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-Que bom que sua mãe está feliz, Bernardo. Ela já sofreu muito com essa história toda. 

-Verdade. 

O barulho da porta do banheiro abrindo chamou a atenção do Bernardo.

-Vou deixar vocês. Vou passar o dia com a minha mãe e minha avó.

A Liara chegou perto de nós. 

-Bom dia, Liara. -Ele a cumprimentou. Ela sorriu em resposta. -Fiquem a vontade.

Ele voltou para dentro de casa e fechou a porta de vidro.

-Eu não acho que ele vai suportar a verdade. -Falei baixinho para a Liara.

-Você se importa? -Ela me olhou. -Você verdadeiramente se importa?

Por um momento eu não sabia o que responder

Por um momento eu hesitei em responder

Mas no fim...

Eu assenti.

-Sim, eu verdadeiramente me importo. -Olhei para a minha melhor amiga. -Ele parece uma criança, Liara. Ele é inocente e não entende todo o drama da família dele. Ele acha que tudo gira em torno do pai dele, mas o pai dele só é tão importante nessa história por causa do que ele era. 

-Você acha que ele vai se sentir culpado?

-Sim. Vai se sentir culpado de uma forma que o outro Bernardo jamais pensou ser possível.

-Você acha que a Flávia vai contar tudo um dia? -Assenti.

-O Bernardo adora perguntar e não gosta quando fica sem respostas. Esse dia vai chegar e quando chegar...

-Quando chegar...? -A Liara me incentivou a terminar a frase.

-Eu não sei... -Olhei para ela. -Não sei se quero estar perto ou se não quero estar perto. Não sei se quero me importar com ele ou se quero tentar uma amizade que eu posso me ferrar no final. Eu só sei que eu não quero que ele sofra.

A Liara escondeu um sorriso que eu fingi não ver. 

-Aconteça o que acontecer, ele vai dar conta. - Ela me puxou da espreguiçadeira. -Ele é forte e mostra isso todos os dias.  Agora vamos entrar nessa piscina, porque eu esperei anos por esse momento. 

Ela foi para a beirada, longe do meu irmão, e pulou, espirrando água para todos os lados. Dei uma risada e fiz o mesmo. 


Ficamos a manhã inteira na piscina, até minha mãe nos chamar para almoçar. Dessa vez meu irmão chorou e gritou pois não queria sair da água. A Flávia veio na varanda ver se estava tudo bem e se poderia ajudar de alguma forma, mas quando entendeu a situação não interferiu. A coisa mais complicada que tem é quando você está lidando com um comportamento disruptivo de uma criança e vem algum adulto que não entende as necessidades e os problemas da criança e se acha no direito de dar pitaco. 

Por fim o Caique saiu da água e fomos para casa tomar banho e comer. Depois do almoço, o meu irmão não pediu para voltar para a piscina, ele preferiu ficar brincando com os tremzinhos dele na cozinha. Eu e a Liara aproveitamos para tomar conta da televisão e ver vários filmes. 

Passamos o resto do domingo vendo filme e conversando, um dos meus programas favoritos.

De repente tudo mudouTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon