Capítulo 7

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A transportadora trouxe o restante de nossas coisas um dia depois de chegarmos em Nova York, mas somente hoje, em uma quarta-feira é que decidi abrir as caixas e começar a organizar o meu quarto.

    Ajeitei alguns livros sobre a mesa de cabeceira, assim como uma luminária que encontrei na sala de estar, na escrivaninha coloquei os meus porta-retratos, além de coisas de estudos. Fiz questão de trocar os lençóis e as cortinas para algo menos neutro, minhas roupas já estavam devidamente guardadas, então somente coloquei meu velho patins em meio alguns sapatos, e por fim, organizei a penteadeira.

    Não estava algo tão extraordinário, mas consigo sentir um pouco como se fosse realmente meu quarto. Papai disse que podemos pintar se quiséssemos, mas o cinza fosco das paredes não me incomodam muito, talvez eu mude daqui a algum tempo.

    Saio de meu quarto satisfeita e desço as escadas. Oliver está na sala assistindo a um desenho de carros falantes, enquanto come biscoitos sentado em um tapete shaggy — o preferido da mamãe —, e derramando os farelos dos biscoitos sobre ele.

    O papai começou a trabalhar ontem em sua nova posição de gerente, ele estava muito animado e cheio de expectativas, quando saiu para o seu primeiro dia de serviço, na nova empresa, e voltou mais animado ainda, contando sobre como a equipe é bastante receptiva e dedicada, além da pequena cesta de frutas que ele ganhou como boas-vindas. Ele contara todo orgulhoso que, para um primeiro dia, ele se saiu muito bem, e que já possui vários planos para algumas seções da empresa.

    Vou para cozinha, onde encontro minha mãe fazendo uma de suas pinturas em um prato de porcelana, sento em um banco perto da bancada onde ela está.

    — Uma nova encomenda? — pergunto.

    — Sim, eu decidi divulgar mais meu trabalho, então eu procurei na internet e aprendi a criar um site — ela diz, pegando o notebook que está mais afastado e o coloca na minha frente.

    Encaro o notebook e vejo o design de um site de artesanatos, com varias fotos de trabalhos já feitos, além de contatos, perfil e coisas mais que se pode ter em um site, e que leva apenas o nome de minha mãe.

    — E hoje eu já recebi umas três encomendas. Não é um máximo? — Minha mãe sorri abertamente para mim.

    — Uau! Isso é incrível — digo, entrando em algumas abas do site.

    — Acho que já estava na hora de ampliar meu negócio.

    — A senhora está certa. Nossa, nem eu sei fazer um site. A senhora realmente é uma mulher impressionante — digo, soltando uma risada assim que minha mãe faz um expressão se glorificando.

    — Obrigada — agradece.

    — Parece que as coisas já começaram bem por aqui. Espero que dê certo para mim também.

    — E aquele seu amigo? — ela pergunta.

    — Que amigo? — indago confusa, deixando o notebook de lado.

    — Aquele que também se mudou, Eric o nome dele, eu acho. — Ela volta sua atenção para a pintura.

    Franzo o cenho.

    — O que tem ele? E só para esclarecer, ele não é meu amigo.

    — Mas ele é um garoto tão simpático.

    — Muito — murmuro, ironicamente.

    — Vocês se conhecem desde quando? — Ela me encara.

    — Desde o jardim de infância — respondo, sem dar importância para aquela conversa desnecessária sobre Eric.

    — E por que eu nunca o conheci antes?

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora