Capítulo: 14

335 33 0
                                    

Gabriel Narrando

Depois que terminei de organizar a biblioteca, procurei um livro que eu gostava e comecei ler algumas páginas, depois de horas ali sentado lendo, peguei o balde e o rodo e desci as escadas, no sofá estavam Manuel, Jéssica e Samuel dando altas risadas, passei por eles, e segui para a cozinha atrás da minha mãe que ainda conversava com a Val

- mãe, já terminei com a biblioteca - falei colocando o balde e o rodo encostados na parede

- agora, vá dar uma volta, respirar um pouco de ar fresco - falou ele sorrindo para mim

Sai da cozinha, e comecei a caminhar pela casa, subi as escadas e no teto havia uma outra porta, acho que dava acesso para o sótão. Pulei para abrir a portinha, mas não a alcançava, peguei um banco em meu quarto e puxei a corda, quando as escadas desceram coloquei o banquinho em meu quarto novamente e subi as escadas, ao chegar estava tudo escuro, peguei uma lanterna que havia trazido comigo por precaução, acendi a mesma e pude notar a bagunça daquele lugar, me aproximei de uma caixa que estava aberta e dentro dela possuíam alguns albuns de foto, peguei um dele na mão, e comecei a passar, quando do nada escuto um barulho. Direcionei a lanterna para o local

- quem está aí ?- perguntei com a lanterna no local onde teve movimento

- quem é você ?- perguntou uma outra pessoa

- eu sou o filho da empregada - falei com aquela pessoa

- eu sei que você é filho da Olinda, eu venho te observando a dias - falou a pessoa me surpreendendo

- o que você faz aqui nesse sótão ?- perguntei procurando pela pessoa

- eu vivo aqui - falou a pessoa se aproximando de mim

Quando a pessoa apareceu em frente à lanterna, pude notar que se tratava de um garoto que tinha em média 15 anos de idade, ele estava muito sujo por sinal, e também parecia estar com um pouquinho de sono

- o que houve com você ?- perguntei encarando o garoto

- se eu te contar, você não vai nem acreditar - falou ele sorrindo para mim

- pode contar, depois do que eu descobri nessa casa. A notícia que aparecer não vai passar de apenas uma brisa básica - falei dando um meio sorriso

O garoto caminhou para os fundos do sótão, e ali podia se encontrar uma mini cabaninha, tinha um colchão para que ele pudesse dormir, eu um prato vazio no chão, puxei um caixote que estava ali perto e me sentei, o garoto se sentou no colchão

- há 8 anos atrás, a Magda e o Pedro precisavam de um herdeiro, por que a Magda não pode ter filhos. Eles foram até o orfanato em que eu morava e me adotaram, uns meses se passaram, morar com eles era a melhor coisa do mundo, até que a Magda descobriu que eu vinha de uma família muito pobre, ela me trancou aqui nesse sótão e disse que a partir daquele dia, aqui seria a minha casa, ela subiu somente um colchão e um prato vazio, a Magda falou para o Pedro que tinha me devolvido para o orfanato, e o Pedro como era muito sonso naquele época acreditou na mulher, eu era obrigado a passar fome e sede e as vezes quando ela vinha me dar comida era restos de carcaças ou cabeças e rabos de peixe, e eu ainda era obrigado a comer com a mão, isso quando ele não jogava a comida ou a água no chão para que eu pudesse Lamber igual a um cachorro- falou ele já chorando

- gente que absurdo, essa mulher só pode ser louca - falei passando a mão no rosto

- o Samuel e o Manuel, eles dois deram muita sorte. Por que se eles tivessem vindo de uma família pobre igual eu, nesse momento eles estavam aqui em cima me fazendo companhia - falou o garoto dando um meio sorriso

- mas é por que você não fugiu ?- perguntei encarando o menino

- eu tenho uma irmã, hoje ela deve ter 17 ou 18 anos, naquela época ela também tinha sido adotado por um casal que morava na Inglaterra, a Magda procurou registros e disse que se eu tentasse fugir ela iria cortar o pescoço da minha irmã que naquela época tinha seus 10 aninhos de idade - falou ele olhando para seus pés

- que mulher psicopata - falou quase gritando - mas ninguém nunca subia aqui ?- perguntei olhando para ele

- não, a Magda nunca deixou ninguém subir aqui em cima, e por isso que as outras caixa de coisas mais relevantes ficam no porão - falou ele ainda olhando para seus pés

- olha, eu posso te ajudar. Não posso te tirar desse sótão ainda, mas no meu quarto tem uma entrada de ar, será que você não conseguiria chegar até ela ?- perguntei olhando pra ele

- eu fiquei aqui emcima por anos, e eu já andei por essa casa inteiras através dos dutos de ar, e é claro que eu sei chegar no seu quarto, aliás desde quando você chegou, eu venho te observando- falou o garoto me assustando

- então você.....- parei de falar quando fui interrompido por ele

- quando você estava saindo do banheiro, ou acabando de acordar eu te deixava na sua privacidade. Desde quando você chegou aqui eu nunca sequer vi o seu menino aí embaixo- falou ele apontando para meu pênis

Respirei aliviado, imagina se aquele garoto já tivesse me visto pelado

- ahh, esqueci de perguntar. Como se chama e quantos anos você tem ?- perguntei encarando ele

- eu me chamo Átila, e tenho 16 anos- falou ele sorrindo para mim

- então Átila, quando for umas 19:30 da noite você vá para a entrada de ar que fica em meu quarto, eu vou pegar uma chave de fenda para retirar os parafusos, você tem relógio por aqui ?- perguntei encarando ele

- Sim, tem alguns relógios antigos que a família nunca usou, estão ali naquela caixa, e um milagre ainda estarem funcionando - falou ele sorrindo levemente

- talvez os relógios não sejam a pilha, sei lá esse povo rico tem cada modinha - falei dando uma gargalhada leve - agora eu preciso ir, até mais tarde - falei me levantando do caixote

- até - falou ele me dando um leve aceno de mão

Desci as escadas sem que ninguém me visse, caminhei até meu quarto e peguei um livro para disfarçar. a cada dia que eu fico nessa mansão eu descubro mais coisas, eu já estou me sentindo um Sherlock Holmies.

O filho da nossa empregadaKde žijí příběhy. Začni objevovat