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Meus dedos se arrastaram levemente pela superfície macia e quente a qual tocava. Sentia o calor emanar por todo meu corpo, e em toda minha vida nunca me senti tão confortável quanto me sentia no momento.

Uma respiração calma bateu contra meus fios de cabelo, e a movimentação do corpo colado ao meu, me fez ronronar em insatisfação. Eu não queria perder aquela fonte de calor tão gostosa, e com isso, enterrei meu rosto contra a pele desnuda, sentindo o arrepio percorrer toda minha coluna quando dedos ásperos fixaram o aperto contra minha cintura, quase como se me obrigasse a ficar exatamente da mesma forma.

Meus pensamentos racionais ao menos se faziam presentes diante todo o aconchego que se fazia presente. Pelo menos não até eu abrir meus olhos e voltar a realidade.

Prendi minha respiração com medo de fazer qualquer movimento brusco, e permaneci encarando o peitoral desnudo a minha frente. Confusão estampava toda minha feição, e minha mente não parava de disparar questionamentos do por que eu estava dormindo tão despreocupadamente com um alfa ao meu lado. Abraçado comigo.

O cheiro de sandalo era inconfundível, não precisei olhar para cima para saber de quem se tratava, porém, isso não me deixava menos aflito.

Me movimentei o mais lentamente possível, colocando uma de minhas palmas sobre o quase nulo espaço que havia entre nós, numa tentativa de tentar levantar meu tronco do colchão.

Mas um aperto mais forte da mão que repousava na minha cintura, me impediu de tentar realizar meu desejo. O alfa me puxou para mais perto, e eu quase cogitei a ideia dele querer me fundir consigo. Suspirei, repousando minhas mãos sobre o peitoral alheio, não intencionalmente, apenas por não ter mais espaço algum entre nós.

Inevitavelmente eu senti na palma da mão o balançar ritmado do seu coração, e por algum tempo, me perdi no movimento calmo que seu peitoral fazia acompanhando sua respiração.

–Era para eu ter saído assim que você se acalmou, – Assim que o timbre rouco e sonolento alcançou minha audição, senti meus batimentos acelerarem e minha respiração travar no topo da garganta. –Porém não consegui.

Demorou um tempo não contado para que a coragem de olha-lo aparecesse. Mas quando menos percebi as pontas de seus dedos ásperos tocavam meu queixo, e olhos ambar escuros penetravam nos meus.

–Tudo... Bem?– Minha frase saiu mais como uma indagação do que uma afirmativa, mas quem pudera, eu ainda estava confuso com a situação, e ele não desviava o olhar nem por um mísero segundo.

–Desculpa.– Ele soltou firme, mexendo levemente os dedos em meu queixo numa carícia gostosa. –Sei que estou sendo invasivo. Meu lobo as vezes comanda mais do que meu eu racional.

Mexi a cabeça devagar, concordando e aceitando suas desculpas, mesmo que não tenha ficado explícito o porque dele estar na cama abraçado comigo, quando me lembro muito bem de ter dormido sozinho.

–Mas, o que aconteceu para...?– Não precisei terminar para ele entender o que eu queria saber.

–Bem, você estava choramingando enquanto dormia, e eu fiquei preocupado.– Ele repuxou os cantinhos dos lábios, parecendo um pouco sem jeito por contar aquilo, e eu mal disfarcei encarando seus lábios. –... Soltei meu cheiro pelo quarto para ver se te acalmava, porém apenas te deixou agitado. Você ficava rolando pela cama parecendo procurar por algo.

Eu sentia minhas bochechas queimaram de vergonha, automáticamente levei minhas mãos para tampar a possível vermelhidão. E o alfa soltou um riso baixinho, notando e acompanhando meus movimentos, só serviu para me deixar mais vermelho, agora eu sentia todo meu rosto quente de vergonha.

–Eu pensei em sair, veja, a porta está aberta porque eu apenas pretendia saber se estava tudo bem com você,– Olhei para a porta, e ela realmente estava aberta. Ainda com a mão em meu queixo ele me fez olha-lo novamente. –Mas você chamou por mim.

Meus olhos se arregalaram de surpresa e vergonha, como assim eu o chamei...?

O alfa pareceu ouvir minha indagação mental, pois não demorou um segundo a mais para respondê-la.

–Primeiro você disse alfa, e eu pensei ter escutado errado,– Eu me encolhia sem ao menos perceber, tentando me esconder dele e toda vergonha que sentia, mas claramente não funcionava, infelizmente eu ainda não sabia me teletransportar para outro lugar. –Mas então você realmente falou meu nome, o 'Park' veio num sussurro quase inaudível.

–Eu não... Desculpa.– Murmurei querendo carvar um buraco na própria cama e me enterrar nele. Mas o alfa parecia se divertir com toda minha vergonha, soltando risos nasalados e sorrisos abertos, e foi inevitável não notar a covinha presente em sua bochecha, quase senti a ponta do meu dedo coçar com vontade de afunda-lo bem ali.

–Pensei que estivesse sonhando comigo, mas você estava com os olhos abertos, olhando para mim, é estranho que não se lembre.– Ele olhou para um ponto cego atrás de mim, como se revivesse o momento.

–Não me lembro de ter acordado durante a noite...– Falei baixinho, tentando me recordar daquilo, então ele voltou a me olhar.

–Bem, você realmente me chamou, porque você disse de novo, e quando repetiu, bateu no colchão, julguei que fosse um pedido mudo para que eu me deitasse.– Ele contava lentamente, deixando a rouquidão da sua voz rodar todo o quarto, quase acariciando meus ouvidos. –Me deitei meio incerto, mas você não demorou para deitar com a cabeça no meu ombro, bem perto daqui.– Sua mão se moveu da minha cintura, que eu ao menos percebi estar lá novamente, para seu pescoço, apontando para onde seu cheiro mais se fazia presente, no ponto entre a cravícula e o pescoço.

Me peguei prendendo o choramingo no topo da garganta, quase me torturando por não poder sentir todo o cheiro de sandalo que desprendida dali direto da pele. Por não poder passar meus lábios e a ponta do meu nariz naquela região e sentir toda quentura que aquela pele tinha.

–Oh, eles estavam assim.

Desprendi minha atenção do seu pescoço e cravícula para olha-lo sem entender do que ele estava falando agora.

–O que estavam?– Minha voz estava mais rouca que o habitual, e eu me assustei um pouco.

–Seus olhos.– Toda confusão estava estampada a minha face então o alfa tentou explicar melhor. –A cor, estavam assim ontem quando você me chamou.

Tentando entende-lo, me levantei, talvez rápido demais, porque senti minha labirintite atacar por alguns instantes. Quando me vi menos tonto, andei em passos rápidos até o espelho mais próximo, que ficava no corredor dos quartos, um espelho do chão ao teto enfeitava a parede, então eu me olhei.

Reparei no ninho que se formou meu cabelo, onde os fios apontavam para todos os lados, reparei no quanto as roupas que eu usava ficaram enormes em mim, a camiseta com a gola tão grande que caída mostrava meu ombro esquerdo, reparei nos curativos nas minhas orelhas, mas absolutamente nada se destacava perto do lilás brilhante que predominava toda minha pupila.

Arrepios ||  °•chanbaek ABO•° Where stories live. Discover now