MORENA

3º FASE - Capitulo 18

João Victor

- Finalmente de alta, João, agora sim, podemos conversar sobre seu caso - O Doutor disse entrando no quarto -

- Fala logo doutor, porque já é certo que vou morrer quando chegar em casa com o surto da minha mulher - Falei e ele sorriu

- João, nós conseguimos o acesso ao seu tumor, a cirurgia foi um sucesso mesmo não conseguindo removê-lo, porque a cirurgia não foi pra isso - Ele disse

- Mas vai ter outra pra removê-lo? - Duda perguntou

- Infelizmente não, não posso dizer que é um tumor benigno, porque ele é uma bomba, que pode explodir a qualquer momento no seu cérebro

Engoli seco

- E se explodir, eu morro? - Perguntei

- Seu cérebro desliga...e você não vai conseguir fazer muita coisa usando seu corpo, nem nada - Ele disse e a Duda chorava

- Se isso acontecer, eu entro em coma? - perguntei

- Sem o funcionamento do seu corpo, tudo parado demais, só seu coração e seu pulmão vão permanecer trabalhando, isso pode resultar em infecções e você terá que ficar aqui no hospital, até...

- Até eu morrer ? - o interrompi

- Até seus responsáveis autorizarem desligar seus aparelhos e te deixarem descansar - Ele disse e a Duda começou a chorar agarrada ao Léo

- Quanto tempo eu tenho?

- é muito arriscado dizer

- Arrisque

- Um mês - Ele disse

- Não, tem que haver outra forma, por favor - Duda pedia em prantos

- Leo - O chamei- Acha que vai dar tempo de conseguir o orfanato pra Bia?

- Vai - Leo disse segurando o choro - Irmão, eu te imploro pra contar a verdade pra ela

Apenas assenti

- Posso ir pra casa, doutor? - perguntei

- NÃO, eu quero uma segunda opinião médica- Duda disse

- O laudo dele está assinado com cinco médicos de três hospitais diferentes, senhora - O médico disse - Boa sorte João

- Obrigado

Duda estava no chão chorando e o Leo começou a me arrumar para ir pra casa.

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Cheguei em casa e pedi para subir sozinho, fui andando devagar e abri a porta, vendo a Bia e o Heitorzinho pintando algo, assim que ela me viu me olhou feio, e quando percebeu minha cabeça enfaixada seu semblante mudou

caminhe até ela e sentei no sofá

- Me desculpa por sumir - Falei - Eu preciso te falar uma coisa

- Eu também, o seu pai, teve uma parada cardíaca e não resistiu - Arregalei os olhos porque eu não esperava e aquilo doeu demais.

- Como...

- O sepultamento dele está acontecendo agora, se quiser te levo lá - Ela disse- Eu sinto muito

- Que ele descanse em paz - Falei

Me doía a ida do meu pai, mas me aliviava pensar que eu deixaria a Bia com o orfanato antes de ir embora daqui.

- Papa...- Heitorzinho gritou pulando em cima de mim e eu o abracei- Ô meu amor, papai te ama tanto, tanto, tanto...

- O que aconteceu, João? Porque você está assim? - Ela perguntou

- Dentro da minha cabeça...tem um tumor maligno - Falei- Eu só tenho um mês aqui e olhe lá, então eu vou te dizer tudo que eu tenho pra te dizer agora Beatriz Portela

Os olhos dela estavam marejados

- Eu sempre tive um ciúmes doentio por você, porque você é perfeita demais pra mim. E sim, esse ciúme me fez hesitar a ajudar o Enzo, talvez se eu tivesse o tirado do mar a tempo, ele ainda estaria aqui -Chorei- Por isso a gente não se merece. Mas eu te prometo que eu vou passar cada segundo desses meus últimos dias do seu lado, te valorizando, e tudo, tudo que é meu ficará pra vocês.

Me aproximei e segurei no rosto dela com minhas duas mãos

- Você será a última Viegas, e ninguém nunca mais passará por cima de você, todo seu sofrimento eu vou levar comigo, você será feliz e poderosa.

- Eu preferia perder tudo isso, do que perder você - Ela disse chorando e me agarrando em seguida

- Eu sempre vou está com vocês - Beijei o rosto dela e meu filho me olhava sem entender

- Eu não vou aguentar passar por isso, não dessa vez

- Você vai, menina do trem, aguentou ficar perdida, aguentou voltar, aguentou fugir de um casamento, aguentou tanto...

Ela chorava tanto, mas tanto....

- Chama seu avô pra ficar esse tempo aqui com a gente - Pedi e ela assentiu

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