As luzes do Japão brilhavam em plena madrugada e a cidade ainda tinha alguns bares abertos e era em um desses que eu estava, como sempre enchendo a cara com a bebida mais cara que tivesse e varando a noite sabendo que precisaria acordar cedo no dia seguinte já que o papai me colocou de gerente geral da sua empresa de vinhos mesmo sabendo que eu adoraria muito mais ser uma dona de adega ou cervejeira do que preencher toneladas de papéis como uma condenada por noites e as vezes até mesmo nos meus horários de almoço.
— Ke, Ke , Ke, Ke....
A risada que eu ouvia há dias continuava ecoando em minha cabeça mesmo fora de casa,bocejei e olhei o dono do bar a minha frente pedindo para que eu saísse que eles já iriam fechar. Grunhi alguns palavrões enquanto pegava minha bolsa e ajeitava minha jaqueta, tirei meus saltos e fui os levando na mão enquanto tentava me manter de pé e lembrar ao menos de algum ponto de táxi, passei a mão pelo cabelo bagunçado e ri um pouco alto fazendo com que as pessoas que estavam do outro lado da rua olhassem. Por alguns minutos vi o que parecia ser um homem vindo em minha direção, estava totalmente vestido de preto e com um cachecol preto e branco, o que me intrigou foi o fato de que ele estava usando mascara e segurava uma taça de vinho em uma de suas mãos.
— Precisa de ajuda senhorita?...
A voz me parecia tão familiar mas ao mesmo tempo parecia que era a primeira vez que eu a ouvia em toda a minha vida, ascenti com a cabeça indo em direção a ele, que se aproximou e segurou minha mão e minha nuca.
— Agora preciso que durma ....
Naquele momento senti uma enorme vontade de fechar os olhos e cada palavra que ele dizia parecia estar mais longe.
