Capítulo 6:

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Acordei suando frio, com o coração batendo violentamente. Estava deitado na cama da suíte principal, ofegante, arrancado à força do sono profundo.

— Sai de cima de mim!

Harry. Deus do céu.

— Não encosta em mim, porra!

Chutei as cobertas, desci da cama e saí correndo pelo corredor até o quarto de hóspedes. Procurei desesperadamente pelo interruptor, passando a mão pela parede. A luz tomou conta do quarto, e revelou Harry se debatendo na cama, com as pernas emaranhadas com a roupa de cama.

— Não faz isso. Ah, meu Deus...— Ele arqueou as costas para cima, agarrado aos lençóis. — Está doendo!

— Harry!  — Ele teve um sobressalto violento. Fui correndo até a beira da cama, com o coração apertado por vê-lo daquela maneira, todo vermelho e coberto de suor. Eu pus a mão sobre seu peito.

— Não encosta em mim, porra!  —  ele esbravejou, agarrando meu pulso com tanta força que eu gritei de dor. Seus olhos, apesar de abertos, pareciam perdidos, ainda imersos no pesadelo. — Harry!  — Eu lutava para me soltar. Ele se sentou na cama de repente, com a respiração ofegante e os olhos arregalados.

— Matthew.  — Soltando minha mão como se o contato com minha pele o tivesse queimado, ele tirou os cabelos ensopados do rosto e pulou da cama. — Minha nossa, Matthew... Eu machuquei você?

Agarrei o pulso com a outra mão e sacudi a cabeça.

— Eu quero ver  — ele falou com a voz embargada, estendendo as mãos trêmulas na minha direção. Deixei meus braços caírem sobre o corpo e fui até ele, abraçando-o com a maior força de que era capaz, pressionando o rosto contra seu peito suado. — Meu anjo.  — Ele cedeu ao meu abraço, todo trêmulo. — Me desculpa.

— Chega, amor. Está tudo bem.

— Me abraça  — ele sussurrou, e nós nos deitamos no chão. — E não me solta nunca mais.

— Nunca mais  — eu prometi com os lábios grudados à sua pele. — Nunca mais. 

Tomei uma chuveirada e entrei na banheira triangular com Harry. Sentado atrás dele no degrau mais alto, lavei seus cabelos e passei as mãos ensaboadas por seu peito e suas costas, lavando o suor gelado do pesadelo. A água quente contra a pele o fez parar de tremer, mas nada era capaz de mudar a expressão de desolação em seus olhos.

— Você já contou a alguém sobre os seus pesadelos?  — eu perguntei, apertando a esponja de banho e deixando a água quente escorrer sobre seu ombro.

Ele sacudiu a cabeça.

— Pois já está na hora  — eu disse baixinho. — E eu sou seu namorado.

Ele demorou um bocado para começar a falar.

— Matthew, quando você tem pesadelos... eles são uma repetição de fatos que aconteceram de verdade? Ou a sua mente muda tudo? Mistura tudo?

— Na maioria das vezes são lembranças. Reconstituições realistas. Os seus não?

— Às vezes. Mas às vezes são diferentes. Ficção.

Fiquei pensando por um minuto, e desejei ter o treinamento e o conhecimento necessário para poder ser útil de verdade. No entanto, eu só podia escutá-lo e amá-lo. Esperava que isso bastasse, porque seus pesadelos estavam acabando comigo, e com ele também.

— Diferentes em que sentido? Melhor ou pior?

— Eu consigo reagir  — ele contou. — E ainda assim ele consegue machucar você?

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaWhere stories live. Discover now