• dois •

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"Quem comanda o mundo? Garotas!" - Song Run The World (girls).

- Noah Urrea -

- bom dia, galera - Vicente, o professor disse animado.

- hoje nossa aula será um pouco diferente, faremos uma espécie de debate. Creio que será interessante - retirou seu material da bolsa.

- a terceira guerra mundial vem - Krys falou me olhando de rabo de olho e revirei os olhos.

Sentada na carteira no meio da sala, estava Gabrielly. Postura impecável.

Já eu estou no fundo, na penúltima cadeira da fileira do canto. Sentado de forma desleixada.

Logo Vicente começou a falar sobre a participação da mulher na sociedade.

- o fato de uma mulher utilizar batom vermelho, maquiagem forte não a destaca como prostituta, isso é algo arcaico além de bem machista - rebateu Gabrielly ao comentário de Bailey.

- ainda acho que as mulheres tem que ser recatadas e do lar. Como era antigamente - falou Bailey que apesar de meu amigo, tinha pensamentos um tanto idiotas.

Observei a garota virar o corpo para trás de forma calma, e o encarar com desdém.

- batom vermelho foi um símbolo de empoderamento na marcha sufragista em Nova York em 1912, pelo direito das mulheres ao voto - falou certeira.

- antigamente mulheres não eram recatadas e do lar. Eram objetos sexuais, além de ser propriedades do marido. Sendo sujeitas a estupros, não tendo direto de mandar na própria vida, entre outras. Se, ser prostituta é ter liberdade. Eu sou - finalizou e mantive minha total atenção em suas palavras.

-oh porra, ainda dá tempo de preparar a pipoca? - indagou Krys fazendo a turma rir.

- Krys, olha o palavreado - disse Vicente - alguém concorda ou discorda da Any? - indagou olhando a turma de forma curiosa.

- concordo com a colocação, mas acho que minha querida colega nutri um ódio para com todos os homens - falei com a mão erguida a encarando.

Mesmo concordando com ela, não perderia a oportunidade de alfinetar.

- é milagre, Jacob e Gabrielly concordando? - disse Sav e sorriu o professor.

Até porque minha interação com Any em sala de aula, parece um campo de guerra. Digamos que temos opiniões muito polêmicas e opostas.

- todos não, apenas aqueles que acham que o mundo giram ao seu redor, são egocêntricos e idiotas - falou simples.

- então, você odeia Sr.Darcy de orgulho e preconceito? - fiz menção a meu livro favorito.

- boa, Noah. Inclusive, iremos trabalhar em cima dessa obra - informou o professor.

- ele foi bem babaca com Elisabeth, mas ela é o que eu chamo de bem resolvida. Ao invés de ficar nos pés dele, mendigando uma dança idiota. Apenas o deixou de lado, ela sabia que não precisava de sua aprovação - falou me olhando.

- isso que fez ele se apaixonar por ela, seu posicionamento - ergui as sobrancelhas.

- claro. Depois de sentir que não era o centro do mundo e ter o ego pisoteado. Encontrou alguém que batia de frente, a sua altura - sorriu exibindo o maldito sorriso alinhado, branco. Perfeito e convencido.

- tá jantando cedo em, Gaby - disse Lamar.

- você diz isso mas, sei que tem uma queda por caras com o jeito dele, no off - soltei uma piscadela rindo presunçoso e vi por segundos ela ficar chocada. Mas logo retomou sua postura.

- nunca, Jacob, nunca. Homens como aquele me lembram você, e eu não me apaixonaria por você - disse ofendida e sorri por consegui provocar ela.

° ° °


Já era umas 15:00, me arrumei e fui pra escola.

- alguém morreu? O que faz aqui? - indagou Any assim que se despediu de alguns alunos do 2° e 3° ano B.

- temos trabalho pra fazer - falei óbvio.

- ok, a coisa ficou séria. Jacob você nem liga pra escola. Sua sorte é que não é tão burro - falou sarcástica.

- ha ha ha, tão amável - ri sem humor e ela revirou os olhos.

Começamos a pesquisar sobre nosso tema e fazer algumas anotações. Any fingia que eu era só mais uma estante da biblioteca.

- oh chaminé, quer carona? - indaguei e ela me mostrou o dedo do meio.

A mesma estava num ponto de ônibus, com o uniformes todos molhado e com seu inseparável cigarro.

- não quero caridade, Urrea. Tô esperando meu pai vir me buscar - soltou a fumaça pela boca.

- desde as 16:00? Já são 17:55, a chuva não vai passar tão cedo. E se minha mãe souber que não te dei carona vai me esfolar vivo - falei.

Ela revirou os olhos, jogou o cigarro no chão e entrou no carro.Todo o trajeto que era um tanto longo, ela se manteve como sempre, seu rosto carregava a expressão séria e impassível, silenciosa, cara de sono e olhos com aspecto cansado.

Por vezes me perguntei o motivo dela ser assim.

- Nota da autora: deixem a estrelinha e comentem✨



𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤 || 𝐍𝐨𝐚𝐧𝐲Where stories live. Discover now