syd's dance.

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meu relógio de autoconhecimento sempre realizou os encontros com o doze mais tardiamente que os outros. acho que minha mente sempre teve a ludicidade de filmes coming of age. o momento em que os personagens atingem o fim do fôlego ao perceberem o quanto o externo se mistura ao interno. meu cérebro está sempre extasiado no vento gelado e fios de cabelo batendo no rosto enquanto eu coloco o rosto pra fora do carro. talvez eu já possa parar e explicar o porquê de eu me desligar em meio às conversas, antes de ações corriqueiras, depois de decisões que podem mudar o meu curso de vida. minha mente é lúdica e insana e me faz levitar às 14:52, no meio de uma planilha. quase parida pela lua de tão lunática, eu leio e interpreto tudo de um jeito meio torto, meio sorrindo com a língua empurrando os dentes por trás, meio dramático e errôneo demais para a mínima comunicação. eu flutuo até que o ar esteja rarefeito e até que eu fique sem fôlego algum e me debata para descer, ou até que um desmaio no sonho me empurre à realidade. como se eu dançasse sob o som de um sussurro agudo, meus sentimentos se aglutinam à uma abstração difícil de entender. minha cabeça roda, meu corpo dança pelo salão branco sólido e meu vestido se desgruda do meu corpo; eu jamais saberia distinguir no meio do nó gigantesco o que é amor, revolta, agonia ou paz. e, se eu quero calma, eu preciso ter todos esses elementos na mochila. a ponta do meu cabelo curto passa pelo meu ombro e meu vestido tem um laço atrás que me aperta a cintura, pareço em paz e pareço em pânico enquanto danço nos all stars já gastos. até minhas lágrimas são ambíguas, necessitam do peso da aglutinação sentimental a que estou acostumada. agora me causa tontura toda essa bagunça e há algo em mim que implora pela paz de braços me rodeando ou de um processo que seja enviado ao site em somente três cliques. algo que pede para que eu continue rodando sem calcular nada e sem me deixar sair do chão, porque até mesmo meus desejos são passíveis de surto com tanta contradição. movendo-me pela solidez suavemente ao som de algo agradável que se junte a todo esse resultado de ser lunática ao ponto de compreender as letras do barrett. e aí gritar ao fim do espetáculo porque tudo se tornou tão borrado quanto um expresso cinematográfico. gritar com todo o fôlego até que os pulmões sumam porque a tranquilidade é atraente e dança bossa-nova e eu só quero ela pra mim. tomá-la nos braços, fazê-la minha e fazer dela a somatização de todo o resto de bagunça que construiu um conceito de tranquilidade tão inabalável.

carpe noctemWhere stories live. Discover now