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Eles estavam dilatados. E talvez isso já fosse motivo suficiente para me deixar assustado, porém o acréscimo da cor lilás, tão viva quanto possível, me fez imperventilar.

Por que meus olhos estavam naquela cor?

-Pela reação, é a sua primeira vez vendo isso, não é?

Defitivamente era minha primeira vez vendo meus olhos naquele tom, porém não o respondi.

Desloquei minha visão pela extensão do meu corpo no espelho, tentando achar algo fora do comum. Mas nada. E eu não sabia se achava bom ou ruim, afinal, talvez qualquer outra reação pudesse explicar o porque da tonalidade lilás em minhas íris.

-Não precisa ficar tão assustado, deve ser a cor dos olhos do seu lobo.

Chanyeol veio para atrás de mim, e me olhando atravéz do espelho levou seu dedo anelar e polegar aos meus lábios. Minha respiração engatou no mesmo instante.

Ele parou com os movimentos por um instante, parecendo analizar minha boca, que secava tão rápido que me fez engolir a seco. E então, quando cogitei o questionar sobre o que ele estava fazendo, sua voz saiu.

-Abra a boca, Baekhyun.

Meus pensamentos voaram para longe, e automaticamente meus lábios se entreabriram, e meus olhos buscaram pelos do alfa, que ainda tão fixamente, encarava minha boca atravéz do espelho.

Seu polegar raspou pelo meu lábio inferior algumas vezes, como em um carinho singelo, até ele separar mais o canto direito da minha boca, deixando a mostra meu canino. Saltado e pontiagudo, pronto para arrancar ou rasgar qualquer coisa que se prendesse ali.

-Seus caninos também estão para fora.- O alfa agora olhava em meus olhos, mesmo que ainda pelo reflexo. -Seu lobo parece está prestes a tomar o controle, e isso normalmente acontece quando se está próximo ao cio.

Mesmo que ainda sentisse o efeito do seu toque me anestesiar, girei rápido para ficar de frente para ele, arregalando os olhos.

-Não, meu cio não está perto.- Disse depressa, mesmo que aquilo não fosse me deixar menos envergonhado do que eu já estava.

O alfa arqueou as sobrancelhas, como se duvidasse de mim. -Seu corpo diz o contrário.

Abri e fechei a boca algumas vezes querendo retrucar, mas meu corpo realmente não colaborava com a minha afirmativa, mesmo que eu tivesse certeza que o cio não estivesse tão próximo assim. Meu cio nunca foi desregulado, e pelos meus cálculos desde que cheguei a capital, ainda faltava dois meses ou, um mês e meio.

Talvez eu tenha me perdido refazendo os cálculos das datas mentalmente, pois quando me situei, o alfa estava mais perto. Ele estava inclinado para ficar da minha altura, e seu rosto estava próximo ao meu, e seus olhos estavam tão compenetrados em minha face que senti toda a extensão do meu corpo se arrepiar, e eu cheguei a conclusão que nunca me acostumaria com a forma que sou encarado por ele.

-Seu cheiro está mais forte também, ômega.

Seu rosto tão próximo do meu me fez soltar um breve arfar, um pouquinho mais perto e...

[...]

-Mas, aonde está Kyungsoo? Não vamos esperar por ele?- Perguntei assim que o alfa Jongin se sentou ao lado de sua filhote na mesa.

A filhote fez uma expressão tristonha enquanto Jongin soltou um suspiro alto, cogitei pedir desculpas por perguntar algo que não deveria, porém o alfa se pronunciou primeiro.

-Kyungsoo foi chamado no meio da noite. Neste momento, meu ômega deve estar em uma missão, ou no batalhão.

Concordei com a cabeça, com medo de dizer qualquer outra coisa que os deixasse mais tristes.

[...]

Andei alguns passos mais rápidos, me distanciando do alfa ao meu lado. Olhei alguns vezes ao redor, tentando visualizar no meio dos ômegas e betas que saiam do galpão, um ômega em específico.

Não foi difícil reconhecer a figura baixa de Minseok assim que este pisou portão a fora. O difícil mesmo foi chegar até ele antes que se misturasse com os outros que saiam na mesma direção que si.

-Minseok!- Tive que gritar ao correr e não conseguir alcança-lo, e isso chamou não só a atenção dele, mas de todas as outras pessoas ao redor. Senti que morreria de vergonha alí mesmo.

Felizmente não demorou para que a atenção de mim fosse desviada, assim como não demorou para que eu alcançasse de vez Minseok. Automaticamente o abracei assim que cheguei perto o suficiente, porém levou algum tempo para que ele retribuísse. A partir dali sabia que o sermão viria.

-Baek?- A voz dele saiu como se estivesse sendo sufocado. Senti meu coração se espremer.

-Oi Seok.

Os braços dele se apertaram com mais força ao meu redor, o ar também foi dificultado, mas não reclamei.

-Estive tão preocupado, Baekhyun.- Concordei, mesmo que não precisasse. - Aonde você se meteu?

Ele me soltou, e eu tentei responder, porém fui impedido pelo emburrão que levei dele. Seus olhos me atacavam sem precisar de palavras, já sabia que agora levaria um esporro.

-Você tem noção da preocupação que me causou? Achei várias vezes que você tivesse morrido, Baekhyun! Cadê a consideração com essa pobre alma? Eu tô com tanta raiva de você que poderia te degolar agora mesmo, sua sorte é que minha saudade é maior! Mal dormir essa noite achando seu corpo estaria numa lava qualquer dessa cidade horrível.- Ele disse tudo sem pausa alguma e quase gritando. Quase achei que as pessoas que passavam pegariam uma cadeira e sentariam para apreciar o sermão que eu levava.

Fiquei sem reação me imaginando morto numa lava qualquer, a imaginação fértil de Minseok me assustava.

-Desculpa, Seok.- Não tive resposta, apenas um olhar repreendedor. -Mas eu posso explicar tudo direitinho para você, está indo para o trabalho?

-Na verdade, estava indo procurar um.- Arqueei as sombrancelhas, e ele soltou um suspiro. -Fui demitido.

-Como?

-Longa história...- A expressão triste no seu rosto quase partiu meu coração em dois. -Mas eu preciso ouvir a sua longa história primeiro, vamos, desembucha.

-Ta bom, só espera um pouquinho...- Falei já me afastando, olhando ao redor para achar o alfa escorado sobre a parede com tinta desgastada próximo ao portão do galpão.

-Esta tudo bem?- Ele perguntou assim que me aproximei, concordei com um aceno. -Agora que está entregue, posso ir.

Dessa vez eu não queria concordar, mas mesmo assim o fiz.

-Bom, então eu já vou.

O alfa desencostou da parede, e estava quase se curvando para se despedir, mas segurei em seu ombro o parando.

-Você não...

Ele permaneceu da mesma forma, e eu senti que morreria só por senti-lo me olhar tão atentamente.

-O que foi, omega?

Ainda era inacreditável que sua voz poderia me causar tantas coisas em um intervalo tão curto de tempo.

-Você não gostaria de comer algo com a gente?- Ele sabia que eu falava de Minseok, mas mesmo assim apontei com a cabeça para o outro que continuava do mesmo jeito, só que com uma expressão indecifrável no rosto.

Tinha certeza que o omega estava botando todos os seus neurônios para trabalhar tentando entender o que estava acontecendo.

-Tudo bem,- A voz do alfa chamou de volta minha atenção. -Posso acompanhá-los.

Quase abrir um sorriso enorme, mas me conti no último segundo. Aquele tipo de formigamento que eu sentia me consumir por dentro não era agradável, e eu não queria sentir mais daquilo.

Não de novo.


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aniversário é meu, mas o presente é compartilhado.

Arrepios ||  °•chanbaek ABO•° Where stories live. Discover now