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   Você tá melhor?

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   Você tá melhor?

Me peguei há mais de duas horas encarando aquela mensagem.

Ninguém nunca me perguntava isso, ninguém nunca se importava o bastante para isso ou eu nunca dava intimidade o suficiente para esse tipo de pergunta. Mas com ela foi diferente. Foi um ato sobrenatural. Em uma noite qualquer, num bar qualquer, no acaso do destino, eu a encontrei e apenas vomitei detalhes que eu nunca confidenciei a ninguém.

Trocamos nossos números e regularmente trocamos mensagens. Aquela mensagem era a primeira que ela me perguntava se eu estava bem, depois de vomitar coisas nela — ao qual ninguém sabe. Ninguém. E agora, eu me sentia na obrigação de responder a maldita mensagem, mas não sabia como.

Eu não queria trazer aquele assunto à pauta. Porque me incomodava como mil agulhas no meu corpo. Eu nunca falei aquilo a ninguém e o fato de ter dito a ela, me incomodava. Eu não queria ter dito, para ela não achar que tínhamos uma espécie de ligação emocional. Porque não tínhamos.

Pensar em ignorar aquela mensagem fez um incômodo gigantesco nascer no meu peito. Por fim, suspirei fundo e visualizei a mensagem

Estou seguindo. Não posso parar.

Fiquei chocado com a rapidez com que uma resposta veio. Era como se ela estivesse esperando a minha mensagem.

Quer conversar?

Aquilo estava muito estranho.

Eu nunca deixei ninguém se aproximar como eu deixei a garota de cabelos ruivos. Eu a conhecia há menos de um mês e mesmo assim, não éramos íntimos. Mas mesmo assim, ela sabia mais do que Kurts que era o meu melhor amigo ou Selena que era a minha foda há três anos.

Isso estava errado. Era como se eu estivesse em um terreno minado. Onde eu daria a confiança a ela e no minuto seguinte, tudo pudesse explodir e destruir tudo o que dei a ela.

Mas por alguma razão, eu não queria tirar a mínima confiança que dei a ela, a mínima intimidade. Eu queria continuar. No começo eu só queria trepar com a Coralee, mas agora, eu queria algo além disso. Eu não queria um relacionamento, longe disso. Eu queria amizade. Porque eu sentia que nela, eu poderia depositar a minha confiança sem  medo.

Sorri, o que foi estranho, ao digitar uma resposta.

Que tal eu te buscar pra gente conversar?
Pego você às oito.

Sem esperar por uma resposta, guardei o celular ao avistar Selena caminhar em minha direção.

Ela se aproximou e enganchou os braços ao redor do meu pescoço. Minhas mãos foram para a sua cintura e segundos depois, apertei sua bunda gostosa.

— Você estava sorrindo para o celular — sorriu, ao mordeu meu lábio inferior. — Com quem você conversava?

Essa cobrança de Selena me irritava muito. Ela sabia o que tínhamos, sabia que era sexo e nada mais. Mas por algum motivo, não entrava na cabeça dela que ela não tinha direito de me perguntar nada e vice-versa. Eu não perguntava nada, pra ela não perguntar. Mas essa porra não entrava na cabeça dela.

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