É um talvez

1.4K 105 131
                                    

Mente vazia oficina do Diabo, já dizia a mãe de Clarice. Penelope passara os últimos dias enchendo-se de compromissos e cansando seu corpo o máximo que podia para evitar pensar em tudo o que foi dito, e principalmente, no que não foi, naquela noite em Londres. Estava no Brasil há dois dias, e desde que chegara não havia sequer pisado em seu apartamento.

Entre reuniões, entrevistas e palestras ela se perdera da dor e das lembranças, exceto é claro, na hora de dormir. Desde a fatídica noite na terra da Rainha a garota tinha as lembranças invadidas pelos olhos mais verdes, brilhantes e expressivos que se lembrava de ver, e eram essas lembranças que desencadeavam o choro que a levava ao sono todas as noites.

Seus olhos estavam inchados e sensíveis, escondidos por óculos escuros grandes demais para seu rosto, quando adentrou a redação. Foi rebocada para copa por José e Clarice no instante que se aproximou de sua mesa, os dois sorriam como se soubessem de fofocas fresquinhas, uma pena que Penelope estava exausta demais para querer saber.

- Você não sabe da maior. – O rapaz foi o primeiro a falar, com um sorriso assustadoramente grande, ele estava eufórico. – Marcelo está em êxtase, depois da sua participação em Londres a revista está concorrendo a um prêmio importante.

- Espera, o quê?

- Isso mesmo, tudo o que o linguarudo disse é verdade. – Clarice, que havia se ocupado em encher três xícaras com café se aproximou da mesa e depositou os objetos em suas frentes. José fez uma careta antes de bebericar o líquido quente. – No dia seguinte a seu discurso o chefe recebeu uma ligação, ele não disse quem foi ou de onde é, mas sabemos que é importante e tudo graças a você. – A diretora de marketing sorriu. Penelope sorriu com os lábios fechados, estava feliz pelo sucesso, é claro. Entretanto, lembrar-se do evento na terra da Rainha era lembrar os Bridgerton, e lembrar os Bridgerton era lembrar-se de Colin e tudo o que lhe dissera, pior, o que não dissera. Mais que isso, era lembrar tudo o que a fizera sentir.

Ela não era hipócrita, estava tão claro quanto à luz do dia que aquele homem de um metro e oitenta ainda era sua perdição. Mas como não seria afinal? Ele era bonito, inteligente, sagaz, decorara suas palavras como um ator que recita a fala do personagem que interpreta. Infelizmente, eram falas dolorosas. Colin jurava que ainda a conhecia, mas como poderia, se a mulher que ele se lembrava havia ficado no primeiro avião há cinco anos atrás quando decidira que Londres não era mais seu lar?

- Quais são os planos pra hoje? – Indagou José, animado com a ideia de um happy hour com as amigas.

- Desfazer as malas e dormir. – Pen respondeu rapidamente, ignorando os olhares tortos dos amigos levou a xícara aos lábios e saboreou o café quentinho. Sentira falta disso nos dias em que estivera fora. – Vocês pediram que eu viesse aqui pra que mesmo?

- Por que estávamos com saudade. – A resposta soou mais como uma pergunta, a loira riu das caretas dos amigos. – E pra te entregar isso.

- Espera, tem mais?

- É óbvio que tem você não achou que depois de todo esse sucesso ia voltar para sua carreira de colunista secundária como se nada tivesse acontecido, não é mesmo? – O tom afetado de Clarice quase a fez rir. – Toma, lê.

Com os papeis em mãos Featherington leu três vezes para entender o que havia ali, seu cérebro estava afetado pelas noites mal dormidas e todo o estresse, mas ela não estava louca, aquilo era um...

- Contrato de exclusividade, a partir de hoje você tem a sua própria coluna e pode contratar quem quiser para montar seu time. – Clare bateu palminhas animada, a jornalista estava tão completamente passada que não teve reação. – Amiga, tira esses óculos que você não deve ter... – O barulho de um celular interrompeu a fala da mulher, Pen imediatamente pegou o aparelho da bolsa e notou que era uma mensagem.

5 motivos para não se apaixonar por mimWhere stories live. Discover now