Cinco.

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Na manhã seguinte o primeiro som que ouvi foi o do maldito despertador; era uma Segunda-Feira e, infelizmente, eu precisava levantar para ir ao colégio. Incrível como mal se fazia um mês que as aulas haviam voltado e eu já estava exausta.

Grunhi enquanto me forçava a sair da cama e me dirigir até o banheiro para começar minha higiene matinal. Depois que os meninos me deixaram em casa ontem a noite, minha rotina voltou a ser monótona, como sempre foi — exceto pela minha mãe que não parava de me perguntar como tinha sido, se eles eram bonitos e coisas do tipo e pela mensagem que Rosalya me mandou com um exagerado número de emojis e letras em maiúsculo falando que havia chegado em casa e que a tarde com o Leigh tinha sido incrível e que ela me contaria mais detalhes na escola. Tirando isso, até consegui assistir episódios da série que havia começado na semana anterior — antes de ir ao show da 3AM —, o que resultou em uma noite mal dormida e olheiras enormes hoje. Nada que eu não estivesse acostumada, para ser honesta.

Me vesti como o usual: jeans, a blusa do uniforme, os tênis já gastos e meu moletom favorito. Olhei para o relógio que ficava em cima da mesinha de cabeceira enquanto amarrava os cadarços e notei que ainda não estava atrasada e que, pela primeira vez em dias, poderia tomar café em casa ao invés de sair comendo alguma coisa ou deixando para comer no almoço.

— Bom dia, dona Lucia! — cumprimentei minha mãe quando entrei na sala, jogando minha mochila no sofá e indo direto em direção à geladeira pegar um iogurte. Mamãe já estava de pé como de costume e esperava do lado da torradeira para poder pegar suas torradas.

— Bom dia, Flo. Cada dia se atrasando menos para o colégio, estou gostando de ver. — ela disse, rindo. Sei que ela não se incomodava quando eu saía em cima da hora mas fiquei feliz em a ver satisfeita comigo.

— Me sinto muito orgulhosa de mim mesma, obrigada. — falei, pegando uma colher e sentando na mesa. Minha mãe trabalhava junto com uma amiga em uma empresa de organização de eventos e festas, o que fazia com que ela tivesse que ir bem cedo para lá e ter um horário bem flexível do tipo de às vezes ter que viajar e só voltar para casa uma semana depois ou então só precisar ir em um turno. Tudo dependia dos clientes.

Hoje — contou enquanto trazia suas torradas à mesa e sentava de frente para mim — ela teria uma reunião com um cliente e provavelmente já estaria de volta pela tarde. Uma pequeno silêncio se seguiu antes que mamãe falasse de novo.

— Então, Flo, eu andei pensando... — ela começou, passando geleia na torrada e dando uma pequena mordida. Minha mãe nunca fora de comer muito. — Acho que está na hora de você arrumar um emprego.

A olhei por cima da colher cheia de iogurte que estava a caminho da minha boca.

— A gente está precisando de dinheiro? Porque você sabe que tem o dinheiro do vovô e da vovó e se precisar tirar um pouco do fundo da faculdade não tem...

— Não! Não é por isso. — mamãe se apressou a falar, balançando as mãos na minha frente. — Não é por isso, querida, as finanças estão indo bem. É só que você está crescendo e eu acho que você deveria ter seu próprio dinheiro, sabe?

Assenti com a cabeça, devagar. Ela tinha razão — eu sabia disso — e, como já mencionado, até havia pensado sobre conseguir um emprego para ajudá-la nas despesas da casa. O problema é que eu não era boa em absolutamente nada e nem tinha um currículo, quem iria me aceitar?

— Você tem razão. — disse, levantando da mesa para jogar o potinho vazio no lixo. — Hoje depois da aula vou ver se consigo pelo menos entrevista de emprego em algum lugar mas não garanto conseguir nada ainda, você sabe que eu sou meio desastrada.

3AM | Amor DoceWo Geschichten leben. Entdecke jetzt