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POV Camila

O barulho das sirenes me fez acordar assustada. Meus olhos se abriram. Onde diabos eu estava? Luzes vermelhas brilhando através de uma janela aberta à minha direita eram acompanhadas por buzinas e gritos desconexos. Não é o meu apartamento, obviamente. Então, onde exatamente eu estava? E por quê?

Alguns segundos se passaram enquanto meu cérebro nebuloso tentou dar sentido ao que me rodeava. As vigas de madeira no teto não eram familiares. Nem o lençol cinza que cobria o meu corpo nu. E, Oh Deus, havia uma mulher deitada ao meu lado. Em cima de mim, na verdade. O peso do seu braço parecia tão certo enquanto repousava em meu estômago que eu tive o desejo de fechar os olhos e ficar abraçada nela o resto da noite.

O QUE?

O nevoeiro dentro da minha mente clareou e tudo de repente veio à tona. O clube. A tequila. As pílulas. E... Lauren. Os beijos de Lauren. Suas mãos, seu toque, sua voz. Seu dom para me fazer esquecer todo o resto no meu mundo fodido. Pelo menos por algumas horas.

Mas... Porra. Adormeci em sua cama.

Meu corpo disparou quando o meu coração derrapou na ultrapassagem. Eu não fazia isso. NUNCA. Eu não era do tipo que ficava após um caso de uma noite. E eu com certeza nunca DORMIA com as pessoas com quem eu transava. A regra era sair logo que... bem, elas saíssem.

Minha cabeça latejava com uma ressaca familiar - amplificada dez vezes pelo pânico pulsando em meu peito. Olhei para o despertador no criado-mudo. Quatro e quarenta e cinco da manhã. Graças a Deus. Ainda faltava um pouco para o amanhecer. Tempo suficiente para escapar despercebida e fingir que eu nunca estive aqui. E, mais importante, para esquecer que essa foi a primeira pessoa, mulher ou homem, em quatro anos que me fez sentir algo.

Com cuidado, para não acordá-la, eu levantei o braço do meu estômago e balancei minhas pernas para o lado da cama. Eu tinha que sair e não olhar para trás. Mas antes que eu pudesse mover meus pés, arrisquei outro olhar para ela. Mesmo em profundo sono, ela parecia tão segura de si. Como se sua vida tivesse sentido e propósito.

Era... bonita. Ela era linda.

O brilho da lua acariciou sua pele lisa, brilhando sobre uma tatuagem de fênix em seu ombro. Quando ela inspirava e expirava, o movimento fazia com que o pássaro parecesse estar prestes a levantar voo. Hipnotizada pela arte e seu movimento realista, eu estendi a mão, querendo nada mais do que contornar com os meus dedos. Minha mão pairou sobre o corpo de Lauren, o seu calor me atraía. Eu não conseguia me afastar, e no instante em que a toquei, um calor percorreu meu corpo.

Saltei da cama como uma garota possuída. Hora de ir.

Eu rapidamente disquei para o serviço de taxi e corri pelo apartamento, recolhendo minhas coisas. Eu nunca tinha ficado tão desesperada para fugir de um lugar. Vestido. Confere! Bolsa? Uhh... merda. Onde diabos estava? SIM! Bom. Primeiro sapato. Segundo. Achei. Calcinha? CALCINHA?! Caramba! Nada nesse momento estranho estava ajudando. Finalmente, eu tive que desistir e ir embora sem.

A ideia de que eu não tinha feito uma saída rápida, deveria ter me assustado pra caralho. Estranhamente, porém, sabendo que eu tinha deixado para trás um pedaço de mim mesma para Lauren teve o efeito oposto. Encheu-me de um calor inexplicável e desconhecido.

Quando entrei no taxi e parti para a Quinta Avenida, percebi que meus lábios se transformaram em um pequeno e secreto sorriso. Pela segunda vez esta noite, foi verdadeiramente genuíno.

[***]

— Camila, você está ao menos ouvindo as palavras saindo da minha boca? — eu era uma especialista em me desligar da voz da minha mãe, mas ela tinha um jeito de acabar com os nervos de qualquer um. — Quantas vezes eu lhe disse para se vestir adequadamente para o café da manhã?

True ColorsWhere stories live. Discover now