Capítulo 11:

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Segunda-feira de manhã. Hora de ir para o trabalho. Sem notícias do meu pai, comecei a me arrumar. Estava escolhendo uma roupa no closet quando ouvi uma batida na porta do quarto.

— Entra  —  eu gritei.

Um instante depois, Dom deu um berro:

— Onde é que você está?

— Aqui no fundo.

Sua silhueta preencheu a porta de entrada.

— Alguma notícia do seu pai?

Eu me virei para ele.

— Ainda não. Mandei uma mensagem, mas ele não respondeu.

— Então ainda deve estar no avião.

— Ou então perdeu uma conexão. Quem sabe? — Olhei para as minhas roupas com uma cara de interrogação.

— Espera aí.  — Ele entrou, passou por mim, pegou uma calça de linho cinza e uma camisa de manga curta preta.

— Obrigada.  — Aproveitando que ele estava por perto, eu o abracei. Ele retribuiu com tanta força que fiquei sem fôlego. Surpreso por sua demonstração de carinho, fiquei agarrado a ele por um bom tempo, com o rosto grudado em sua camiseta. Pela primeira vez em vários dias, Dom estava totalmente vestido e, apesar de usar apenas jeans e uma camiseta, transmitia a impressão de um visual elegante e sofisticado.

— Está tudo bem?  —  eu perguntei.

— Estava com saudade de você, gato  —  ele murmurou com a boca colada aos meus cabelos.

— Eu não queria que você ficasse enjoado de mim.  — Tentei fingir que era uma provocação bem-humorada, mas o tom de voz dele havia me deixado preocupado. Não tinha nem um pouco da vivacidade de sempre.  — Vou pro trabalho de táxi hoje, então ainda tenho um tempinho. Vamos tomar um café?

— Vamos lá.  — Ele me soltou e sorriu para mim, revelando seu belo rosto de menino. Dom me pegou pela mão e me levou para fora do closet. Deixei as roupas esticadas sobre uma poltrona antes de irmos para a cozinha. — Você vai sair?  —  eu perguntei.

— Tenho uma sessão de fotos hoje.

— Ora, que ótima notícia!  — Fui até a cafeteira e ele foi pegar o leite na geladeira.  — Me parece um bom motivo pra abrir mais uma garrafa de Cristal.

— Sem chance  —  ele esbravejou.  — Não no meio dessa confusão com o seu pai.

— E o que mais a gente pode fazer? Ficar todo mundo sentado olhando um pro outro? O que passou, passou. Nick está morto e, mesmo que não estivesse, nada pode mudar o que ele fez comigo.  — Ofereci uma caneca fumegante para ele e enchi outra para mim.  — A minha vontade é pôr uma pedra sobre esse assunto e nunca mais voltar a tocar nele.

— Pra você é coisa do passado.  — Ele pôs o leite na minha caneca e me devolveu.  — Mas pro seu pai ainda é novidade. Ele vai querer conversar a respeito.

— Eu não vou falar sobre isso com ele. Não vou conversar sobre esse assunto nunca mais.

— Ele pode não aceitar isso tão bem.

Eu me virei e o encarei, me inclinando sobre o balcão com a caneca entre as mãos.

— Ele só quer ver se eu estou bem. E esse assunto não diz respeito a ele, e sim a mim. E eu estou seguindo em frente. E estou me saindo muito bem, aliás.

Ele mexeu o café com a colher, com uma expressão pensativa no rosto.

— Pois é, está mesmo  —  ele respondeu depois de alguns segundos de hesitação.  — Você vai contar pra ele sobre o seu namorado misterioso?

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaWhere stories live. Discover now