Jogo do Cúpido

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Estávamos na janela do quarto

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Estávamos na janela do quarto.

Adie se protegia do dia ensolarado que brilhava lá fora, enquanto eu, disfarçava ao secar o invasor que jogava conversa fora com alguns adolescentes de sua idade.

Com seu corpo sendo iluminado pela luz do céu, ele parecia uma criatura divina. Um anjo sublime prontamente prestes a fazer um milagre.
O loiro estava em pé bem próximo ao lago e sua camiseta pendurada no ombro deixava todo seu abdômen exposto, o início de gominhos estavam começando a se formar naquela região.

Sinto o céu se fechar a cima da minha cabeça quando a garota da beleza visivelmente chocante se aproxima dos demais.
Eu não sabia dizer se eles tinham realmente alguma coisa, mas ter que observá-los juntos quase o tempo inteiro era uma profunda tortura angustiante.

— Tá afim de frequentar a aula preparatória de escalada hoje? — Questionou Adie. — Ouvi dizer que é bem legal.

— Talvez amanhã.

Giro o calcanhar e me sento na cama; com os pensamentos tumultuados e o coração apertado.
Fita-los tão próximos um do outro era como uma faca sendo cravada em meu peito.
Eu me sentia invisível, como se eu não existisse para ele. Era uma dor insuportável, mas eu não podia fugir dela. 
Me acomodei na cama ainda mais, sentindo a maciez dos lençóis e o conforto do colchão.
A cama é estreita, mas os travesseiros em suas diversas formas engraçadas me envolviam em um abraço acolhedor.

A fogueira tinha acontecido na segunda, mas durante os dias que se seguiram, continuei tentando chamar sua atenção.

Foi inútil todas as tentativas.

Me perguntava o que havia de errado comigo. Por que ele não me via da mesma forma que eu o via?
Eu me sentia insuficiente e insignificante aos seus olhos, e isso doía profundamente.
Eu faria qualquer coisa para que ele gostasse de mim, para que me visse como a pessoa especial que eu acreditava ser.

Enquanto me afundava em meus pensamentos, minha mente começou a viajar pelas histórias de amor que mamãe costumava contar. Ela e meu pai tinham uma conexão tão forte, um amor que parecia transcender o tempo e o espaço. Eu desejava desesperadamente ter algo assim, uma história de amor.

— O cúpido acabou com você.

O murmuro de Adie soou e eu abri os olhos para encara-lá. Nos últimos dias a garota tentou de todas as formas me alertar, mas nesse momento, provavelmente deve ter decidido em não mais dar palpites. Agora ela só aceitava e reprovava em silêncio.

— Seria legal se o cúpido também tivesse acertado a flecha nele. — Suas palavras fluíram como se aquilo fosse bobagem, mas algo se acendeu em mim.

Céu Sem EstrelasWhere stories live. Discover now