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       Eu odiava fazer compras em supermercados

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Eu odiava fazer compras em supermercados. É uma tortura ir até o supermercado com uma lista e ficar empurrando um carrinho, enquanto escolhemos os alimentos. Era torturante. Mas eu não tinha escolhas. Moro sozinho e se eu não fizesse compras, ninguém faria. Então tive que me sacrificar.

Dirigi até o supermercado mais próximo e peguei um carrinho, não fiz uma lista, porque eu não compraria muita coisa. Seria o básico do essencial. Comecei na seção de enlatados, peguei milho, salsinha, molhos e temperos. Depois peguei produtos higiênicos e de limpezas. E por um acidente, acabei caindo de paraquedas na sessão de bebidas alcoólicas. E a minha mão criou vida própria e acabou pegando uma vodca de marca ruim e um uísque barato.

Saí daquela sessão e fui para os freezers. Me abaixei para pegar ervilhas congeladas e de longe, ouvi aquela risada perfeita. A risada dela. Desde que saímos pela primeira e última, comecei a ignorar a Cora. Um ato totalmente infantil. Mas a verdade era que eu não sabia como agir com ela. Eu não sabia o que fazer ou o que falar. Então resolvi ignorar as suas mensagens e devo ressaltar, foram muitas.

Tentei ao máximo me esconder entre as pessoas que estavam por ali, para que ela não me visse. Mas sem sucesso, porque seus olhos bateram em mim. Cora não falou comigo, ela apenas me olhou, acenou e seguiu atrás de Kalíope que fez questão de me ignorar.

Porra, ela não fazer questão de mim, doeu. Um aceno. Um mero e fodido aceno. Nada mais. Nem um sorriso ou abraço como ela sempre fazia, apenas um aceno. Tudo bem que eu estava ignorando-a, mas ela tem o dever de falar comigo.

Puto da vida, deixei o meu carrinho para trás e tentei achar ela. Por sorte ou azar, não encontrei nenhum rastro de sua presença. Voltei para trás e peguei meu carrinho, fui até o caixa e paguei tudo. Joguei as sacolas de qualquer jeito no banco do passageiro e segui direto para casa.

Eu tentei seguir direto para casa. Mas como o idiota que sou, me vi parado em frente à casa de Cora. Parei o carro do outro lado da rua e fiquei ali, esperando o que eu não sabia exatamente. Mas eu precisava olhar para ela, nem que fosse de longe.

Eu tinha plena ciência que ela só acenou para mim, porque eu a estou ignorando. Se eu não estivesse fazendo isso, ela teria me abraçado e conversado comigo. Mas não. Eu tinha que ser o babaca de sempre.

Esperei e esperei. Mas nada de anormal aconteceu. Me lembrei que eu estava igual um maldito psicopata e saí dali, indo direto para casa. Em casa, foi o prazo de jogar as compras sobre a mesa da cozinha para que eu pudesse sacar meu celular do bolso. Fui até o contato dela e disquei o número.

Eu precisava dela. Era meio absurdo porque eu a conheço pouco. E foi surreal a necessidade que precisei tê-la comigo. Não era de modo malicioso. Era um modo singelo. Eu queria sentar e conversar, porque ela é a única pessoa que me sinto à vontade para conversar. Não eram coisas sinceras — da minha parte, pelo menos — mas eu gostava de sentar e ouvir ela falar.

Me perdi em pensamentos e voltei ao mundo quando a voz dela vibrou o meu corpo.

— Oi.

— Oi, Coralee — falei, odiando como a minha voz saiu ansiosa. — Está tudo bem?

— Sim.

— Você tá livre? Eu queria te ver.

— Nos vemos no supermercado, há poucos minutos, Ben — respondeu, com a voz abafada, como se estivesse tapando o celular.

Suspirei passando as mãos pelo cabelo, me arrependendo de ter ligado.

Eu era eu. Bennet Miller. Eu não precisava ficar ligando, correndo atrás de ninguém. Porque as pessoas corriam atrás de mim. E naquele momento o arrependimento bateu, árduo e sôfrego.

— Você tá livre?

— Não, vou trabalhar.

— Nem para um sorvete? Eu gosto de sorvete de baunilha — não sei o porquê de ter revelado aquilo.

— Você sabe de onde vem a baunilha? — perguntou divertida.

— Não estrague isso, Coralee, por favor. É nojento de lembrar.

— Ok, prometo não te lembrar — prometeu, animada. — Podemos tomar sorvete às quatro, que tal?

— Pode ser.

Eu fiz tudo errado. Acabei com a Cora. Acabei com nós dois. Mas não importava o dia, a hora ou a circunstância, Coralee sempre vinha quando eu chamava. E esse foi o seu pior erro.

é, eu sei! Sumi do nada

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é, eu sei! Sumi do nada.

CHAOS THEORY Where stories live. Discover now