Capítulo 170

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Dulce= Sel? – aproximou-se dela.

Selena= Hey, Dul! – a morena lhe deu um beijo no rosto, e sentou-se de frente para ela.

Dulce= Chegou há muito tempo? Tentei não me atrasar. – sem jeito. – Mas como boa brasileira que sou, eu sempre me atraso.

Selena= Não tem nem cinco minutos, não se preocupe. Eu queria muito que viesse. – suspirou. – Precisava conversar.

Dulce= Você sabe que, no que eu puder, vou te ajudar. – a cunhada assentiu. – Já pediu algo pra comer?

Selena= Não, mas meio que estava de olho em um prato. – girou o cardápio para a amiga. – O que acha?

Dulce= Eu adoro massa, está perfeito. – concordou logo.

Fizeram o pedido, e Dulce aproveitou para emendar também um suco de abacaxi.

Dulce= Então... – bebeu um pouco do suco. – Como você está, depois de ontem?

Selena= Pra ser sincera, não consegui pensar muito em como as coisas aconteceram. Maite foi tão... tão grossa! Eu não a tratei de forma grossera. – sentida. – Eu não gritei com ela, e aí de repente... Digo, ela... ela sempre teve ciúmes do Christopher, mas... sabe? – sem conseguir explicar. – Tem muitas coisas que eu não concordo com ela, mas nem por isso saio gritando.

Dulce= Acho que esse é o problema. – encarou-a.

Selena= Eu não grito? – franziu a testa.

Dulce= Não. Você não faz nada. Tipo, nada. – nervosa. – O que quero dizer é que você não fala, você não tenta, você não interage, você não parece se esforçar pra mudar as coisas. E isso é realmente insuportável pra eles. Pra toda a sua família.

Selena= É muito difícil. É complicado voltar a comer, dormir e acordar todos os dias, lutar pra se atualizar de tudo o que eu perdi, encarar o quanto o mundo mudou, o quanto a minha família mudou, o quanto a vida das pessoas que eu amo mudou. Isso tem sido muito difícil pra mim. – sincera. – Mas não é o mais difícil, eu assumo. Não é pior do que ter que acordar o Miguel pra poder ir ao banheiro, sabe? Não conseguir andar sozinha, não poder dirigir e sair pra trabalhar. Dulce, a minha vida era ótima! Eu não tinha nada pra reclamar. Talvez da namorada ingrata que o Christopher tinha, mas isso era tão pouco perto do quão feliz eu era. – encarou o prato vazio. – Eu trabalhava no que eu gostava, tinha grandes amigos, meu namoro com o Miguel era ótimo, eu saía com o Christopher pra beber toda quinta-feira, e na sexta nós levávamos a Mai junto. Todo domingo tinha almoço na casa dos meus pais, nós tocávamos violão e cantávamos regional mexicano. Era ótimo. Mesmo quando tinha problemas, era ótimo.

Dulce= Eu sinto muito. Não vou dizer que te entendo, porque acho que algo assim só entende quem já viveu, mas agora eu entendo melhor o lado do Christopher. Pra ser sincera, eu me vejo muito em você. Somos bem parecidas. – riu baixinho. – Eu sempre fiz isso também, sabe? Saía pra beber com a minha melhor amiga, com o meu namorado, pedíamos pizza no domingo... Enfim, coisas que ficaram pra trás. Quando eu conheci seu irmão... Sério, me pergunto até hoje como fomos ficar juntos, porque parte de nós não tinha nada a ver. – a cunhada riu. – Ele tinha horror a bebida, não gostava de balada, não dançava quando saíamos... Meu oposto!

Selena= Christopher? Não, ele não é assim. – séria. – Sempre gostou de beber. Não pra ficar caído pelos cantos, mas sempre tomou socialmente.

Dulce= Não mais. Não depois do seu acidente. – explicou. – Ele não toma mais e ainda briga com quem toma. Em julho do ano que vem fazemos dois anos juntos, e só agora, pouco antes de você acordar, é que ele começou a se soltar mais, a voltar a ser o cara que você está me descrevendo.

A Sósia - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora