Notícias boas- 28

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Entramos no carro com um clima de tensão, Marcella está cabisbaixa e parece estar bem pensativa. Isso me deixa um pouco nervoso, não vou dizer nada vou esperar ela me falar.

Giro a chave só para ligar o ar condicionado. Vai que ela solta alguma coisa.

Marcella: Breno.- sabia.- estou pensando em voltar para Ji-Paraná.- continuou cabisbaixa.

Breno: é o medo dele de te encontrar?- engoliu seco e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.

Marcella: talvez. Mas é também para eu ver a minha irmã e voltar a morar lá.- ela finalmente me olha.- só que não quero ir sozinha e nem morar com os meus pais.

Breno: você está me chamando para eu ir junto?- assentiu.- mas e as meninas?

Marcella: eu não sei se elas voltariam, elas estão tão bem e comigo longe. Vai ser mais seguro.- encosto no banco.

Breno: eu te disse e repito, o problema não é você e sim aquele psicopata. E é bom perguntar para elas se querem ir ou não.

Marcella: estou com tanto medo.- começou a chorar, eu a abraço.- não me deixa sozinha. Por favor, você é o único que eu consigo confiar.- essa frase me faz sentir um aperto no coração.

Eu disse isso uma vez para o meu tio quando ele ia me visitar enquanto morava com os meus pais. Ele foi e é o único que eu confio e entendo muito bem o que a Marcella quis dizer. É desesperador e assustador, você não sabe o dia de amanhã e se tiver alguém ali, do seu lado. Você sente mais seguro e com o meu tio era assim. Até hoje na verdade.

Breno: pensa direito se você quer ir embora mesmo.- faço olhar para mim.- como conheço um pouco dos seus pais, eles com certeza não vão querer que a gente more sozinhos, eles vão parar de pagar a sua psiquiatria porque vão ter que pagar o aluguel se deixarem. Não adianta aonde você for, ele vai atrás.- seco as suas lágrimas.- podemos ir ver a sua irmã, o que acha?

Marcella: vou pensar melhor.- se ajeitou no banco.- vamos trocar de assunto por favor.

Breno: não sei se é bom momento para falar mas...- fico tenso.- quer dizer, deixa quieto.

Marcella: começou, agora termina.- diz em tom sarcástico e sorri.

Breno: consegui denunciar os meus pais. De novo.- ela sorri ainda com o rosto inchado.

Marcella: que bom, eu acho. Não sei o que dizer.- sorri fraco.- isso não é bom. O que houve?

Breno: eles apenas vão ficar alguns meses e depois serão soltos. Porque não tenho provas e aquelas provas são muito antigas e não aceitam mais.

Marcella: isso é um sinal para você ver eles e conversar.- forço o maxilar.

Breno: eu...eu...não posso.- seguro o choro.

Marcella: por que não?

Breno: porque não me sinto pronto, mesmo que estejam sóbrios. Eu acho. Não consigo, tudo volta a tona e isso me machuca num tanto que fico semanas trancado no quarto não querendo falar com ninguém.

Marcella: vamos fazer assim.- pegou a minha mão.- primeiro vamos ver a minha irmã e depois voltamos e vemos eles.

Breno: essas palavras com plurais se refere a nós dois?- assenti.- eu não sei se é uma boa ideia Marcella.

Marcella: eles não estão na cadeia?- confirmei.- eu fico com os seus tios e você vai até eles.- bufo encostando no banco dando partida definitivamente.

Breno: quando voltarmos de Ji-Paraná penso melhor.- sigo em direção para casa.

Marcella
1 semana depois

Te Quero {EM ANDAMENTO}Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum