Corte de sombras e sonhos

Capítulo 17: corte de rosas e sonhos

Emrys:

          Ao final de um longo dia extremamente corrido, sentindo a exaustão pesar sobre meus ombros encerro o trabalho e então cogito não ir ao Rosa Negra como de costume. Mas logo desisto da ideia, me lembrando de que prometi a Yeran que iria hoje.

             Eu sabia que o meu amigo precisava de mim nesse momento, já que a notícia de que sua irmã chegaria a Corte Primaveril logo no dia seguinte o havia pegado de surpresa.

            Nós ainda não havíamos conversado sobre a chegada de Emma, mas eu conhecia Yeran o suficiente para saber que esse era um assunto que o afetava.

           Então, assim como de costume, optei pela jaqueta de couro preta, a camisa branca por baixo e uma calça preta para ir ao Rosa negra. Algo mais descontraído que a túnica que normalmente uso para sair com o círculo íntimo.

              Chegando lá, ainda estava pensando na ideia de voltar para casa, mas logo desisti no segundo em que duas coisas chamam a minha atenção quando adentro o Rosa Negra: a primeira, Hope segurando Lysandra pela cintura que parecia a milésimos de matar alguém com Yeran rindo alto o suficiente para que eu deduzisse que ele era esse alguém. Uma cena que me fazia... sorrir com a familiaridade.

              E a segunda cena. Que ao contrário da primeira, fez o sorriso em meu rosto desaparecer por completo no momento em que meus olhos recaíram sobre as mãos de um feérico tocando a minha parceira. Sinto o sangue em minhas veias esquentar e quando me dou conta já estou...

— Meu amor, que bom que finalmente te encontrei. —minha voz sai rouca no instante em que passo os braços pelo ombro de Selena e observo, com muita alegria, o macho a nossa frente retirar a mão do seu braço — Desculpe o atraso.

Assim que acrescento, abaixando minha cabeça até a altura de seu pescoço, inspiro seu cheiro doce e planto um beijo ali. Um toque puramente territorial que eu vinha desejando fazer durante toda a semana que encarava Selena do outro lado da mesa de jantar, sem que eu pudesse fazer algo além de olhá-la.

Sinto meu cheiro mudar e não sinto vergonha alguma por isso, pois me permito aproveitar o momento em que escuto um ruído de surpresa vindo de minha parceira quando eu, enfim, puxo o lóbulo de sua orelha com meus lábios, observando sua pele reagir. Ah, eu certamente estava adorando isso.

— Senti sua falta. — sussurro me afastando de seu pescoço com toda força de vontade que me obrigo a reunir e olho em seus olhos.

Selena me observa com uma expressão entre o choque e a surpresa, e é necessária todo o esforço do mundo para desviar o olhar de seus lindos olhos azuis para, por fim, encarar o macho a nossa frente. Coloco minha mão no quadril de Selena e observo-o enrijecer o corpo.

— Grão-senhor. — o sujeito diz quase sem voz.

— Espero não estar interrompendo nada, vejo que já conheceu minha noiva.

— N-noiva... — ele gagueja.

Vejo ele empalidecer mais ao encarar Selena.

— Ouvi boatos de que iria se casar, não achei que... eu... eu sinto muito. Não quero incomoda-los, eu... eu já estava de saída. — concluiu, com arrependimento nos olhos.

Eu sorrio.

— Tenha uma boa noite. — murmuro gentilmente assistindo o macho sumir tão rápido que quase sinto vontade de rir.