Quatro.

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A viagem até o Pop Shake durou mais uns cinco minutos e, assim que entramos, nossos ouvidos foram preenchidos pelo burburinho de vozes conversando animadamente e pela música pop que saía dos alto-falantes. Pude perceber Castiel fazendo uma careta pelo som antes de seguir para uma mesa mais ao fundo, que ficava encostada na parede — de frente à grande janela que cobria todo o lado direito do local.

Eu conhecia bem o Pop Shake. Por ser o único lugar relativamente perto da Sweet Amoris — quinze minutos de caminhada, saindo do colégio —, era um ponto comum de encontro entre os alunos. Rosa e eu já havíamos vindo aqui inúmeras vezes junto com as meninas e Nathaniel depois de provas para poder conversar e comer alguma coisa.

A lanchonete era um lugar muito agradável, era baseada nas lanchonetes dos anos 80: os garçons serviam os clientes andando em patins de quatro rodas, usavam roupas quadriculadas e um chapeuzinho engraçado branco e vermelho; a decoração toda era em branco e vermelho e eles até tinham uma jukebox ao lado de uma mesa de pebolim. Haviam mesas mais para frente do estabelecimento com cadeiras normais, também nas cores vermelho e branco e, mais para dentro, havia mesas com dois bancos — que pareciam sofás — um de frente para o outro. Era em um desses que eu estava me espremendo até ficar ao lado da janela para que Alexy e Lysandre tivessem espaço para sentar.

Como não havia mais lugar, Castiel e Armin sentaram no banco de frente para nós três. Castiel de frente para mim, para ser mais exata. Não sei quando nem como mas só notei que o estava encarando quando o mesmo deu uma piscadinha e um sorriso debochado para mim e logo em seguida tirou o celular do bolso e começou a digitar alguma coisa enquanto eu, por minha vez, me limitei a olhar pela janela e não parecer muito envergonhada. Toda aquela situação era nova para mim: eu estava em uma lanchonete sozinha com quatro meninos que eu havia conhecido fazia literalmente alguns dias sem saber como puxar assunto ou não me sentir deslocada. A mesa não estava em total silêncio, claro, eles estavam conversando entre si, mas eu só conseguia brincar com as unhas e sorrir de vez em quando para Alexy, que tentava ao máximo me enturmar.

Ficamos nessa pelo o que pareceu uma eternidade — mas que na realidade não deve ter passado de alguns minutos — até que o sininho que fica na porta tocou, avisando que alguém havia entrado na lanchonete. Até aí tudo ia bem, Castiel havia chamado uma garçonete e feito o pedido do que queríamos comer e Armin conversava com Lysandre sobre a letra da próxima música que eles estavam escrevendo, mas foi então que eu ouvi uma inconfundível voz que eu já estava acostumada a ouvir fazia anos.

— Ah não. — murmurei baixinho, começando a escorregar sutilmente pelo banco no intuito de me esconder para que ela não me visse.

— O que foi? — Alexy perguntou do meu lado, percebendo o que eu estava fazendo, porém não tive tempo de responder pois a dona da tal voz agora falava ao lado da nossa mesa.

— Florence?

Fechei os olhos antes de me sentar normal e novo e forçar um sorriso em sua direção.

— Oi, Ambre. — cumprimentei sem nenhum entusiasmo. Ela estava acompanhada de suas duas amigas, Li Yang e Charlotte Wrey, e me encarava com um pouco de surpresa.

Comecei a me preparar psicologicamente para o insulto que ela jogaria na minha direção, como sempre fazia quando me via no colégio ou em qualquer lugar, mas me surpreendi com o tom doce e as palavras que saíram da sua boca no próximo segundo.

— Meu Deus menina, por quê não me avisou que estava vindo para o Pop Shake? A gente poderia ter marcado de se encontrar!

Franzi minha testa e a olhei desconfiada. O que diabos era isso?

3AM | Amor DoceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora