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POV Camila

O cheiro foi a primeira coisa que infiltrou na minha consciência. Estéril, antisséptico, incolor. E então o sinal sonoro. Constante. Irritante.

Abri os olhos.

As paredes brancas e luzes fluorescentes me cercavam. Alguém estava caído no sono na cadeira ao meu lado, seu cabelo castanho estranhamente torto.

— Shawn? — minha garganta estava seca, os lábios rachados, e minha voz soou áspera e rouca. Meu corpo estava fraco e estranho, como se não me pertencesse mais. Eu me senti assim uma outra vez, mas eu empurrei essa memória para longe. Como sempre.

Shawn estava assustado, seus olhos se abriram rapidamente com o som da minha voz.

— Puta merda. — ele disse, pegando a minha mão. — Você está acordada, baby girl. Você nos assustou pra caralho.

Olhei para ele por alguns minutos, tentando lembrar o que tinha acontecido. Shawn pegou seu telefone, bateu na tela algumas vezes, em seguida, guardou-o.

A última coisa que eu lembrava era de estar no jantar...

De repente, tudo veio à tona, meus pensamentos confusos montaram uma imagem aterradora.

— Camila? Você está bem? Você ficou muito pálida. Você está passando mal? — Shawn alcançou o botão de chamada de enfermagem.

Eu balancei minha cabeça. 

— Quanto tempo fiquei apagada?

— Três dias. — ele falou, com a testa franzida. — Eles tiveram que lavar seu estômago e te reanimar porque você teve uma reação muito ruim. Seu corpo basicamente teve que reiniciar.

A porta se abriu e minha família foi introduzida por uma enfermeira. A minha mãe com os olhos cheios de lágrimas, de colírio, se eu tivesse que adivinhar. Eu nunca a tinha visto derramar lágrimas reais. Meu pai, com seu silêncio frio. Meu irmão e irmã com os seus "o que diabos aconteceu com você, Camila?"

Eu olhei para fora para ver se havia um fotógrafo ou repórter chegando também, porque o desempenho deles como o epítome de uma família amorosa era verdadeiramente digno de Oscar e merecia uma foto.

Assim que a enfermeira saiu, minha mãe balançou a cabeça e suspirou. 

— Agora que ela, obviamente, vai se recuperar da overdose, temos que nos concentrar em recuperar do escândalo da mídia.

Bingo.

Eu ri alto. Eu não podia acreditar. Era errado pra caralho e tão foda ver os Cabello's que se eu não risse, definitivamente choraria.

— O que é tão engraçado? — Sofía ficou boquiaberta para mim. — Você ficou louca?

E isso só me fez rir ainda mais.

Shawn sorriu para mim, balançando a cabeça. Ele entendia. Ele sabia. 

— Ela está muito feliz, Sofía. — ele disse. — Qual é o crime em estar feliz por estar vivo?

— Há um crime em usar drogas. — ela atirou de volta, estreitando os olhos para ele.

Eu estava rindo muito em agradecimento por ela ter dado os comprimidos para mim. Porém, aquele pedaço de informação retida poderia tornar-se uma alavanca para uso futuro. Eu a usaria quando fosse preciso. Sempre mantenha o seu arsenal de chantagem bem abastecido. Era uma tradição Cabello.

— Ela está acordada? — o grito veio de fora no corredor. Meus olhos voaram para a porta. Lauren!

— Sinto muito, senhorita, mas você não pode ir lá! Só família! Por favor...

True ColorsWhere stories live. Discover now