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POV Camila 

— Camila, venha conhecer L. A. Reid e Erica Reid. — meu pai disse, uma vez que eu voltei para a sala, vestida com uma saia lápis preta na altura do joelho e uma blusa de seda azul pálido. Os cabelos soltos, porém com mais maquiagem do que eu gostaria de usar.

Parecendo fazer parte. Desempenhando meu papel na família como esperado.

Um homem de meia idade, negro, baixinho e careca, estendeu a mão. 

— É um prazer, senhorita Cabello.

— O prazer é todo meu, Sr. Reid. — eu tive anos de treinamento como uma verdadeira Cabello.

A mulher ao lado dele apertou minha mão em seguida. 

— Adorável conhecê-la, senhorita Cabello.

— Da mesma forma, Sra. Reid.

Minha mãe sorriu. Talvez tenha sido o pontapé de vodka-Valium que estavam fazendo os cantos dos lábios dela aparecerem. Ou talvez ela estivesse aliviada por eu estar fingindo ser sua filha perfeita, nas roupas perfeitas que ela escolheu, o meu cabelo perfeito caindo nas costas em ondas suaves perfeitas.

O que fosse. Não era eu. Não que alguém aqui se importasse com isso.

— Alejandro, Sinuhe, antes de irmos para a sala de jantar, eu acho que seria melhor compartilhar a notícia com os seus filhos. — disse L. A.

Meu pai deu um breve aceno de cabeça. 

— Certamente. Sente-se, Camila. — ele apontou para o sofá. 

Eu me sentei entre Sofía e Pedro. 

— L. A. — ele disse. — A palavra é toda sua.

Eles eram definitivamente do mundo do meu pai. Os fones de ouvido, pastas e tablets. O traje de negócios caro da cabeça aos pés. E a maneira como eles sorriam. Parecia... escorregadio. Eu não tinha um bom pressentimento sobre isso de jeito nenhum.

— Pedro, Sofía, Camila. — L. A. disse — Eu tenho certeza que vocês ficarão muito felizes em saber que seu pai irá anunciar a sua candidatura a prefeito em novembro deste ano.

— Prefeito? — Pedro assobiou. — Uau, pai.

— Você quer ser prefeito? — eu olhei para o meu pai, medo rastejando sobre a minha pele.

— Não. — minha mãe balançou a cabeça. — Ele vai ser prefeito. Você já viu o seu pai falhar?

— Falhar não faz parte do meu vocabulário. — o riso falso do meu pai ecoou pela sala e todos se juntaram. Todo mundo, menos eu.

Bom Deus. Ele já estava em campanha.

— Cabellos nunca falham. — Sofía soou como uma perfeita filhinha mimada do caralho.

— Para ser perfeitamente honesto. — disse L. A., com um sorriso genuíno em seu rosto. — É exatamente por isso que eu estou mais do que feliz por estar representando seu pai. Vamos construir uma plataforma vencedora enraizada na integridade, estabilidade familiar e os velhos e bons valores americanos.

Aquilo não podia estar acontecendo.

— Erica é encarregada da Comissão de Ética, responsável por garantir que executemos uma campanha limpa. — continuou L. A. — Então, Pedro, Sofía, Camila, e suponho Eric, bem, desde que você se juntará a esta família, em breve vamos ter uma conversinha?

Eu podia sentir que a pouca liberdade que eu já tinha, ia se esvair.

— Você quer saber se nós nos comportamos, não é, Sra. Reid? — meu irmão apontou seu olhar predatório e ardente sobre Erica. — Na sua opinião profissional, tenho sido um bom menino ou...? — ele arqueou uma sobrancelha e mostrou seu sorriso brilhante. Era uma pergunta bastante inocente, mas eu conhecia Pedro. Se meus pais não estivessem aqui, ele terminaria essa frase com algo impertinente ou com um "você precisa me espancar?"

True ColorsWhere stories live. Discover now