Marcas do Passado

66 8 2
                                    

Porque quando você me desdobra e diz que me ama
E olha nos meus olhos
Você é a perfeição, minha única direção
É fogo em chamas
Oh, é fogo em chamas
(Fire On Fire - Sam Smith)

~*~

2012, Colégio Françoise Dupoint, Paris. 9 horas e 20 minutos.

Os corredores do colégio ferviam de alunos que andavam apressados de um lado para o outro, finalizando projetos, colando cartazes motivacionais para os vestibulares, arrumando os armários ou sentados no chão estudando para as últimas provas.

Marinette apressou o passo, desviando de um grupo ou outro que se reunia na porta de seus clubes correspondentes. Ela se recordava de escolher estudar ali pela variedade de atividades extracurriculares que poderia optar.

Carregava pastas catálogo grossas e pesadas, cheias de fotos e anotações. Ainda precisava concluir dois projetos: um no clube de Jogos Virtuais e outro no de Teatro – na qual escolheu fazer parte dos bastidores, criando e desenvolvendo figurinos.

Que época mais inoportuna para ajudar Alya com o anuário. Ainda tinha a missão de passar em mais algumas salas divulgando a data final das sessões de foto, no entanto, o material pesava em seus braços, queria organizar aquilo para ficar mais tranquila.

Um garoto passou correndo ao seu lado, na direção contrária, com um caderno de capa preta na mão. Seu braço estava estendido para cima como se não quisesse que alguém tomasse dele. Segundos depois Nathaniel e Marc passaram correndo por ela, sem notarem sua presença. Pelo visto mais um espertalhão estava judiando de seus amigos.

Ela suspirou, não podia ajudá-los agora, possuía seus próprios problemas para resolver. O sinal tocou e por estar distraída olhando o último lugar que vira os meninos, não viu quando uma multidão de alunos passou por ela, alguns deles derrubando as pastas no chão, sem nem perceber.

Marinette fechou os olhos por dois segundos para recobrar a calma, com as mãos posicionadas na cintura. De qualquer forma aqueles papéis não estavam devidamente organizados e, provavelmente, ela os jogaria mais cedo ou mais tarde, mas não no chão, e sim, numa mesa qualquer de alguma sala de aula vazia. Não teria as próximas duas aulas, ficaria tranquila quanto ao tempo.

Ajoelhou-se no chão, notando que suas pernas doíam de tanto andar de um lado para o outro.

Um par de all-stars pretos entrou em seu campo de visão e rapidamente mãos gentis a ajudavam a recolher tudo.

– Dia difícil?

Ela não necessitava olhar para cima, sua voz era inconfundível, a conheceria a quilômetros de distância.

– Bem, já tive piores.

– Você parece cansada, na verdade.

A Dupain-Cheng ergueu o queixo. Ele estava ali, agachado a sua frente com seus 1,82, os cabelos pretos de pontas azuladas – que chegavam a tocar o ombro de tão compridos, – estavam presos em um rabo de cavalo com a franja solta. As roupas costumeiras o destacavam no colorido do corredor. Em geral, usava cores monocromáticas, seu all-star inseparável, calça jeans rasgada no joelho e cinto de rebite. Suas roupas explanavam sua personalidade única, ocultando uma parte que poucos conheciam.

Os olhos de Luka Couffaine percorriam cada centímetro dela, na realidade, ele parecia compartilhar do mesmo estado de espírito, pois, assim com ela, haviam marcas arroxeadas sob os olhos, claros sinais de noites mal dormidas. Normalmente, ele não sorria, suas expressões eram neutras, mas ela notara nos últimos tempos que conseguia arrancar risadas dele. Era raro, mas conseguia.

Enjoy The SilenceWhere stories live. Discover now