Pyromaniac - 2ª temporada [myg] - em hiatus

cicatrizes [O3]

Obs: as letras em itálicos são memórias da Cailin, fiz isso no capítulo anterior e acho que vocês já entenderam esse esquema. Boa leitura! ❤️

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Por sua causa
Eu nunca ando muito longe da calçada.
Por sua causa
Eu aprendi a jogar do lado seguro, assim não me machuco.
Por sua causa
Eu acho difícil confiar não só em mim
mas em todos à minha volta.
Por sua causa eu tenho medo.

Because of you – Kelly Clarkson

CICATRIZES [O3]
[ Cailin ]

Observo o pequeno buraco em minha cortina. Tão pequeno, mas o suficiente para irradiar a luz do sol que, naquele momento, eu não desejava. Era eu quem tinha feito o buraco, mas eu não lembrava como e nem quando. Meu celular vibra pela milésima vez seguido do seu toque entediante que eu jurei mudar assim que meu ânimo permitisse. Viro-me de lado e pego o celular.

Ethan

— Eu gostaria de não ver o Dr. Hajun agora. — o guarda revira os olhos e segura meu braço de imediato.

— Como se isso fosse possível, todos os pacientes devem vê-lo. — o mais velho diz, já me puxando contra minha vontade. Tento soltar o meu braço puxando-o com força, mas o guarda não permitia que eu me soltasse.

— Está começando a me machucar. — contesto. Ele para por um momento e se volta para mim.

— Então pare de relutar.

— Não adianta relutar, Cailin. Fomos feitos um para o outro, você sabe disso. Já passamos por isso várias vezes e sempre nos resolvemos...

— Não, Ethan, nós nunca nos resolvemos — o interrompo. Sento na cama, abraçando minhas pernas e me entretendo com a casquinha de um machucado no meu joelho, equilibrando o celular com meu ombro e orelha. — A gente nunca se resolve, eu apenas me canso e deixo por estar, como todas as vezes em que brigamos. Só que agora é diferente, eu não quero mais.

— Cailin, você não está entendendo, isso não é uma opção. — ele ri de forma debochada do outro lado da linha. Posso sentir a raiva surgir lá no fundo do meu peito e se alastrar em mim.

— Não, Ethan, quem não está entendendo é você. Vou me mudar daqui uns dias, mudar minha vida e focar no que é melhor para mim, e você, definitivamente, não está nos meus planos. — digo de forma convicta.

Sou arrastada pelo guarda até a sala do único psiquiatra do hospital. Hesito antes de abrir a porta, respirando fundo e soltando o ar devagar. Giro a maçaneta e posso sentir todo meu interior se corroer ao estar entrando naquela sala. Meu corpo pedia encarecidamente para que eu corresse na direção contrária, mas a sombra do guarda atrás de mim deixava bem claro que isso não seria nem um pouco possível. Abro a porta, vendo-o sentado de costas para mim. Engulo em seco.

— Feche a porta. — sua voz grossa é soada.

Faço o que ele manda, sentindo um baque forte no meu coração a cada passo que eu dava indo em sua direção. Sento na cadeira a sua frente e, num movimento involuntário, mexo minhas pernas freneticamente.