Capítulo 16

101 12 17
                                    


Parado diante da porta giratória do Shumfire, Harry me olhava com tamanha intensidade que eu estremeci todo. Desculpa, eu falei silenciosamente para ele, sabendo como eu me sentiria caso Charlotte tivesse conseguido beijá-lo dias antes no saguão. 

— Oi —  Brett falou, concentrado demais em mim para prestar atenção no homem parado com os pulsos e os dentes cerrados atrás dele. 

— Olá.  — Eu podia sentir o olhar de Harry sobre mim, e tive que segurar a vontade de ir embora com ele. 

— Vamos lá?  — Sem esperar pela resposta dos dois, abri a porta da limusine e entrei. Assim que encostei a bunda no assento, saquei o celular clandestino da bolsa e mandei uma mensagem para Harry: 

Eu te amo. 

Brett se acomodou ao meu lado, e Dom entrou em seguida. 

— Eu ando te vendo estampado por toda parte, cara  —  disse Brett para Dom. 

— Pois é.  — Dom abriu um meio-sorriso para mim. Ele estava lindo com seu jeans rasgado e sua camiseta de grife, com braceletes nos pulsos que combinavam com as botas de couro. 

— O restante da banda também veio?  —  eu perguntei. 

— Sim, está todo mundo aqui.  — Brett abriu seu sorriso encantador para mim mais uma vez.  — Darrin capotou assim que chegamos no hotel.

 — Não sei como ele consegue ficar tantas horas tocando bateria. Eu me canso só de olhar.

 — Quando estar no palco é o que a pessoa mais gosta de fazer na vida, arrumar energia pra tocar nunca é problema.

 — E Erik, como vai? —  Dom perguntou com um interesse deliberado, o que me fez desconfiar — mais uma vez — que ele e o baixista da banda já haviam tido alguma coisa. Até onde eu sabia, Erik era hétero, mas alguns sinais aqui e ali sugeriam que ele pode ter tido algumas experiências com meu melhor amigo. 

— Erik teve que ir resolver uns problemas que surgiram na turnê —  respondeu Brett. — E Lance foi se encontrar com uma garota que conheceu na última vez em que tocamos em Nova York. Mas vai estar todo mundo no lançamento.

 — Essa vida de astros do rock... —  eu provoquei. 

Brett encolheu os ombros e sorriu. Olhei para o outro lado, arrependido da decisão de ter convidado Dom. Por causa da presença dele, eu não podia dizer para Brett tudo o que queria — que estava apaixonado por outro e não havia futuro para nós. Um relacionamento com Brett seria bem diferente do que o que eu tinha com Harry. Eu ficaria muito tempo sozinho enquanto ele estivesse viajando com a banda. Poderia fazer um monte de coisas que gostaria de fazer antes de casar — morar sozinho e me bancar sem qualquer ajuda, e ter mais tempo para mim e para os amigos. Era meio que o melhor de dois mundos: ter um namorado e ainda poder preservar minha individualidade. Mas, apesar de estar apreensivo em relação a assumir um compromisso sério logo depois de sair da faculdade, eu não tinha dúvida de que Harry era o homem com quem queria estar. A única coisa que não estava batendo era o timing — eu achava que não tínhamos motivos para tanta pressa, e ele não via motivo para esperar. 

— Chegamos —  disse Brett, olhando para a multidão pela janela. Apesar do calor intenso, a Times Square estava lotada como sempre. A escadaria vermelha na Du Square estava tomada de gente tirando fotos, e o fluxo de pedestres nas calçadas era incessante. Os policiais vigiavam as esquinas, sempre de olho aberto. Os artistas de rua convidavam o público a assistir a suas performances, e o cheiro que emanava dos carrinhos de comida competia com o odor não tão agradável da própria rua. Painéis eletrônicos gigantescos acoplados nas laterais dos edifícios brigavam pela atenção dos passantes, inclusive com uma imagem de Dominic com uma modelo o abraçando por trás. Cinegrafistas e operadores de microfone se aglomeravam em torno de um telão montado sobre um palco diante de uma arquibancada provisória. Brett foi o primeiro a descer da limusine, saudado pelos gritos exaltados do público — composto em sua maioria de mulheres. Ele abriu seu sorriso irresistível, acenou e estendeu a mão para me ajudar a descer. Minha recepção foi bem menos calorosa, principalmente depois de Brett me abraçar pela cintura. Dominic, por sua vez, causou burburinho. Quando tirou os óculos escuros, provocou uma nova onda de gritinhos e assobios. Fiquei um tanto perdido no meio daquela balbúrdia, mas logo recuperei o foco quando vi Christopher Vidal Jr. conversando com o apresentador de um programa de fofocas. O irmão de Harry estava vestido mais formalmente, de camisa, gravata e calça azul-marinho. O brilho de seus cabelos castanhos chamava a atenção mesmo imerso nas sombras dos edifícios ao redor. Ele acenou para mim quando me viu, atraindo também a atenção da moça da TV . Eu retribuí o cumprimento de longe. O restante da banda estava na frente das arquibancadas, claramente satisfeito com a presença de tantos fãs. Eu olhei para Brett. 

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaWhere stories live. Discover now