Já faz três semanas desde que o garoto que descobri se chamar Toby simplesmente me largou em um quarto trancado por fora, ele ficou com a minha mochila e meu laptop, as vezes ele vem trazer comida, se é que eu posso chamar essa gororoba com waffles de comida. Recentemente ele começou a trazer meu laptop algumas vezes, mas ele sempre supervisiona o que eu estou vendo e ouvindo e esse foi um desses dias, ele ficava um pouco distante mas era o suficiente para que ele vesse tudo o que eu pesquisava, eu comecei a não me incomodar tanto com isso, em três semanas eu tive três tentativas falhas de fuga, uma delas me rendeu uma torção no tornozelo e alguns arranhões, mesmo que pareça estranho, ele fez uma atadura improvisada e cuidou de grande parte dos meus ferimentos durante esse tempo.
— O-o que é I-isso ai?
Tirei os olhos da tela por um instante e percebi que ele havia se aproximado de mim em uma fração de segundo, tentei me afastar um pouco e lhe mostrei a tela, não sabia se estava interessado no que eu estava vendo ou só desconfiado, ele se sentou ao meu lado e eu o olhei novamente, não tinha percebido que ele estava sem os óculos e o aquecedor, ele tinha uma cicatriz enorme no canto da boca que eu podia ver os dentes de dentro da boca, fiquei o encarando por alguns minutos com as bochechas um pouco vermelhas.
— E-Eu perguntei o-oque é i-isso ai S/N!.
Pisquei os olhos e voltei a ver a tela, naquele momento estava tentando criar um tipo de vírus que poderia se espalhar por meio de anúncios de videos ou sites ou, e também por mensagens, fazendo com que o dispositivo enviasse todas as informações para mim e logo depois travasse completamente.
—Ahm.... Isso aqui é um protótipo de um vírus experimental que comecei a desenvolver há algumas semanas, ainda não tá pronto mas a parte mais difícil eu acabei de fazer.- disse meio baixo.
Ele parecia estar interessado no que eu estava fazendo e começou a fazer várias perguntas sobre o assunto em questão, em um determinado momento seus olhos encontraram os meus mas fiz questão de desviar a atenção novamente para o que eu estava fazendo, eu havia começado a gostar da companhia dele em alguns momentos que ele demonstrava interesse pelo que eu estava fazendo, obviamente ainda estou irritada pelo fato de que esse idiota simplesmente quase me matou, me sequestrou e em cada tentativa de fuga ele tentava acertar um daqueles machados enferrujados em mim, por pura sorte eu ainda não perdi um braço ou uma perna.
— E-Eu queria falar u-uma coisa pra v-você s/n....
Ele me olhava como se quisesse falar algo realmente sério, me virei para olha-lo melhor e engoli seco, ele parecia estar tão nervoso quanto eu.
— Q-quando v-você começou a f-falar comigo, eu só q-queria te m-matar.- Ele pareceu repensar no que havia acabado de dizer porem continuou- M-mas depois d-de conversar com você e-eu percebi como você é i-inteligente, legal e-e engraçada.
Ele se aproximou um pouco mais tocando minha bochecha com as pontas dos dedos com um pequeno sorriso no rosto que fez com que eu sentisse pequenos calafrios percorrerem minha espinha até a nuca. Eu nunca tinha o visto daquele jeito, e muito menos sendo... carinhoso?
— Eu comecei a r-repensar u-um pouco com s-sua estadia a-aqui...E eu p-percebi q-que eu n-não quero t-te machucar. E-eu gosto de você s/n e eu q-quero q-que você f-fique comigo s-se sentir o mesmo.
Me aproximei um pouco mais deixando meu rosto a centímetros do dele, eu o achava bonito, e as vezes ele era extremamente irritante mas mesmo assim ele era um doce comigo quando não estava tentando me seguir até quando eu pedia para ir ao banheiro com medo de que eu fugisse pela janela. Segurei seu rosto com minhas mãos e o beijei com calma.
