Picolés e falta de ar

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O invasor não estava no refeitório

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O invasor não estava no refeitório.

Não que eu estivesse me esforçando para procurá-lo, mas não posso negar que a curiosidade me consumiu.

— Acabou o sabor de chocolate? — Adie pergunta para a senhora que ficava responsável de entregar os picolés na mão de cada um.
Se ela não estivesse nessa função, tudo isso se tornaria uma bagunça.

— Sim, querida. — Responde docemente. Seus olhos são meigos. — O de chocolate parece ser o queridinho de todos.

Seus fios acizentados escapolem da toquinha branca e sua pele enrugada a faz parecer mais velha que a vó de Adie, Dona Germina.

— Mas soube que o de caramelo também é muito bom. — A senhorinha diz após a loira ficar passando os olhos demoradamente pelos picolés para ter certeza de que não sobrou algum. — Experimente e talvez tenha um novo sabor preferido.

— Me parece enjoativo.

— Nunca vai saber se não provar. — Ela estende o picolé. — Tome. Se não gostar, pode voltar aqui e pegar outro sabor.

Adie encara o picolé em sua mão meio hesitante em pegar.

— Mas a fila está enorme, não sei se é uma boa ideia pegar de um sabor totalmente novo e ter que arriscar ir para o final da fila depois. — Concluiu. — Além do mais, quando chegar a minha vez pode ser que não tenha mais outro sabor da minha preferência.

Assisto a senhora devolver o picolé para o frigorífico.

— Então fique a vontade para escolher algum que tenha certeza que goste. Mas tente não demorar muito, seus colegas podem ficar irritados com você.

Adie vira seu corpo para trás fitando a fila colossal e monstruosa por quase todo o refeitório.
Após decidir qual escolher, fomos em direção a alguma mesa que ainda se encontrava desocupada.

— Era para você ter pego também, Fiore.

— Eu não estou muito afim de picolé agora.

— Era só ter me dado.

Viro minha cabeça para a esquerda, fitando a porta da saída. Observo os adolescentes entrando com mais frequência a cada minuto. Menos um rosto novo, um rosto do qual eu não fazia a menor ideia de como seria.

– Ei, Fiore. — Alguém chamou.

Georgie Dickson estava acompanhado de três amigos seus e, apesar de todos eles serem da mesma série que eu no colégio, eu não sabia ao certo o nome de cada um.

— Precisamos conversar. — Murmurou, sentando-se ao meu lado. Seus amigos permaneceram em pé.

Georgie era dono de lindos olhos azuis. Tínhamos a mesma idade e poucos centímetros de diferença.

Céu Sem EstrelasDove le storie prendono vita. Scoprilo ora