Capítulo 10

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Estou sentada em minha mesa de escrivaninha, enquanto faço uma pesquisa em meu notebook para complementar meus estudos, e algumas anotações em meu caderno. Já são dez horas da noite. Minha vista já está cansada.

    Respiro fundo, e solto o ar pesadamente, enquanto afasto meu tronco da mesa e descanso minhas costas no encosto da cadeira. Encaro os folhetos das universidades que deixei perto de alguns livros, e vendo neles apenas as minhas indecisões. Quando criança eu queria ser várias coisas, médica, modelo, empresária, atriz, e por aí vai. Mas agora, que finalmente tenho que dar o veredito, não consigo pensar em nada para o meu futuro.

    Fecho o meu notebook  e o meu caderno, não tendo mais ânimo para os estudos, e deito em minha cama, encarando o teto, que agora começou a me desagradar, pois o seu branco me lembra do vazio que está minha mente para conseguir fazer qualquer escolha. Chega em uma fase da vida que as coisas se tornam cada vez mais complicadas, e o desejo por não errar deixa tudo mais aterrorizante.

     Escuto meu celular comunicar uma notificação. Pego o aparelho na mesa de cabeceira, vejo que Miles começou a me seguir no Instagram, desbloqueio meu celular e entro no aplicativo. Sigo ele de volta e aproveito para bisbilhotar seu perfil. Há varias fotos de Miles, seja sozinho, com seus amigos ou com sua família, fotos dele em uma convenção de tecnologia, em uma pescaria junto a um homem que presumi ser o seu pai, e fotos dele em vários outros momentos. Notei que ele gosta mesmo de tirar fotografias.

    Isso me faz entrar no meu perfil, o qual há apenas duas fotos, uma minha, e a outra em que foi obrigada a postar, minha mãe pediu para postar essa foto porque minha tia Lacey é do tipo de pessoa que gosta de estar sempre em redes sociais, a foto é de um passeio que fizemos em um zoológico, nela está minha tia, Oliver e eu perto da jaula de um leão, mesmo eu achando triste ter que ver aqueles animais presos.

    Uma ideia corre por minha mente e entro na minha galeria, avaliando algumas de minhas fotos, o que não eram muitas. Seleciono uma foto em que estou sentada perto de uma fonte, enquanto sorrio aberto para a câmera, avalio a foto, é a minha preferida e a mais recente dentre as demais, mas acabo deixando a ideia de lado e saindo da galeria. Miles me manda uma mensagem no privado.

    Miles: Oi, aqui é o Miles, a cobaia.

    Sorrio com sua mensagem.

    Eu: Oi, Miles a cobaia.

    Miles: Você já  está indo dormir?

    Eu: Não.

    Miles: O que acha de passar o intervalo amanhã comigo e com o Brian no refeitório?

    Penso antes de responder, ainda é embaraçosa a minha aproximação com Miles, mesmo que eu não me incomode com isso. Só não quero criar esperança com essa aproximação, talvez ele só esteja querendo ser gentil por eu ser nova na escola, e não signifique que queira ser meu amigo.

    Eu: Foi mal, mas não sou de ir muito ao refeitório. Mas talvez, quem sabe... algum dia.

     Miles: Está bem, então.

     Mando um emoji sorrindo, o que não é muito do meu feitio.

    Miles: Boa noite, Amelie.

    Eu: Boa noite.

    Desligo meu celular, me questionando se fiz o certo em recusar o seu convite.

***

Perambulo pelo corredor do colégio a procura da sala para a aula de geografia, hoje eu não estou tão aflita como estava ontem, estou mais despreocupada e serena.

Uma confusa ironia do destinoWhere stories live. Discover now