Pyromaniac - 2ª temporada [myg] - em hiatus

fraturas [O4]

Sim, eu vou te dar todo o meu sangue, suor, lágrimas.
E quando doer eu vou ficar bem aqui.
Jogue meu coração na calçada, corte-o e leve-o.
Eu só quero morrer com você.
Então amor você pode pegar meu sangue, suor, lágrimas.

Blood, Sweat & Tears – Ava Max

FRATURAS [O4]
[ Cailin ]

— O que você fez, Cailin?

— O que eu fiz? — digo.

Minhas mãos tremem e a tesoura cai no chão. O barulho do metal se concentra em meus ouvidos e por ali resolve ficar. Minha visão é encharcada pelo vermelho do sangue que se encontrava em qualquer ponto de meu quarto e minhas lágrimas caem uma atrás da outra.

Naquele momento de confusão mental, eu não era capaz de reagir a nada. Saio de cima de Ethan, ainda ouvindo sua respiração arfada e seus resmungos descontrolados. Me arrasto pelo chão lentamente sujando minhas mãos, braços e pés com o sangue derramado no chão.

Sento, encostando minhas costas na parede fria e recolho minhas pernas, abraçando-as. Ainda observo Ethan se debater no chão e gritar por ajuda. Minha consciência havia me abandonado, eu estava sozinha. Os movimentos do homem à minha frente diminuem e eu fecho os olhos para aquela cruel e fria realidade.

[ • • • ]

Sentada na cadeira em meio ao caos daquele refeitório, bagunço minha comida nada apetitosa com a colher. Minha mente se negava a me obedecer, então, pouco a pouco, vou esquecendo de quem eu realmente sou, de como vim parar aqui e de como eu faria para sair. Na verdade essa ideia se afastava cada vez mais de mim.

Sinto um grande incômodo em minha barriga, mas precisamente em meu útero. A cólica menstrual se fazia presente e eu já previa o que estava por vir. Ignorando a comida como antes, levanto da cadeira e me aproximo de uma das enfermeiras que ali estava.

— Preciso ir ao banheiro.

— Sente e coma sua comida. — ela me ignora e volta a conversar com o guarda ao seu lado. Engulo em seco e mexo em meu cotovelo.

— Eu realmente preciso ir ao banheiro. — insisto.

Ela revira os olhos e respira fundo, voltando a olhar para mim logo em seguida.

— Qual a parte que você não...

— Estou menstruada. — a corto. O guarda que ali estava pareceu um pouco sem graça e olhou para os lados. Faço uma careta com sua atitude.

— Você tem dez minutos. — ela diz, saindo da frente da porta e me permitindo passar.

Esfrego as mãos pelos meus braços enquanto passo pelo corredor frio. Escuto ao fundo risadas de alguns homens, mas ignoro e caminho até o banheiro. Acho estranho o fato de não ter nenhum guarda na porta aguardando, mas logo lembro das risadas e opto por achar que ele estava com seus amigos. Nego com a cabeça diante à tamanha falta de responsabilidade com os pacientes.

Entro no banheiro e me aproximo de uma caixinha em cima da pia toda colorida com corações e estrelas. Reviro os olhos e pego um absorvente dali de dentro. Escrevo meu nome todo num papel que estava ao lado e me dirijo para o sanitário, fechando a cabine. Abaixo a calça e a calcinha, em seguida sento no vaso, enrolo o pouco do papel higiênico que ali tinha em minha mão e limpo o local.