Capítulo 51

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No dia seguinte fui prestar depoimento na respeito do Martíni e descobri que o Sebastian também assumiu a culpa pela morte do Omar, tive esperanças de ver o Sebastian, porém não pude. Isso é o que mais machuca em toda essa situação.
Os agentes foram buscar Marília dois dias depois, ela acreditava que eu havia morrido, mas hoje seria nosso reencontro e o momento em que deixaríamos tudo às claras. Estava ansiosa para ver um rosto familiar e alguém que pudesse confiar.
Ethan disse que no dia seguinte teríamos que fazer algumas mudanças no nosso visual e receber nossos novos documentos, durante esse tempo fiquei em um hotel modesto, pago pelo FBI. Ethan dormia aqui, mas em cama separada.
A cada passo que dava me sentia ainda mais ansiosa.

Vi o momento em que um carro preto parou em frente ao prédio, por conta da faixada não pude ver quem havia saído de dentro.
Sentei no sofá sentindo meu coração palpitar.
Ouvi passos no corredor e por fim a porta do meu quarto ser destrancada, um dos agentes trazia Marília junto consigo, fiquei algum tempo apenas observando seu olhar curioso, pude ver a sua clera avermelhada e os cabelos ainda mais brancos de preocupação.
Não hesitei, corri para seus braços, Marília a princípio ficou parada absolvendo tudo o que estava acontecendo.

— Meu deus, estou sonhando? Você realmente está viva? — Perguntou ela, assustada.

— Em carne e osso.

— Pelos céus! — Ela me abraça com força. — Minha menina, você está aqui.

Não controlei minhas lágrimas, estava com saudades de seu rosto maduro e o cheiro de eucalipto que ela exalava. Marília também não segurou as lágrimas, posso jurar ter visto seus olhos cintilando.
Larguei de seus braços, olhando para o agente que esperava eu contar a notícia.

— Como isso pode ter acontecido? — Perguntou ela com uma entoação de felicidade.

— É uma longa história, mas eu prometo que teremos tempo para conversar sobre. Antes de tudo, gostaria de avisá-la algo. — Ela franze o cenho. — Entrei para o programa de proteção a testemunhas, e agora você também.

Ela arregalou os olhos, com os lábios semiabertos.

— Mas claro, preciso que você esteja a favor disto.

— Você sempre é uma caixinha de surpresas. — A expressão de espanto sumiu de seu rosto — mas é claro que estou, já disse certa vez que não a abandonaria e continuo com essa promessa.

Volto a abraçá-la.

— Ah, Marília, senti tanto sua falta.

Contei a Marília tudo o que passei nos últimos dias, quando mencionei sobre Sebastian e Martíni pude ver preocupação em seus olhos.

— Não consigo imaginar o quão doloroso esteja sendo para ele, Sebastian teve que enfrentar algo muito difícil do seu passado. — Marília diz.

— Foi terrível.

Relembro de ver sua mão tremendo ao pegar no revólver e como ele acabou com todas as munições deixando o rosto do Martíni irreconhecível, suas roupas com gotículas de sangue.
Meu estômago revira.

— Os empregados foram demitidos, aparentemente todos da família estão atordoados. — Ela me tira do meu devaneio.

— Sinto em não poder nem me despedir de Amélia.

Ela segura minhas mãos.

— É por algo que está além do seu controle, não se culpe por isso. — Os cantos de seus lábios se contraem. — Fico feliz que esteja bem, fiquei tão preocupada. Você é quase uma filha para mim.

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