Capítulo 19

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O local escolhido por Harry era paradisíaco. O piloto nos conduziu até as Ilhas de Barlavento, voando baixo sobre as águas absurdamente azuis do mar do Caribe pousou em um aeroclube privado não muito longe de nosso destino final, o resort Shumwinds. Ainda estávamos meio abalados quando o avião aterrissou. Afinal, Harry havia tido o maior orgasmo da sua vida. Quando nossos passaportes foram carimbados, ainda estávamos com os cabelos molhados e nos mantínhamos de mãos dadas. Mal abríamos a boca para falar, tanto entre nós como com os demais. Acho que ainda estávamos nos sentindo muito expostos. Entramos na limusine que estava à nossa espera, e Harry se serviu de uma bebida. Seu rosto não revelava nenhum sentimento. Suas barreiras estavam todas erguidas, impenetráveis. Sacudi a cabeça quando ele ergueu o copo de cristal, perguntando, sem dizer nada, se eu também queria alguma coisa. Ele se sentou ao meu lado e passou o braço por sobre os meus ombros. Eu me debrucei sobre ele, pondo as pernas em cima do seu colo. 

— Está tudo bem?

 Ele me deu um beijo na testa. 

— Sim.

 — Eu te amo.

 — Eu sei. — Ele virou a bebida e pôs o recipiente vazio no porta-copos. 

Não dissemos mais nada no caminho do aeroclube até o resort. Já estava escuro quando chegamos, mas o saguão a céu aberto era bem iluminado. Decorado com plantas belíssimas e com acabamento em madeira escura e cerâmica, o balcão recebia os hóspedes com uma mistura de elegância e rusticidade. O gerente do hotel estava à nossa espera na área circular de desembarque quando chegamos, com uma aparência impecável e um sorriso aberto. Ele estava claramente empolgado por receber Harry ali, e pareceu ainda mais satisfeito ao descobrir que ele sabia seu nome — Claude. 

Claude falava animadamente, e nós o seguíamos de mãos dadas, sem nos soltar nem por um segundo. Olhando para Harry, ninguém diria que havíamos compartilhado um momento de tanta intimidade apenas uma hora antes. Meus cabelos depois de secos estavam desarrumados, enquanto os dele permaneciam impecáveis. Seu terno estava passado e alinhado, enquanto o meu terno já mostrava o desgaste de um dia inteiro de uso. Eu estava pálido e com olheiras. Ainda assim, pela maneira como me conduziu ao interior da nossa suíte, pondo a mão na parte inferior das minhas costas, Harry deixou bem claro seu temperamento possessivo. Ele fazia com que eu me sentisse seguro e desejado, apesar de sua postura distante e profissional diante do gerente.

Era uma das coisas que eu mais adorava nele. Só queria que ele não estivesse tão quieto. Aquilo estava me deixando preocupado, me fazendo questionar a decisão de ter insistido mesmo depois de ele ter pedido mais de uma vez para que eu parasse. Quem era eu para dizer do que ele precisava para superar seus traumas? Enquanto o gerente continuava a falar com Harry, fui andando pela enorme sala da suíte, com sua varanda imensa e seus sofás brancos espalhados pelo piso de bambu. O quarto principal era igualmente impressionante, com uma cama espaçosa coberta por um mosquiteiro e uma varanda que dava para uma piscina privativa que parecia se juntar à imensidão do mar logo à frente. Uma brisa leve soprava da praia, beijando meu rosto e se espalhando pelos meus cabelos. A lua recém-surgida se refletia no oceano, e o som das risadas distantes e do reggae fez com que eu me sentisse isolado, e não de uma maneira agradável. Nada parecia bom quando Harry não estava bem. 

— Gostou? — ele perguntou baixinho. 

Eu me virei para olhá-lo e ouvi o som da porta se fechando à distância. 

— É maravilhoso.

 Ele acenou com a cabeça. 

— Pedi para servirem o jantar aqui mesmo. Tilápia, arroz, frutas frescas e queijo.

 — Que ótimo. Estou morrendo de fome.

 — Tem roupas pra você no armário e nas gavetas. E sungas também, mas a piscina e a praia são privativas, então você só precisa usar se quiser. Se estiver faltando alguma coisa, é só me dizer que eu providencio.

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin