Ele é exceção.

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Sento-me na madeira úmida do píer

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Sento-me na madeira úmida do píer.

Já haviam se passado dois dias desde que finalmente obtive a comprovação de quem era o invasor e, daí em diante, nunca mais paramos de nos encontrar por acaso. Tecnicamente quem forçava esse tipo de acaso era eu, mas ainda sim, isso não era um problema para mim. Tenho certeza que tudo estava ocorrendo de uma forma muito natural.

A ideia era fazer com que ele pensasse que esses encontros constantes e bastante frequentes fossem armadilhas do destino. Porém quanto mais eu o encontrava, mais eu ficava obcecada com sua beleza de morrer e, enquanto isso, o invasor parecia me ignorar cada vez mais.

Era torturante.

Eu tinha a sensação de que o garoto parecia me enxergar cada vez menos.

Me pergunto se foi porque pisei em seu pé propositalmente. Ou se pela enorme mancha de molho de tomate que deixei cair intencionalmente em sua camiseta no horário do almoço de ontem.

Bom, de qualquer forma, eu estava começando a ficar incomodada.

Acho que o fato dele ter invadido o refeitório durante a madrugada não me importava tanto agora, já que o loiro era bonito o suficiente para fazer com que eu ignorasse completamente isso.

— Ele é mais velho. — Adie reforçou pela quarta vez desde que eu o mostrei para ela.
A garota não se agradou nadinha quando se deu conta do quanto eu estava atraída por um adolescente que invade refeitórios.
Ele ser bonito e atraente era o suficiente para que eu esquecesse desse detalhe, mas isso nitidamente não era grande coisa para ela. — E você sabe o que os caras mais velhos gostam.

Volto a encarar seus olhos na espera de que a garota esclareça melhor e é exatamente isso o que ela faz:

— Peitos. — Ela sopra. — Garotas com dois melões dentro de seus sutiãs. É por isso que ele permite que aquela menina fique em seu pé o tempo todo. Peitos é tudo o que ela tem.

Faço uma careta ao mesmo tempo em que levo minhas mãos até aos meus seios ilusórios. Eu usava sutiã com bojo mas isso infelizmente não adiantava muita coisa.
Eu havia crescido excessivamente desde o ano passado, mas infelizmente apenas para cima.

— E muito beijo na boca. — Ela completa, antes de franzir os olhos em desafio. — Você sabe beijar?

Adie sabia que não. 

— Selinho conta? — Minha pergunta não é seria. Eu sabia diferenciar um beijo de língua com apenas um encostar de lábios. — Georgie é um idiota mas conseguiu me ensinar essa parte. — Analiso com humor.

— Sabe qual é a pior parte? — Ela questionou, se aproximando ainda mais antes de revelar um segredo. Talvez a intenção dela fosse ser discreta e falar baixo. Mas Adie não sabia ser discreta e muito menos falar baixo. — Eles beijam de língua ao mesmo tempo que gostam de apertar nossos peitos, Fiore.

Me encolho constrangida girando o rosto para todos os lados possíveis para certificar-me de que ninguém houvesse escutado.

— Como sabe de tudo isso?

— Há muitos vídeos assim no computador do meu irmão. — Revelou, simplesmente. — Ele assiste pornô e esquece de fechar, as vezes.

Observo-a se levantar e descer seu short jeans, ficando apenas com seu maiô amarelo de girassóis.
A garota dá alguns passos para trás antes de correr e pular em direção ao lago, fazendo com que grossas gotas respingassem em mim.

Eu poderia ter reclamado sobre isso, porém empaco pensativa enquanto seu corpo se mantém submerso por alguns segundos.

— Eu nunca deixaria alguém apertar meus peitos, Adie. — Balbucio, quando sua cabeça volta a ficar visível para fora.

— Eu também não. — Assinto ao me colocar de pé, prestes a pular no lago escuro. — Mas tente ficar longe.

— Dele?

— Sim, do invasor.

— É só um adolescente rebelde.

— É um delinquente, Fiore.

Balanço a cabeça negativamente sincronizando com um risinho nervoso, tentando controlar meus pensamentos a desconsiderar essa hipótese.

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