Capítulo 09

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— Vamos, levanta daí! — Ordenou uma voz, pareceu tão interna que pensei ser coisa da minha cabeça.

A claridade fez meus olhos arderem, eu mal conseguia enxergar quem estava na porta. Senti mãos segurando em meus braços, não tive forças para reagir. Quando finalmente abri meus olhos vi Vicent, ele estava me carregando, me levando para fora daquele quarto após mais de uma semana presa.
Tentei me soltar, porém, ele me domava com facilidade.

— Para onde está me levando? — Perguntei.

— Não faça perguntas, canário.

Passamos pela porta onde ficava o quarto das meninas, depois pelo salão, estávamos indo para o escritório da May. O que eles fariam comigo agora? Terminariam o serviço, com certeza, e depois eu seria jogada no mesmo buraco que jogaram Amanda e Ethan. Ethan... diversas vezes eu o vi dentro daquele quarto imundo comigo, me dizendo que não morrera e que viria me salvar, porém, era um delírio, de certa forma foi menos doloroso.
Voltei a me debater, tentei por diversas vezes socar Vicent, mesmo sem comer há dias eu consegui acertá-lo encheio, bem no seu estômago e comecei a correr desesperadamente em uma linha reta até esbarrar em alguém, foi tão forte o baque que me fez cair no chão, já o homem pareceu apenas se assustar. Ele era alto, usava um terno de alta costura e óculos escuros, quase tão ameaçador quanto Vicent.
Sentei no chão me arrastando até a parede, não tinha para onde fugir, Vicent vinha de um lado e o homem de terno impedia minha passagem para o outro. Me encolhi ainda mais quando May apareceu com um sorriso amarelo no rosto.

— Me desculpem, ela é uma selvagem. — Pediu May.

Levantei do chão trêmula.

— Maria pode ir no lugar dela, Jade não é muito... sociável. — Disse May num tom de voz simpático, mas, em simultâneo, estérico.

O homem olhou para mim sem expressão alguma.

— Como disse, estou apenas para seguir as ordens do senhor Sebastian. — Indagou o homem alto. — Não posso levar outra, ele quer ela.

Franzi o cenho.

— Vão me matar? — Olho para os lados — Sobre o quê estão falando?!

May volta-se para mim, ela ainda usava curativo no nariz que eu bati.

— Jade, você vai embora com esse homem.

— O quê? — Meu coração dispara.

— Sebastian é um homem muito rico, cujo devo uma fortuna. Ele pediu você em troca. — Ela olha dos pés a cabeça — não sei porquê.

— Não pode fazer isso, May...

— Sim, posso. Agora você será problema dele, não meu.

Penso em correr novamente, mas Vicent estava bem atrás de mim com os braços cruzados esperando que eu movesse um músculo.

— Pegue seus pertences, nosso voo sai daqui há trinta minutos. — Diz o homem.

Saio em disparada mais uma vez, driblando Vicent e avançando pelos corredores, corro tão depressa que minhas pernas ardem, porém, freio bruscamente quando avisto Gisele. Fazia dias que eu não saía daquele quarto escuro, ela não morreu? Ela tava bem? Ela finalmente olha para mim, me lança um sorriso preocupado e der repente alguém me segura por trás, a cena toda pareceu em câmera lenta na minha cabeça. Sinto uma picada no meu braço e por apago olhando para ela, para seus olhos sofridos.

° ° °

Acordei sentindo como se uma manada de elefantes tivesse passado por cima de mim. Abri os olhos lentamente, pisquei algumas vezes e percebi que não estava no quarto sujo, muito pelo contrário, era em um quarto claro e tão claro que fez meus olhos arderem.
Pisquei algumas vezes e limpei os olhos.
Era real, não era sonho. Olhei ao redor, lençóis de seda na cor vermelha me cobriam em uma cama king com uma cabeceira acolchoada da mesma cor do lençol com detalhes pretos, do outro lado da cama tinha um vestido simples na cor azul.
Meu cenho franziu, onde eu estava?
Olhei para o lado, em cima da mesa de cabeceira ao lado da cama havia um envelope com o meu nome escrito em vermelho também, mas o ignorei e levantei.

Ao lado da cama haviam duas janelas grandes com vista para um rio, o clima era diferente, parecia frio. Do outro lado, na margem do rio tinha uma floresta de pinheiros, na Turquia não tinha aquele tipo de vegetação.
Foi quando me dei conta que eu não usava mais as roupas rasgadas que May me deu, vestia uma camisola branca também de seda. Coloquei os braços ao redor do corpo, alguém me vestiu enquanto eu apaguei?

— Não pode ser...

Olhei para porta, era de madeira maciça pivolane, porém estava trancada, não me assustei, May sempre fazia isso. Foi então que lembrei do que ela me disse, May me deu a um tal de Sebastian como troca. Provavelmente um daqueles velhos que ela me empurrava.
Suspiro me sentindo fraca.
Fui mandada para outro país, fui usada como moeda de troca.
Ouvi a porta sendo destrancada, corri de volta para a cama em busca de algo para me defender. Uma mulher usando uma saia lápis cinza e uma camisa branca com mangas bufantes entra, seu cabelo tinha uma mistura de mechas brancas, grisalhas e louro.

— Senhorita, Jade. — Ela franze o cenho. — Ainda não se vestiu?

— Q-quem é você?

— Sou Marília, sua governanta.

— Onde estou?

— Não posso responder quanto a isso, mas o senhor Sebastian lhe aguarda para responder qualquer dúvida sua.

Olho para os lados, não tinha nada para me defender ou como escapar.

— Quem trocou minha roupa?

— Eu mesma, senhora.

"Senhora"? A cada segundo tudo parece ainda mais estranho.

— Sinto muito pelas suas roupas antigas, tive que jogar fora, pois estava com diversos rasgos. Precisa de ajuda para vestir seu vestido? — Apontou para o vestido azul em cima da cama.

Balanço a cabeça.

— Preciso saber primeiro onde estou.

Ela olha-me dos pés a cabeça.

— Caso deseja vestir, sugiro que tome um banho antes. O banheiro é ali. — Apontou para uma porta a esquerda.

Olho para meus pés, eu ainda estava suja feito um porco. Nada novo. Mas não iria confiar nas palavras de uma estranha.

— Quero ver o tal Sebastian.

Ela não disse mais nada, saiu do quarto e eu a segui. Fora do quarto é ainda mais bonito, os corredores eram longos, todos numa cor marfim, me senti em um castelo com tantas escadas. Por fim, saímos no topo de uma escada que se dividia ao meio, no centro tinha um lustre enorme com diversos cristais.
No andar de baixo, um homem barbado conversava com uma garota que aparentava ter a minha idade, eles pararam a conversa para me observar, passei por eles sentindo minha respiração falhar. Todos os dois elegantes enquanto eu nem sandálias usava.
Caminhamos mais um pouco e finalmente chegando em frente a minha porta, Marília parou em frente e dando duas batidas na porta.

— Pode entrar. — Uma voz masculina ressoa.

Marília abre espaço para mim.

— Não vem comigo?

— Sebastian deseja falar a sós com a senhora.

Marília deu as costas e sumiu na esquina do corredor.
Respirei fundo e coloquei minha mão na maçaneta, estava na hora de descobrir quem era aquele homem e o que ele queria comigo.
Abri a porta, em todas as paredes haviam estantes com livros, atrás de uma mesa cheia de papéis tinha um homem de costas com as mãos para trás, ele não parecia ser velho, mas às vezes essas pessoas enganam.
Solto um pigarro.
Quando ele me vira o nó na minha garganta aumenta, era ele.

— Heitor?

— Jade. — Seus lábios encolhem para um lado formado um sorriso. — Quanto tempo.

Perverso Where stories live. Discover now