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      — Chiclete com cobertura de kiwi?

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      — Chiclete com cobertura de kiwi?

Estávamos sentados na sorveteria em frente ao parque, há mais de vinte minutos. Bennet ainda seguia chocado com o meu sabor preferido de sorvete.

O dia estava relativamente quente. Era quase uma amostra grátis do inferno, o lugar onde a maioria que conheço irá. Eu estava com o meu uniforme do Stack — bar onde eu trabalho pela noite — porque depois daquele sorvete, eu iria trabalhar. Eu pensei em recusar o convite dele, mas estava calor e ele iria pagar o sorvete, apenas juntei o útil ao agradável.

— Eu me decepcionei com você. Fala sério! Quem gosta de sorvete de chiclete com cobertura de kiwi?

Rolei os olhos e passei a língua pelo sorvete.

— Eu gosto. E é a melhor combinação.

— Parece combinação de grávida.

Fiz uma careta, porque de fato, parecia um desejo de uma mulher grávida. Mas eu não era uma grávida.

— Para mim, parece mais combinações de crianças lombriguentas.

A risada forte, imponente e grossa dele vibrou cada célula do meu corpo. Era engraçado. Porque, nós nunca tivemos nenhum contato íntimo e era como se o meu corpo reconhecesse o dele há milhares de quilômetros.

Bennet estava estranho. Mais que o normal, pra ser sincera. As vezes eu o pegava me olhando de um jeito estranho, de uma forma como nunca me olhou. E de algum jeito, isso me deixava tonta e de pernas bambas. Ele sorria e chegava mais perto de mim, sempre me tocando de algum jeito. Toques simples no braço, joelhos se esbarrando ou uma mão no meu joelho. Ele estava construindo uma coisa entre nós mesmo sem saber e eu estava amando aquilo tudo.

— Como você tá? — desde que nos sentamos, eu não tinha feito essa pergunta a ele.

Bennet levou a colher com sorvete na boca e me olhou, depois desviou os olhos de mim. Não consegui ver sua expressão, mas quando virou o rosto para mim novamente, tinha um sorriso forçado.

— Quinta tem uma corrida, você vai?

Ele estava mudando de assunto novamente. Isso era um maldito hábito. Quando Bennet disse sobre si, uma única vez e foi a primeira e última. Nunca mais ele se abriu para mim ou mostrou sua vulnerabilidade. E se eu o perguntasse, como agora, ele entrava em outro assunto, para não responder.

E eu deixava, porque eu detestava ser invasiva ou chata. Se ele não queria falar, eu aceitava.

— Não sei — respondi, lambendo a minha colher com sorvete.

— Eu quero você lá — acariciou o meu braço e me lançou um sorriso singelo. — Você precisa estar lá.

Sua última frase foi frisada muito bem. E eu não era boba e entendi que ele me queria mesmo na corrida.

Abri um sorriso arteiro.

— Eu posso até competir e ganhar de você, novamente.

O sorriso que ele me lançou não foi  gentil. E não consegui distinguir qual era.

Tinha uma coisa em Bennet que o fazia ser um idiota. E essa coisa era que, nunca, em hipótese alguma, ele sabia perder. As corridas, por exemplo, era uma coisa sagrada para ele e perder não estava nos planos. E quando alguém o ameaçava, mesmo que brincando, ele não sabia ser gentil.

— Para o seu bem, não diga isso novamente.

Eu me calei, ficando totalmente sem graça.

Me levantei, jogando o copo descartável no lixo. Coloquei minha bolsa no ombro e olhei para ele.

— Eu preciso ir, tá na minha hora.

Ele se levantou, limpando a calça jeans.

— Quer uma carona?

— Não — neguei, veemente. — Até mais!

Girei nos calcanhares e comecei a andar, sentindo seu olhar no meu corpo. Quase tropecei e fiquei extremamente desconcertada.

— Cora!

Ouvi o seu chamado e me virei, olhando ele correr até mim.

— Amanhã, eu e você, vamos sair.

Apenas concordei e continuei a andar. E de repente, uma ansiedade corroeu cada pedaço do meu corpo, fazendo minhas pernas tremerem e meu coração bater forte.

 E de repente, uma ansiedade corroeu cada pedaço do meu corpo, fazendo minhas pernas tremerem e meu coração bater forte

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fiquei sabendo que tinham crianças chorando por atualização...

CHAOS THEORY Where stories live. Discover now