Pyromaniac - 2ª temporada [myg] - em hiatus

alerquina [O7]

Tarde demais, minha hora chegou
Sinto arrepios descendo em minha espinha
O corpo dói o tempo todo
Adeus, pessoal
Eu tenho que ir
Tenho que deixar todos vocês para trás
E encarar a verdade

Bohemian Rhapsody – Queen

ARLEQUINA [O7]
[ Cailin ]

Olho-me diante do espelho do banheiro e sinto-me estranha com a forte maquiagem colorida em meu rosto. Até mesmo usar uma roupa diferente sem ser o horrível uniforme bege me causa estranheza. O tempo passou tão rápido, eram quase onze meses presa neste lugar e hoje era meu último dia aqui.

Não da forma como eu queria, claro, mas me acostumei a não ter mais esse controle em minhas mãos.

— Você está linda! — Misuk diz após retocar o leve blush em minhas bochechas. Abro um pequeno sorriso e agradeço num sussurro, optando por não falar a primeira coisa que me veio em mente.

Não me sinto linda, Misuk. — penso. Na verdade, não escuto esse adjetivo direcionado a mim há alguns meses, exceto pelo babaca do Hajun que eu desconsidero totalmente. Gostaria de ouvir esse elogio de uma pessoa específica, mas sei que era impossível, infelizmente.

— Ainda não sei como me convenceu a vestir isso. — balbucio, levantando da cadeira e me vendo novamente no espelho. Aquele minúsculo short me incomodava e eu tentava abaixá-lo inutilmente diversas vezes.

— Ainda bem que convenci. Você ficou perfeita de Arlequina.

Quase abro um sorriso ao pensar o quanto de ironia aquela fantasia carregava. A psiquiatra que se apaixona pelo paciente e tudo vira um completo caos depois. A única diferença é que, apesar de todo caos causado, eu não me arrependo de ter me apaixonado pelo meu Coringa.

E claro, ganhado de brinde mais seis palhacinhos.

Inevitavelmente sinto uma forte vontade de chorar ao perceber que nunca mais os veria. Ou então, que eles nunca sequer existiram e era tudo fruto de minha maldosa mente. Talvez a morte não seja uma péssima opção, talvez eu mereça descansar dessas dúvidas e deixar de lado qualquer expectativa.

Talvez eu devesse aceitar que tudo aquilo não foi real, assim eu morreria em completa paz de espírito.

— Cailin!

Saio do pequeno transe com o susto que havia levado e olho de imediato para Misuk que já me encarava.

— Você e seus devaneios... — ela comenta. — Enfim, como eu dizia, você já pode ir. A festa já começou há um tempinho e eu sei que você está enrolando.

Faço uma careta. Eu realmente estava enrolando ali. Talvez eu ainda não estivesse preparada para morrer.

— Misuk... eu não quero ir.

— Nós já conversamos sobre isso, Cailin. — ela desvia seu olhar para o estojo de maquiagem. Mordo os lábios. Era minha última chance. Contar a verdade para ela e torcer para que ela acreditasse.

Levanto da cadeira e pego suas mãos.

— O Hajun... — engulo em seco. — ...vai fazer alguma coisa comigo. E não é no sentido bom, eu tenho certeza, Misuk. Por favor, me tranque em algum lugar, que seja, só não me deixe ir pra essa festa. Eu imploro.