Quarto 6124

Capítulo 16

"-quando quiser saber como é o verdadeiro inferno fale diretamente comigo. -ele ri debochado- eu venho de la e é pra lá que vou levar você."

S/N estava sentada em sua sala encarando o nada.

Tinha bastante trabalho a fazer mas não conseguia organizar a mente o suficiente para começar.

Ficava ouvindo a voz de Min em sua mente, processando as palavras e relembrando tudo o que acontecia quando estava na presença dele.

Tinha seus palpites mas para poder aceitá-los teria que jogar tudo o que aprendeu e acreditava, no lixo.

Decidiu depois de muito pensar e não chegar a lugar nenhum, que no presente momento tinha pacientes mais importantes.

Suspirou ao pensar em Shin, sentia que estava perdendo todo seu trabalho com o garoto.

Levantou indo até seus arquivos e pegando a ficha dele.

Leu tudo novamente, não havia nada novo, nada que ja não soubesse.

Deixou sua sala e saiu em direção ao quarto do garoto.

Não viu Takuya no corredor e isso foi um alívio, não queria ter que encontrar o guarda, não naquele dia.

Sabia que tecnicamente não devia entrar naquele quarto sozinha, Shin havia tentado lhe agredir.

Mas ela não sentia medo do paciente.

Chegou na porta do quarto e olhou pela pequena janela, o vendo sentado no chão de frente para a parede.

Adentrou o quarto chamando a atenção de Shin que se assustou com a movimentação.

-bom dia Shin!- saudou mas não obteve resposta.

-como foi sua noite?- perguntou como usualmente e mais uma vez foi ignorada.

Suspirou e puxou a cadeira para se sentar.

-você está diferente... Não gosta mais de mim?- ela joga e ele a encara pelo canto dos olhos.- se o problema for eu nós podemos mudar o seu médico, eu não fico triste, só quero que você melhore.

Shin sente as mãos começarem a tremer, não queria outro medico ali, queria sua doutora.

-n-não.

-não? Tudo bem então... Podemos conversar?- ele assente.- então vire para mim por favor.

Ele se vira lentamente, tinha olheiras profundas e os cabelos estavam mais desgrenhados que o normal.

-o que a doutora quer?-perguntou baixo.

-saber o que está te incomodando.

Ele da de ombros.

-agora nada.

-e antes?

Ele olha para todos os cantos do quarto e se inclina para frente com certa relutância.

-eu posso contar uma coisa pra doutora?- perguntou e ela arqueou as sobrancelhas em surpresa.

-claro.

Ele sentou mais perto da médica e acenava chamando a mesma para sentar no chão com ele ainda olhando para todos os lados um tanto assustado.

Ela senta bem perto dele (mais perto do que deveria por questões de segurança) e ve o garoto abaixar o olhar mais uma vez e esconder as mãos no meio das pernas.

-você pode falar Shin, só estamos nós dois.- ele ri.

-não doutora, ele está sempre te vigiando.