Capítulo 14

833 78 0
                                    

Acordei com uma luz no meus olhos, percebi que vinha da janela que tinha uma cortina meio aberta e deixava o sol invadir o quarto. Tentei me mexer mas percebi que Lucas ainda estava deitado sobre meu peito. Olhar para ele ali tão sereno fez meu coração novamente acelerar, eu não conseguia acreditar que alguém tinha coragem de magoar uma pessoa tão meiga como ele. Sua respiração era lenta e calma, parecia uma criança tirando uma soneca depois de aprontar pela casa inteira. 

Mas eu sentia minha bexiga apertada e precisava ir ao banheiro, e por mais que não quisesse acorda-lo, precisei me mexer para levantar, o que fez com que ele resmungasse. 

- Lucas, eu estou apertado. 

- Não, fica aqui, por favor. 

- Eu prometo voltar assim que eu for ao banheiro. 

- Vai logo então. 

Me levantei da cama, calcei o chinelo dele que estava ali perto e me dirigi ao banheiro, depois de fazer minhas necessidades voltei para o quarto, mas ele não estava mais lá. 

- Lucas? 

- Aqui na cozinha. 

Fui até la e encontrei ele mexendo em algo no balcão da cozinha. 

- Pensei que queria ficar na cama. 

- Eu também, mas assim como sua bexiga, meu estomago pediu socorro. 

Ele começou a preparar um café da manhã para nós, e eu delirei quando senti um cheiro de bacon invadir a cozinha. Mas não senti cheiro de café, o que era estranho porque tinha uma cafeteira em cima do balcão. 

- Não vai fazer café? 

- Não tomo café.

- Como assim você não toma café? Você e um policial. Isso e no minimo contraditório. 

- Eu sei, já ouvi muita piada na delegacia por isso. 

- Porque tem uma cafeteira então? 

- Eu gosto de chocolate quente, chá. Além disso minha mãe toma café. Então deixo algumas capsulas compradas para quando ela vem aqui. 

- Se importa de fazer para mim? Não começo bem o dia sem um café forte. 

- Claro, faço sim. 

Ele foi até o armário e se esticou para pegar o café na parte de cima. Engoli em seco quando o vi de costas para mim usando um shortinho curto e super apertado. Desviei o olhar rapidamente quando ele se virou e foi até a cafeteira. 

- Ainda bem que inventaram isso. Eu não sei fazer café. Não tomo desde que sou criança. Então e algo que nunca aprendi. 

- Você sabe cozinhar? 

- Um pouco de tudo, minha mãe cozinhava para fora então eu aprendi muito vendo ela trabalhando. Só não sou bom com doces, mas no restante eu não posso reclamar. 

- Vou querer experimentar sua comida qualquer dia. 

- Claro, podemos marcar algo aqui em casa. 

- Mas mudando de assunto, como se se sente? 

Ele se encostou no balcão e percebi que seu semblante mudou. 

- Estou melhor do que ontem, e do que todos os dias antes de ontem. Com o tempo eu vou me sentir melhor. O tempo ajuda em tudo né, e o que dizem. 

- E não estão mentindo. Com o tempo isso vai ser só mais uma adversidade na sua vida. E nem vai mais lembrar disso. 

- E o que eu espero. 

- Está pronto para voltar ao trabalho? Acho que o Douglas não vai conseguir mais justificar sua ausências. 

- O Leandro me deve, então ele que se vire. Mas sim, hoje mesmo eu volto. Preciso me distrair, e trabalhar vai me ajudar a esquecer tudo. 

- Sabe que ele provavelmente vai pedir uma avaliação psicológica né? 

- Não duvido nada, mas acho que passo fácil. Não e como se algúem que eu amo tivesse morrido, ou se eu tivesse matado algúem em campo. 

A cafeteira fez um barulho indicando que o café estava pronto, então ele se virou pegou o café e colocou em cima da bancada em que eu estava. 

- Eu fiz ovos, bacon, tem pão, e um bolo que fiz a alguns dias mas que ainda está bom. Fica a vontade. 

Estava uma delicia, por mais simples que fosse, comi bastante e quando vi estava com a barriga cheia. 

- Cara, isso estava muito bom. Obrigado. 

- Não foi nada, eu que agradeço, por tudo. 

Ele sorriu para mim, e eu senti meu coração saltar no peito, só agora eu percebi o quanto tinha sentido falta daquele sorriso, que tão poucas vezes era dirigido para mim. Não adiantava negar, eu estava completamente apaixonado por Lucas, e não sei quanto tempo mais iria conseguir resistir a isso. 

- Então finalmente somos amigos de verdade? 

- Acho que sim, por mais difícil que seja olhar para a sua cara, eu admito que gosto demais de você.  E depois do que fez por mim ontem, não posso mais sentir raiva. 

- Como assim Lucas? Meu rosto e tão lindo. 

- Por favor, não começa. 

Ele se levantou e foi até a pia com os pratos e talheres que tínhamos sujado. Eu me levantei e fui até ele. 

- Deixa que eu lavo a louça. 

- Não precisa. 

- Eu insisto. 

Fiz que ia puxar a bucha de sua mão, mas ele se assustou e deixou cair no chão, por alguns segundos ficamos frente a frente, dava para sentir o hálito dele em meu rosto, e não, ele não tinha bafo de manhã. Os olhos dele brilhavam, eu queria me perder ali e nunca mais sair. Pensei em beija-lo, mas ele se abaixou e pegou a bucha no chão e me entregou. 

- Se você insiste. 

E saiu em direção ao quarto sem dizer mais nada. Enquanto eu comecei a lavar a louça. 

Meus pensamentos foram a mil naquele momento, era obvio que tínhamos uma química que era inevitável, e dava para ver em seus olhos que eu não lhe era indiferente. Mas ele estava saindo de um termino traumático, eu ainda tinha problemas não resolvidos  com a minha sexualidade, aquele não era o momento propicio para algo, mas eu como sempre tinha minha dificuldade de manter o controle, e ele talvez percebendo isso, tenha saído para que não fossemos além. 

Terminei de lavar a louça, sequei as mãos e fui até o quarto, ouvi um barulho de chuveiro, então calcei meus tênis e fui em direção a sala, onde me sentei e fiquei esperando. Quase meia hora depois ele voltou, estava todo arrumado, e eu me senti tonto com o perfume tão bom que usava. 

- Você quer tomar banho? Posso te emprestar alguma roupa minha. 

- Não obrigado, eu já vou. Estava só esperando você sair. Você volta ao trabalho hoje? 

- Vou ligar para o Leandro, provavelmente só amanhã. 

- Então nos falamos depois. Fica bem. 

Eu estava me sentindo um  idiota sem saber o que dizer ou como agir, então fui até a porta e abri. Quando estava quase saindo ele veio até mim. 

- Obrigado,de novo, por tudo. 

- Não foi nada, amigos são para essas coisas. 

Eu queria ser muito mais que um amigo, mas não sabia como dizer, então apenas olhei para ele novamente e sorri, depois sai fechando a porta. 

Eu Odeio Te AmarWhere stories live. Discover now