu poderia deixar ele ali e fingir que não o tinha visto. Mas ele estava bêbado demais, e com certeza não estava em condições de dirigir. Então eu o segui com as mãos no bolso. Ele alcançou o carro e tentou colocar a chave na porta, mas não conseguiu, na terceira tentativa eu comecei a rir um pouco longe. Ele ficou bravo.

- Para de rir por favor, não tem graça.
- Ah, tem sim. Você não tem idéia de como tem graça. Me dá essa essa chave, você não vai dirigir hoje, não desse jeito.

Eu me aproximei e tentei pegar a chave, mas ele levantou o braço e tirou ela do meu alcance.

- Caíque por favor, não e hora de brincadeiras, você está muito bêbado.
- Eu não ligo.
- Mas eu sim, não posso deixar que nada aconteça com você. Se você dirigir bêbado pode morrer.
- Não precisa fingir que se preocupa comigo. Ninguém liga pra mim. Nem você.

Ele se sentou no chão e se encostou no carro. Eu já não sabia o que fazer então sentei ao lado dele e cruzei as pernas. Esperei em silêncio.

- Sabia que minha namorada terminou comigo hoje. Por telefone. Disse que conheceu outro cara. Dois anos me dedicando a relação e ela faz isso comigo do nada.

Então era por isso que ele tinha saído bravo naquela tarde. Eu não sabia porque ele estava me contando aquilo. Mas fiquei feliz por saber que ele queria desabafar.

- Escuta. Sinto muito,e mesmo difícil passar por uma separação. Mas com o tempo você supera.

Ele riu, como se tivesse dúvidas. 

- Que nada. Ela quem perdeu. Eu sou novo, bonito e tenho chances de pegar outras. Não tenho nada para superar.
- Não precisa fingir. Você tá aqui caindo de bêbado porque focou triste com o término. Não precisa fingir que tá tudo bem. Eu te entendo.

Ele se levantou e voltou a tentar abrir o carro, enquanto gritava comigo.

- Você não sabe nada da minha vida. Do meu relacionamento. Não sabe como eu me sinto. E nunca vai saber.

Eu estava começando a ficar irritado. Me aproximei e tomei a chave da mão dele.

- Tem razão, eu não sei nada da sua vida. E nem quero saber. Sabe porque ? Porque desde que te vi eu sinto raiva de você. E depois que descobri porque você está na mesma delegacia que eu, fiquei mais bravo ainda. Só que pro meu azar eu tenho que aturar você todos os dias. E agora até na minha vida social você tá se metendo.

Ele fez que ia falar, mas eu não deixei.

- Eu tava na maior curtição com amigos até você aparecer e estragar tudo, só que agora eu não posso abandonar você bêbado porque sei a merda que isso pode dar. E não tô fazendo isso porque me importo com você, mas sim porque e meu dever como seu colega e policial. Então não me importa porque você tá triste, entra nesse carro que eu vou te deixar em casa, você gostando disso ou não.

Ele fez cara de tristeza, mas deu a volta e sentou no banco de carona sem falar mais nada. Eu entrei dentro do carro e liguei a ignição.

- Onde você mora ?
- Não quero ir pra casa.  
- Porque não ?
- Eu tava morando com minha namorada, não quero ver ela.
- Ok então. Você dorme lá em casa hoje. Amanhã de manhã você decide o que fazer.

Ele não contestou. E eu fiquei aliviado,  porque não aguentava mais brigar com ele. Seguimos em direção ao meu apartamento em silêncio, quando olhei pro lado ele estava com a cabeça encostada no vidro, quase dormindo. Sorri, até mesmo caindo de bêbado ele era lindo , e nem de longe parecia aquele cara chato que eu não tinha paciência nenhuma de lidar.

Eu Odeio Te AmarWo Geschichten leben. Entdecke jetzt