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Ri com a sua pergunta.

-Se eu não estivesse te vendo aqui, de carne e osso, eu ia achar que te substituíram por um protótipo de Bernardo 2.0. -Ele riu.

Não sei o que achei do Bernardo rindo de algo que eu disse.

-Mas chega de falar de mim, quero saber de você. Onde estuda? O que gosta de fazer?

-Eu estudo na mesma escola que você. -Ele arregalou os olhos, surpreso. -Eu tenho bolsa integral. -Falei meio sem paciência, lembrando do quanto ele é (era) escroto com pessoas sem grana.

-Desculpa, eu não quis te ofender. -Ele parecia realmente arrependido e eu dei de ombros.

-Somos da mesma sala, inclusive.

-Então conhece meus amigos? -Ele tentou fazer aspas com os dedos, mas não se saiu muito bem na tarefa.

-Infelizmente, conheço.

-Você poderia me falar mais deles? Se não for pedir muito...

-São tantos que eu não saberia por onde começar. -Ajeitei-me desconfortável na poltrona e ele reparou.

-Então me fala o que gosta de fazer, além de estudar, pois você tem muita cara daquelas meninas que se divertem muito estudando. -Bom, eu não diria que me divirto, mas não vejo problema em passar uma tarde inteira focada nos estudos, nem o fim de semana ou uma sexta à noite...

-Eu gosto de ficar com minha família, principalmente com o meu irmãozinho, e os meus

amigos.

-Ah, o menininho que passou correndo ontem por mim era seu irmão? -Assenti. -Eu queria cumprimentá-lo, mas não sabia seu nome.

-O nome dele é Caetano. Ele é uma criança não verbal. -Eu tinha que falar isso. Uma hora ou outra ele iria acabar esbarrando com o meu irmão por ai e do jeito que esse Bernardo é comunicativo iria tentar fazê-lo falar alguma coisa.

-Eu quero conhecê-lo. -Hesitei com a ideia. Eu abrir uma exceção e vir conversar com o Bernardo até vai, pois eu entendo que isso vai acabar assim que sua memória voltar, mas eu deixar o meu irmão se aproximar dele tendo a certeza que isso não vai acabar bem, não vai rolar. Ele é difícil de se apegar, mas quando começa a gostar de alguém quer sempre vê-la e brincar. Fica quase impossível fazê-lo querer parar de ver alguém.

-Isso não vai rolar, Bernardo. -Falei séria.

-Eu não vou fazer mal a ele. -Ele entrou na defensiva.

-Eu sei que você não vai, mas meu irmão tem uma memória muito boa e eu não quero que ele sofra quando você recuperar a sua. -Levantei da poltrona. Realmente falar do meu irmão me deixou desconcertada e me fez pensar o que eu estou fazendo aqui. Quem eu quero enganar e o que eu estou tentando fazer?

-Eu preciso ir. -Caminhei até a porta.

-Ei, Anne! Desculpa, eu não quis fazer... -Ele parou para pensar. -Seja lá o que eu fiz que te deixou assim.

-Olha, Bernardo. -Virei-me para ele e suspirei. -Está tudo bem.

-Não, não está! Você está chateada comigo.

-Eu não estou chateada, eu só preciso ir embora... Tenho que estudar, preciso focar para passar no vestibular.

Ele balançou a cabeça, concordando.

-Você vai voltar? Seria legal ter alguém da minha idade para conversar? Não precisamos falar do passado ou do seu irmão. Podemos ver um filme ou uns desenhos. -Ele parecia empolgado pela minha resposta.

-Eu realmente não posso. -Vi seu corpo murchar e uma expressão de tristeza tomar conta de seu rosto. Antes que eu pudesse pensar demais nessa reação, saí de seu quarto e caminhei para a saída de sua casa.

-Já? -A Flávia perguntou.

-Não temos muito assunto. -Dei de ombros.

Ela forçou um sorriso.

-Obrigada por ter vindo. -Ela disse.

-De nada, Flávia. -Dei-lhe um abraço apertado.

Bom dia, meus amooores!!! Como vocês estão?

O que estão achando? Acham que o Bernardo vai se tornar uma pessoa melhor mesmo?

Será que ele recupera a memória e volta a ser o pé no saco de sempre?

Não deixem de comentar o que estão achando, esse feedback é muito importante para mim!!!

Beijinhos e até segunda!

De repente tudo mudouOù les histoires vivent. Découvrez maintenant