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                                         S/n:

Me acordei cedo com o barulho do acampamento.

Vi que Edmundo ainda estava dormindo. Estava engraçado, seu cabelo todo bagunçado

Saí da tenda ainda de pijama, que na verdade era um vestido branco bem normalzinho.

Encontrei Louis, que parecia estar desesperado.

Fui até ele e ele veio correndo até mim.

— O que aconteceu? — Perguntei.

— O que aquele reizinho fez com você? Disseram que você saiu da tenda no meio da noite e não voltou mais. — Ele disse.

— Não tinha espaço pra mim naquela tenda, aí fui reclamar pra Edmundo. No final a gente dividiu a cama. Eu não ia sair e ele também não, então foi o jeito.

— Você é doida menina?

— Doida por que? Se ele tivesse que me fazer algum mal já teria feito não acha?

— Que mudança repentina de opinião foi essa?

— Sei lá, é só a lógica. Mas, mudando de assunto, você conversou com Lúcia? Acho vocês dois fofinhos.

— Nem vem.

— Eu sei que você gosta dela Lou, só não quer admitir.

— Igualmente pra você não é?

— Não. Agora me fala onde tem alguma coisa pra comer, estou morrendo de fome.

— Vem.

Íamos para uma mesa com outros soldados, mas Lúcia nos convidou para a mesa dos reis. Não reclamei, as comidas pareciam melhores.

— Como passaram a noite? Dormiram bem? — Ela perguntou.

— Maravilhosamente bem. — Louis respondeu sorrindo e ela sorriu de volta para ele. Pedro olhou para mim.

— Apenas Louis conseguiu dormir? Porque eu dormi perfeitamente bem. — Ele disse.

— Eu também dormi bem, apesar de um frio constante. — Falei e sorri, mesmo tendo odiado esse "frio constante".

— Claro, ficou na minha cama. — Edmundo disse atrás de nós, mas incrivelmente não me assustei. Arregalei os olhos instantaneamente. Eu vou matar esse reizinho metido.

— Que história é essa? — Pedro perguntou em meio a risadas.

— Não tinha um lugar decente para que eu pudesse dormir, então... — Eu dizia até ser interrompida.

— Então implicou comigo e tivemos que dividir a minha cama. — Disse o intrometido.

— Se não gostou disso, deveria ter providenciado algo melhor para a minha irmã. — Louis disse já começando a se irritar. Nada novo.

— E quem disse que eu não gostei? — Edmundo disse baixinho e sentou-se ao meu lado. — Bom, é melhor nós comermos logo e continuarmos a viagem. O caminho é longo e não temos muito tempo.

— Então tratem logo de se servir, não vão querer torradas frias. — Lúcia disse e todos se serviram.

Fiquei lá acompanhando todos conversarem e de vez em quando citavam meu nome. É, pelo visto estou por fora das conversinhas desses quatro.

Pouco depois a gente já teve que continuar a viagem até a guerra.

Não pude deixar de notar que, toda vez que Edmundo olhava pra mim, ele ria.

Até perguntei para Louis se tinha algo errado comigo, mas ele disse que não.

Talvez esse reizinho esteja fazendo isso só pra me fazer de besta. Ou talvez isso era só para me provocar.

Quando demos uma parada para beber água e comer alguma coisinha, fui até Edmundo perguntar o que era tão engraçado em mim.

Ele estava afastado do pessoal e comia um cacho de uvas como se fossem trufas de chocolate.

— Oi. — Falei e me sentei ao seu lado.

— Uau, um milagre você falar comigo. O que foi? — Ele perguntou com a boca cheia.

— Por que está rindo de mim o tempo todo? Por acaso sou sua bobinha da corte?

— Achei que não fosse notar, você mal olha na minha cara.

— Fale logo.

— Você ronca.

— O que?

— Isso mesmo que você escutou.

— Isso é mentira, ninguém nunca falou isso. Nem mesmo meus dois irmãos que amam me perturbar.

— Então sou o primeiro dentre os mentirosos. E eu jamais minto sobre coisas pessoais de alguém.

— Já que falou sobre ontem, devo citar que me chutou algumas vezes.

— Isso é o que a falta de um jogo de futebol faz.

— Jogo de que?

— Deixa pra lá. — Ele disse e comeu outra uva. — Quer?

— Não, ainda estou sem fome. — Respondi e olhei para seus olhos de amêndoas.

Eram perfeitamente grandes e brilhantes. Além de que faziam um contraste lindo com seu nariz arrebitado e as sardinhas em suas bochechas.

Quando ele percebeu que eu estava analisando seu rosto inteiro, olhou para mim e curvou as sobrancelhas.

— O que foi? — Ele perguntou e sorriu.

— Não é nada. — Respondi e sorri de volta.

— Então é melhor irmos logo antes que sintam a nossa falta. — Ele disse e jogou os restos do cacho no chão.

— É, tem razão. — Falei e me levantei imediatamente.

Saímos dali e voltamos para perto das pessoas. Continuamos a viagem até o cair do sol.

Eu não queria ter que dividir a cama com Edmundo de novo, mas acabou sendo o jeito. E nem foi tão ruim como a noite anterior.

Essa foi bem mais tranquila, poucas vezes senti frio e não levei chutes.

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Eu odeio tanto enrolação 😭

𝑆ℎ𝑒 𝑤𝑖𝑙𝑙 𝑏𝑒 𝑞𝑢𝑒𝑒𝑛 | 𝐸𝑑𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑣𝑒𝑛𝑠𝑖𝑒Where stories live. Discover now