Capítulo 9:

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— E com esse, qual era o problema?  — Megumi perguntou, olhando para o cara em questão que se afastava.   — Ele tinha covinhas.

Revirei os olhos e esvaziei o meu copo de vodca com suco de cranberry. A quarta parada da nossa peregrinação pelos clubes noturnos, um lugar chamado Primal, estava bombando. A fila para entrar dava a volta no quarteirão, e o som que tocava lá dentro fazia jus ao nome do local, um rock pesado rugindo em um espaço escuro com seu ritmo primitivo e sedutor. A decoração era uma mistura eclética de metais polidos e madeiras escuras, com luzes em diversas tonalidades criando texturas de pele de animais. Parecia meio exagerado, mas, assim como tudo o que dizia respeito a Harry, conseguia chegar ao limite sem nunca ser ridículo. A atmosfera era de puro prazer, e elevou minha libido atiçada pelo álcool à loucura. Eu não conseguia ficar sentado, batia os sapatos inquietamente nos pés da cadeira. Lacey, a colega de apartamento de Megumi, com seus cabelos loiros repicados em um lindo penteado, lançou o olhar para o teto e gritou:

— Por que você não fala com ele?

— Eu devia falar  —  disse Megumi, toda vermelha, com os olhos brilhando e gostosíssima em seu vestidinho dourado.   — Pode ser que ele não tenha medo de compromisso.

— Por que você quer tanto um compromisso?  — perguntou Alisha, finalizando uma bebida do mesmo tom de vermelho vivo dos seus cabelos.   — Por causa da monogamia?

— A monogamia é uma coisa superestimada.  — Lacey se levantou de um dos banquinhos que cercavam nossa mesa alta e alisou a parte de trás da calça, fazendo as pedrinhas de seus jeans brilharem na semipenumbra da casa noturna.

— Não é, não  — rebateu Megumi.  — Eu sou partidária da monogamia.

— Michael continua dormindo com outras?  —  eu perguntei, me inclinando para a frente para não ter de gritar. Tive que me inclinar de volta para trás para dar espaço à garçonete, que estava trazendo mais uma rodada e retirando os copos vazios. O uniforme das funcionárias, com botas de salto alto e vestidinhos rosa-choque, fazia com que elas se destacassem na multidão, facilitando sua localização. E era também muito sexy,  assim como as meninas que o vestiam. Será que Harry tinha escolhido pessoalmente aquela roupa? Quem teria sido a modelo quando ele aprovou o modelito?

— Não sei.  — Megumi pegou a bebida e bebeu pelo canudinho com uma expressão de desânimo.   — Tenho medo de perguntar.

Pegando um dos copos em cima da mesa e uma fatia de limão, eu gritei:

— Vamos virar tudo isso logo e ir dançar!

— É isso aí!  — Alisha virou sua dose de Patrón sem esperar pelo restante de nós, e depois enfiou o limão na boca. Jogando o bagaço de volta no copo, ela olhou para cada uma de nós.  — Vamos lá, seus molengas.

Depois foi a minha vez, estremecendo ao sentir a tequila lavar o sabor de cranberry da minha língua. Lacey e Megumi beberam ao mesmo tempo, gritando Kanpai! antes de virarem seus copos. Chegamos juntos à pista de dança, com Alisha liderando o caminho com seu vestido azul, que brilhava quase tanto quanto o uniforme das garçonetes sob a luz negra da casa. Fomos absorvidos pela aglomeração de silhuetas dançantes, e logo nos vimos envolvidos por uma multidão de corpos masculinos suados. Eu me deixei levar pela batida cativante da música e pela atmosfera sensual da pista lotada. Joguei os braços para o alto e comecei a dançar, liberando toda a tensão da longa e inutífera discussão com a minha mãe naquela tarde. Em algum momento, minha confiança nela havia se perdido. Quando ela garantiu que as coisas seriam diferentes sem a sombra ameaçadora de Nick, não consegui acreditar. Ela já tinha ultrapassado os limites do aceitável tantas vezes que sua promessa me pareceu vazia.

Para Sempre Seu - Shumdario - 3 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora