Capítulo 21

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Durante boa parte da noite, fiquei remoendo a conversa que Eric e eu tivemos em sua casa, nosso acordo de paz, ainda é um pouco bizarro que tenhamos finalmente falado sobre isso de maneira séria, mas acho que já era hora de fazermos isso, não poderíamos conviver com nossas desavenças para sempre. Na verdade, poderíamos sim, mas não me importo em dar um chance para convivermos em paz.

Isso mexeu tanto com minha cabeça que decidi vir para o colégio andando, já havia decorado o caminho, e eu precisava pôr meus pensamentos em ordem, e os poucos minutos caminhando até o colégio até que serviram para me relaxar.

O som estridente do sinal, indicando o início das aulas ecoam pelos meus ouvidos, me tirando dos meus devaneios, não encontrei Judy, nem Miles e Brian pelos corredores, o que me deixou um pouco frustrada. Ando apressadamente, desviando de alguns alunos, a fim de chegar a minha sala. Mas paro abruptamente quando meu caminho é bloqueado.

Ao levantar o olhar, encontro os olhos verdes e penetrantes que já se tornaram familiares para mim, olhos esses que parecem carregar uma sombra toda vez que dirigido a mim. Paul esboça um sorriso inocente assim que o encaro, sorriso esse que parece carregar uma falsidade quase imperceptível.

— Bom dia, Amelie — ele diz, como se fossemos grandes conhecidos.

Mesmo não sabendo o que está acontecendo, sua presença se tornou quase insuportável, Miles não me diz o que há entre eles para se odiarem tanto, e eu não entendo como eu acabei entrando nessa história para Paul querer me intimidar.

— Bom dia — digo, sem vontade alguma.

— Por um acaso você não viu o Eric?

Essa situação é completamente perturbadora, quero sair logo da presença de Paul, mas ao mesmo tempo quero questioná-lo sobre seu comportamento e olhares desafiadores.

Mas sua pergunta me fez pensar que também não havia visto Eric.

— Não — respondo direta.

— Hum. Caso veja ele, poderia falar que estou o procurando?

Paul mantinha sua voz séria, mas não estava carregada de sarcasmo ou ironia, parecia que para ele não existia aquele clima desconfortável e intimidador, que apenas éramos bons colegas trocando algumas palavras. Diferente de mim, que queria sair logo dali e não lidar mais com aquilo.

Apenas balanço a cabeça em um sim como resposta.

— Obrigado — ele diz, e sorri, continuando seu caminho.

Quando passou ao meu lado, ele fez questão que nossos ombros de tocassem de leve, consegui sentir seu olhar de canto de olho sobre mim. Olho por cima dos ombros e o vejo se distanciar.

Continuo meu caminho, com os pensamentos novamente emaranhados.

Quando viro em um corredor, vejo Judy andando tranquilamente, assim que me vê, ela sorri e apressa os passos em minha direção.

— Onde esteve? — pergunto, assim que ela para em minha frente. — Não a vi em lugar nenhum.

— Fui tirar um tempo para organizar algumas tarefas, com esse concurso, digamos que me desliguei um pouco da escola — ela responde, e sorri constrangida.

— E como está indo seus poemas?

Começamos a andar lado a lado.

— Estou me esforçando ao máximo. Apesar da minha irmã ficar no meu pé por passar boa parte do tempo escrevendo — ela diz a última parte um pouco desanimada.

Uma confusa ironia do destinoWhere stories live. Discover now