Crise

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*- possível gatilho para ansiedade

Assim como todos os dias dessa semana antes de ir para o treino dos garotos, eu e as meninas estudávamos na biblioteca por um tempo. Era a última semana de provas então tínhamos que nos esforçar.

Lâmia não precisava tirar notas tão altas, apenas o suficiente para se manter no time de atletismo, mas eu e Taya dependemos disso para garantir nossas permanências nos dormitórios. Então posso dizer com certeza que não estavam sendo nossos melhores dias.

Tanto psicologicamente quanto emocionalmente, então chegava alguns momentos em que só ficamos em silêncio tentando prover algum conforto apenas com a presença uma da outra. Eu ainda tinha um capítulo para finalizar então dispensei as meninas para irem para suas próprias atividades.

-Tem certeza? – Lâmia perguntou.

-Podemos esperar você terminar – Taya comentou numa animação bem mais baixa do que o costume, as marcas ao redor dos olhos era um vestígio dos dias incansáveis que havíamos tido.

-Sim – respondi – Aproveitem essa meia hora para tirar um cochilo, eu ainda estou terminando.

-Você precisa tirar um descanso gerente-chan – minha amiga colocou a mão no meu ombro e apertou ele de leve antes de sair. – Não exagere.

Assenti com a cabeça e voltei a minha atenção para o livro, a sensação de andar, andar e andar e não sair do lugar me atingindo. Eu já tinha lido a mesma frase algumas vezes sem conseguir me fixar no que as palavras realmente significavam, soltei a caneta e coloquei a mão no rosto na tentativa de ganhar algum foco em seguida passando os dedos nervosamente pelo meu cabelo.

A pressão de ter que fazer isso e entregar aquilo realmente tinha me atingido como uma caminhão, e não ajudava nada os recentes bilhetes que haviam aparecido na minha bolsa recentemente. Em dias diferentes em horários diferentes, mas sempre dizendo as mesmas coisas.

Coisas ruins principalmente.

Pressionei o meu pescoço num ponto específico na tentativa de aliviar um pouco a tensão, não sairia mais nada dali era melhor que eu tirasse alguns minutos então levantando e me embrenhando em meio às prateleiras deixei que minhas costas escorregassem até que eu sentasse no chão. Não estava na área mais popular, mal tinha iluminação naquele setor, alguns calafrios correndo pelo meu corpo abracei meus joelhos apoiando a minha cabeça entre eles.

Me senti afundando no silêncio do local, mas antes que pudesse sucumbir completamente o celular no meu bolso acusou uma mensagem.

-[Nome], onde você está? – Era Kiyoomi, a voz séria com um tom de preocupação entrelaçada.

Não respondi a princípio sentindo o nó na minha garganta se formando – Na biblioteca – nem eu mesma reconheci a minha voz, embargada pelas lágrimas que começavam a cair descontroladamente o aparelho escorregou da minha mão, estava tremendo.

Apertei as mãos na tentativa de retomar as minhas próprias ações, ele havia encerrado a ligação em seguida. Guardei o aparelho novamente e usando a parede de apoio me levantei, o canto que a princípio parecia ser confortável estava se tornando mais escuro. Aqueles corredores sempre foram tão estreitos?

E os livros, seus títulos:


Se afaste.

Espero que caia das escadas

Quero que você morra

Deixe o time de vôlei em paz

Gerente Inútil


Arfei na tentativa de buscar algum ar, o zumbido no meu ouvido se tornando ensurdecedor.

Redamancy - (Sakusa x Leitora)Where stories live. Discover now