Enjoy The Silence

O Começo da Noite

– Sem essa, cara! – disse Nathaniel inconformado. O ruivo convidara o amigo para beberem na próxima sexta, mas o azulado estava relutante. No sábado daria aula particular e não seria agradável comparecer ao compromisso de ressaca – Só uma cerveja com meia porção e já vou estar satisfeito.

Ambos atravessaram a rua quando o sinal de pedestres abriu. Fazia algum tempo que não caminhavam juntos. Desde o lycée, dificilmente ele via alguém que frequentou a mesma escola –, além do fato dele ser o mais velho da turma de amigos.

Luka revirou os olhos claros se divertindo com a insistência dele. – Meia porção – debochou – Se vou sair de casa pra beber quero no mínimo umas três porções de batata.

– Fechado – Nat lhe dirigiu um sorriso contente.

– Ótimo, você paga – dito isso começou a andar mais rápido, deixando o ruivo tapeado para trás.

– Luka, você é mais traiçoeiro do que uma cobra! – gritou ao longe, causando uma crise de risos no mais velho que apenas acenou de volta sem olhar para trás – Se soubesse quem vai estar lá não estaria tão relutante – sussurrou para si com um sorriso travesso.

Luka sairia com ele e Marc, esperaria os dois entrarem em uma conversa sobre os próximos trabalhos que fariam juntos e sumiria antes que a inveja tomasse conta de si e os assuntos íntimos do casal surgissem. Era o único que não tinha um par, porque independente de poder escolher quem quisesse, seu coração ainda insistia em uma pessoa.

~*~

– Marinette! – Alya chacoalhou o braço da azulada enquanto ria da situação. A mulher trabalhava no vestido de noiva da melhor amiga – Por favor, vamos!

– Alya, não se mexa tanto! – respondeu ao retirar os alfinetes da boca e colocá-los sobre a mesa de seu ateliê improvisado no escritório de seu pequeno apartamento alugado – Só mais uns ajustes e ficará perfeito! – ela ajoelhou diante da barra para arrumá-la. A morena aguardava uma resposta pacientemente, sabia que a melhor amiga responderia hora ou outra – Você sabe que não sou muito fã desses lugares – respondeu por fim.

– Eu sei! Mas é um pub muito bonito, sei que vai gostar.

– O que está tramando, Alya? – perguntou calma, diferentemente da Marinette de anos atrás. Tão diferente, tão madura – Está insistindo demais nesse assunto – ela nem se deu ao trabalho de olhar a amiga embasbacada com sua percepção aguçada.

– Eu só quero beber umas com a minha melhor amiga antes que ela suma de novo! Quando você voltar é capaz até de eu já ter meu primeiro filho.

– Você nem quer ter filhos, Alya.

– Exatamente – cruzou os braços pela ótima analogia.

A azulada suspirou e olhou divertida para a amiga – Por que eu sempre faço o que você quer?

– Porque você me ama.

– Agora entendo o que Sabrina passava com a Chloe no lyceé – dramatizou. – Diga-me, como está o Nino com toda essa história de casamento?

– Incontrolável! Ele parece bem mais animado do que eu! – gesticulou para si própria, inconformada.

– Não diga isso. Levante um pouco os braços – Alya obedeceu, Marinette prendeu a lateral com um retalho grande de renda para ver se ornaria com o que a amiga pedira – Vocês têm formas diferentes de demonstrar os sentimentos.

Alya pegou as mãos da amiga e a olhou com um sorriso terno – Desde quando se tornou assim tão segura? Sinto que não sirvo mais pra te dar conselhos!